Affonsinho, cantor e compositor

Affonsinho se diz emocionado em matar as saudades do público nos shows de quinta e sexta-feira

Anna Lara/divulgação
 

Affonsinho não tem pressa. Somente agora, três anos e meio depois, retorna aos palcos para um show autoral. “É um começar de novo. Neste tempo, muita coisa mudou. Será que vai ter gente cantando comigo como era antigamente? Vai ser uma novidade e estou muito emocionado”, diz o cantor e compositor, que se apresenta nesta quinta (25/5) e sexta-feira (26/5), na Sala Juvenal Dias.

 
O nome do show, “Depois dos outros”, pode ter duas leituras. Uma delas é a referência ao álbum mais recente, “Outros outros” (2019). A outra é que Affonsinho retorna à cena depois de praticamente todo o meio musical. “Esperei demais, porque fiquei grilado com a COVID indo e voltando. Temos de pensar na gente e nos outros também.”

Na Juvenal Dias, serão Affonsinho, sua voz e sua guitarra em cena. E o público, que ele espera recebê-lo de braços abertos. “Meus shows sempre foram muito afetuosos com a plateia. Como é que iria fazer isso no meio da confusão (a pandemia)? Preferi esperar, mas continuei compondo, gravando, dando aulas. Trabalhei muito, só não fiz show”, acrescenta.

Antigas e novidades no repertório

Parte da produção recente estará no repertório das duas noites, além de canções de outras épocas, como “Belê”, “Nuvem boa” e “Delicada”. De 2020 para cá, ele lançou nas plataformas digitais 10 canções, que chamou de “Affonsingles”. “Minha analista me falou uma coisa que coloquei num deles: ‘Tem muita coisa que não vai ter resposta, caia na real’”, revela Affonsinho.
 
Dessa observação nasceu “Passar band-aid”, samba-blues que faz menção ao período, dizendo “é preciso humildade pra saber que não dá pra entender mais que muito pouco”.
“Tem muita música (nova) sobre dor, angústia e aflições, mas também sobre esperança, uma reação a isso”, diz ele.
 
Prolífico na composição, o mineiro gravou cerca de 200 canções – a maior parte delas presente em seus 14 álbuns. “Tenho muita facilidade para fazer música. Letra me dá mais trabalho, pois com a palavra a gente escreve, depois escreve de novo, muda uma coisa”, ele diz.
 
Depois de ler uma entrevista com o ídolo Jeff Beck, passou a fazer o mesmo. Mantém em todos os cantos de casa um instrumento. “Então, faço música com o que tiver na reta, guitarra ou violão.”
 
Ao longo da carreira, que está se aproximando das quatro décadas, Affonsinho tocou bastante em rádio. “Não só em Minas, mas no Sul e no Nordeste também. As pessoas cantam comigo no show, mesmo refrão difícil, como é o caso de ‘Vagalumes’”, comenta ele, referindo-se a “Vagalumes lá no breu do céu/ Tanta estrela no riacho e eu/ Feito um sapo solitário até/ Quase louco atrás de um beijo seu.”
 
“O pessoal decora e canta, até melhor do que eu. Cantar com a plateia é muito gostoso para um compositor, ainda mais porque Belo Horizonte ainda é pouco conhecida culturalmente, mesmo com a quantidade de artistas que temos aqui.”
 

"Não tem mais essa de músico mineiro e tal. A gente é músico do mundo. Hoje sou mais tocado na Espanha e no Japão do que no Brasil"

Affonsinho, cantor e compositor

 

Presença nas redes

Mesmo longe dos palcos, Affonsinho se manteve ativo nas plataformas e redes. Tanto é que vem se surpreendendo com o alcance de sua música.
 
“Não tem mais essa de músico mineiro e tal. A gente é músico do mundo. Hoje sou mais tocado na Espanha e no Japão do que no Brasil. Outro dia, um cara me escreveu da Croácia. Tive de olhar no mapa para ver de onde era, o que é muito legal. Hoje, é o mundo inteiro”, finaliza.

AFFONSINHO

Show “Depois dos outros”. Quinta (25/5) e sexta-feira (26/5), às 20h, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia). À venda na bilheteria ou no site eventim.com.br