Eduardo Hazan executa música ao piano

Eduardo Hazan criou e ajudou a manter a Fundação de Educação Artística, que comemora seus 60 anos em 2023

Paulo Lacerda/divulgação


Pode-se dizer que existem dois Eduardo Hazan: um antes da internet e outro depois. O pianista, diplomado pela Academia de Música de Viena e sócio-fundador da Fundação de Educação Artística de Belo Horizonte (FEA), quando não está ensaiando, passa os dias salvando vídeos de interpretações de peças clássicas em seu computador. “Devo ter uns 5 ou 6 mil vídeos salvos. A maioria de piano, que é o meu foco”, comenta.

Depois que descobriu o YouTube, ele diz que melhorou muito sua forma de tocar e a maneira de conceber obras. Além de contar com nova ferramenta para auxiliar seu método de ensino.

“Digo para os meus alunos entrarem lá e pesquisarem, porque você consegue ter aulas grátis com (Vladimir) Horowitz e (Arthur) Rubinstein, é uma coisa fantástica. Isso não existia no meu tempo de jovem. Mal, mal, a gente ouvia a si próprio tocando, o que é quantidade absolutamente insuficiente. Era o que tínhamos na época”, afirma, citando dois grandes pianistas clássicos do mundo moderno.

Aos 86 anos, Hazan será o homenageado da segunda edição da série “Manhãs musicais” que será realizada neste domingo (4/6), na Sala Sérgio Magnani. O concerto marca a programação comemorativa de 60 anos da FEA.

O programa conta com as peças “Sonata para violino e piano em lá maior”, de César Franck (1822-1890); “Bucolics, para viola e violoncelo”, de Witold Lutoslawski (1913-1994); e “Quarteto para piano e cordas em sol menor K.478”, de Mozart.

Revezamento

Na primeira, Hazan se apresenta com o violinista Rommel Fernandes. Em seguida, eles saem de cena para o violoncelista Robson Fonseca e o violista Gerry Varona interpretarem a peça de Lutoslawski. Por fim, a dupla Hazan e Fernandes volta para apresentar, com Varona e Fonseca, a sonata de Mozart.
 
Varona entrou para o quarteto nos últimos minutos do segundo tempo. Inicialmente, o violista era João Carlos Ferreira. Contudo, problemas de saúde o levaram a cancelar sua participação no concerto.

“Com a franqueza que sempre me caracterizou, acho que o conjunto de câmara, para fazer um trabalho absolutamente irretocável, se é que isso existe, precisaria de seis meses de trabalho contínuo. Esse tempo é necessário para que haja entrosamento absolutamente total. Mas para os poucos ensaios que conseguimos fazer, o resultado foi muito agradável. Me senti muito bem com a turma”, revela Hazan.

Com seis discos lançados e inúmeros concertos ao redor do mundo – Hazan já se apresentou para importantes nomes da cena clássica, como Guiomar Novaes (1895-1979), Emil Gilels (1916-1985) e Nadia Boulanger (1887-1979), entre outros –, o pianista desenvolveu preferência por música de câmara. Em função disso, Berenice Menegale, diretora da FEA, lhe deu liberdade para escolher as obras que quisesse tocar.

“A Berenice disse: 'Olha, sei que você gosta de música de câmara, então está liberado. Pode escolher duo, trio, quarteto'. Escolhi as duas peças de Mozart e Franck. Acho que está de bom tamanho.”

Hazan não esconde a predileção pelas duas sonatas. A de Mozart é “perfeita”, diz, não se pode acrescentar e nem retirar nenhuma nota para não estragá-la.

Já a peça de Franck, nas palavras de Hazan, é “indescritível”, uma das obras para piano e violino preferidas dos músicos. “Ali você percebe a paixão e todos os estados de alma que a gente pode imaginar. Ela tem ainda alguma coisa misteriosa e termina de maneira apoteótica, brilhante. Quem ouve quer ouvir sempre”, enfatiza.

Exposição

Completando a programação comemorativa dos 60 anos da fundação, será aberta,  neste domingo, a mostra “Coleção FEA”, com 14 peças do acervo da instituição.

São obras de artistas plásticos que, de alguma forma, tiveram relação com a fundação ao longo dessas seis décadas, como Amilcar de Castro, Augusto Rodrigues, Carlos Scliar, Fayga Ostrower, Fernando Veloso, Maria Helena Andrés e Mário Silésio, que dá nome à galeria da FEA.

“MANHÃS MUSICAIS” E “COLEÇÃO FEA” 

• Apresentação do pianista Eduardo Hazan e músicos convidados
• Abertura da exposição do acervo da FEA. Neste domingo (4/6), às 11h, na Fundação de Educação Artística (Rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários)
• Entrada franca