Regional da Serra está à frente de movimento para divulgar o choro na capital mineira

Por meio de diferentes projetos, o Regional da Serra está à frente de movimento para divulgar o choro na capital mineira

Lina Mint/divulgação


Grupo formado em 2018 por representantes de uma nova geração de músicos de Belo Horizonte, o Regional da Serra tem cumprido um importante trabalho de divulgação do choro na cidade, por meio de diferentes projetos. Neste fim de semana, mais um vem à baila. Trata-se do “Encontro com mestres”, que vai criar pontes entre músicos iniciantes e experientes com o público interessado em aprender e apreciar o choro.

Participam do projeto os grupos Regional Imperial e Abre a Roda: Mulheres no Choro, e os músicos Caetano Brasil e Henrique Araújo. Neste sábado (27/5), eles vão ministrar oficinas ligadas ao gênero no Centro Cultural Liberalino Alves, e amanhã (28/5) se reúnem no Mercado da Lagoinha para apresentações abertas ao público, a partir das 14h. O Centro Cultural Liberalino Alves e o Mercado da Lagoinha dividem o mesmo endereço.

Neste ano, o grupo Regional da Serra idealizou o festival “A praça do choro é nossa”, entre janeiro e fevereiro, levando o choro a feiras populares, e realizou o “Encontro Regional da Serra com o melhor público”, com um circuito de apresentações em lares de idosos durante o mês de abril.
 
Na esteira dessas iniciativas, o “Encontro com mestres”, concebido em parceria com a produtora Grupo Dolores, chega para potencializar a cena do choro na capital mineira.

Perto dos ídolos

Cavaquinista do Regional da Serra, Pablo Dias diz que a ideia do projeto surgiu do desejo de estar próximo de nomes que os integrantes consideram ícones do gênero. “Queríamos estar perto desses músicos e, ao mesmo tempo, incentivar as pessoas a mergulhar no choro tradicional, o primeiro gênero popular genuinamente brasileiro”, destaca.

Ele explica que o convite aos artistas participantes do projeto foi orientado por diversos fatores. O ponto em comum é que tanto Caetano Brasil e Henrique Araújo quanto os integrantes do Abre a Roda: Mulheres no Choro e do Regional Imperial são, além de músicos prestigiados, pesquisadores dessa tradição, conforme aponta.
 
Integrantes do grupo Abre a Roda: Mulheres no Choro sorriem para a câmera

Grupo Abre a Roda: Mulheres no Choro é a prova do talento e competência femininos no gênero musical em que se destacou a genial Chiquinha Gonzaga

Flávio Charchar/divulgação
 

Formado em 2017 por musicistas de Belo Horizonte, o Abre a Roda: Mulheres no Choro apresenta clássicos do gênero em uma roupagem original, a partir de arranjos criados e executados apenas por mulheres.
 
Pablo observa que, a despeito do reconhecimento alcançado por Chiquinha Gonzaga, o choro sempre foi um ambiente predominantemente masculino.
 
“Desde o século 19 existe um discurso enviesado de que a musculatura das mulheres não é apropriada para determinados tipos de música. A gente quis ter o Abre a Roda neste projeto para mostrar que não tem nada disso, não tem mais distinção e não tem sexismo no nosso meio”, pontua.
 
Ele destaca que a violonista do grupo, Bia Nascimento, desenvolve uma pesquisa sobre a presença de outras mulheres no choro que não chegaram a ter a mesma visibilidade que Chiquinha Gonzaga.

Com relação ao paulistano Henrique Araújo, que toca bandolim e cavaquinho, Dias diz se tratar de um exímio instrumentista que também desenvolve um importante trabalho de pesquisa.
 
“Ele investiga as variações que aconteceram no choro ao longo dos anos, com foco no cavaquinho. Ele vem para Belo Horizonte com o bandolim, e chega com essa força de nos mostrar esse instrumento e sua reverberação dentro da música brasileira”, ressalta.

Já o clarinetista, saxofonista e compositor Caetano Brasil, de Juiz de Fora, na Zona da Mata, que foi indicado ao Grammy Latino em 2020 pelo álbum “Cartografias”, chega para mostrar as possibilidades de improviso na estrutura do gênero, de acordo com Dias. “Eu o conheci justamente improvisando de uma maneira maravilhosa. A oficina que ele vai ministrar trata precisamente dessa técnica”, aponta.
 
O violonista João Camarero

O violonista João Camarero vai ministrar oficina em BH

Anna Lara/divulgação
 

Músico da Bethânia

Diretamente do Rio de Janeiro, o Regional Imperial retorna a Belo Horizonte – o grupo também participou do projeto “A praça do choro é nossa” – na condição de representante do choro clássico, em sua formação com dois violões, cavaquinho e pandeiro.
 
Formado por João Camarero (violão 7 cordas), conhecido por integrar a banda de Maria Bethânia, Glauber Seixas (violão 6 cordas), Lucas Arantes (cavaquinho) e Rafael Toledo (pandeiro), o grupo se espelha nos clássicos da década de 1930.
 
“Eles vão dar uma oficina sobre prática de conjunto, mostrando como o diálogo se estabelece dentro de um regional de choro”, adianta Dias.
 
Diálogo, aliás, é a palavra que norteia as apresentações de amanhã. O Abre a Roda: Mulheres no Choro dá início aos trabalhos. Em seguida, o Regional da Serra se junta a Caetano Brasil, e o Regional Imperial divide a cena com Henrique Araújo, apresentando o repertório do álbum “Choro do sertão”, que lançaram juntos em 2017, só com composições de autores nordestinos.
 
O encerramento será com o bloco de carnaval Orisamba, do terreiro de umbanda Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente, que é referência de expressão cultural na região da Lagoinha, tradicional reduto do samba e do choro em Belo Horizonte.

“ENCONTRO COM MESTRES”

• Com Regional da Serra e Grupo Dolores

Oficinas – Sábado (27/2)
» Abre a Roda: Mulheres no Choro – “Abrindo a roda: prática de conjunto para todes”, das 9h às 11h30
» Caetano Brasil – “Introdução à improvisação na linguagem do choro”, das 13h às 15h30
» Henrique Araújo – “Batuca Bandola”, de 13h às 15h30
» Regional Imperial “Acompanhamento no choro: harmonia entre a roda”, às 16h
No Centro Cultural Liberalino Alves (Av. Presidente Antônio Carlos, 821, Bairro Lagoinha)

Shows – Domingo (28/5), a partir das 14h
» Com Abre a Roda: Mulheres no Choro; Regional da Serra e Caetano Brasil; Regional Imperial e Henrique Araújo
No Mercado da Lagoinha (Av. Presidente Antônio Carlos, 821, Bairro Lagoinha)