Quadrinho Little Nemo mostra menino voando sobre um cavalo

'Little Nemo', de Winson McCay, levou 118 anos para estrear no Brasil

Editora Figura/reprodução

Demorou exatos 25 anos para que os leitores brasileiros tivessem a chance de ler novamente “The Spirit”, um dos clássicos mais importantes dos quadrinhos em todos os tempos. Criado por Will Eisner em 1940, o título pouco apareceu no país ao longo dos anos – a última vez foi em 1997.

Agora, a editora JBraga lança a edição de aniversário de 80 anos de Spirit, com pequenos contos. Com o avanço do mercado de quadrinhos nos últimos anos, as editoras têm investido mais em clássicos do gênero. Se antes a leitura de HQs se resumia a super-heróis, hoje esse nicho busca um conteúdo cada vez mais diversificado.

“A fama do personagem, a empatia que temos por ele, o acreditar no seu potencial e o respeito à obra do autor original determinam as escolhas do que vamos lançar”, conta José Braga, criador da JBraga.

Nemo e os sonhos

Uma das editoras que mais vêm investindo nesse tipo de material é a Figura, que lançou edições especiais do italiano Sergio Toppi. Agora, ela traz ao Brasil o material mais antigo do catálogo: “Little Nemo”, clássico das tiras dominicais nos Estados Unidos.

Criada por Winsor McCay, a obra é considerada um dos maiores expoentes dos quadrinhos. Publicada pela primeira vez em 1905, fala do pequeno Nemo vivendo aventuras no mundo dos sonhos.

“Contatamos várias editoras até conseguirmos, com uma espanhola, o material de melhor qualidade. Ainda assim, fizemos o trabalho de adaptação e melhoria de cores”, afirma Rodrigo Rosa, editor da Figura.

O primeiro de dois volumes foi o único publicado até o momento e reúne as tiras até 1909. A ideia é lançar as produções até 1914, época considerada a mais clássica do personagem.
 
“Little Nemo”, que estreia agora no Brasil, já foi tema de uma música do grupo de rock progressivo Genesis (“Scenes from a night's dream”) e, recentemente, serviu de base para o filme da “Terra dos sonhos”, com Jason Momoa, produção da Netflix.
 
Quadrinho Krazy Krat mostra ratinho lançando objeto quadrado sobre o personagem principal

Charles Chaplin era fã de 'Krazy Kat', tira lançada em 1916

Skript/reprodução
 

No fim do ano passado, a editora Skript publicou “Krazy Kat”, outro clássico das tiras dominicais. Criada por George Herriman em 1913, é protagonizada por um personagem de gênero indefinido, um rato e um cão.

A Skript está lançando edições baseadas no trabalho da editora americana Fantagraphics. A primeira publicação abarca tiras de 1916 até 1918.
 
“Quando lançamos a campanha de financiamento coletivo, muita gente não acreditou, mas o público mostrou que estava interessado nesse tipo de publicação mais clássica”, comenta o editor Diego Moreau.

O personagem é considerado uma das grandes fontes para a criação do Mickey, de Walt Disney.  E era leitura frequente do ator e diretor Charles Chaplin.
 

Gato inglês

A editora Pipoca & Nanquim lançou “Maxwell, o gato mágico”, personagem das tiras do início da carreira do britânico Alan Moore. Os editores, após finalizarem o contrato de publicação, perceberam que não tinham os materiais, e começaram a buscá-lo com outros licenciantes pelo mundo e com fãs.

“É material mais difícil do que o habitual, no sentido de não ter uma fonte para servir de referência. Mas, por outro lado, temos autonomia para lançar a edição única, da exata maneira como vislumbramos”, afirma o editor Alexandre Callari.