Pianista Erika Ribeiro olha para a câmera e sorri

A pianista Erika Ribeiro foi indicada ao Grammy Latino em 2022, o que lhe trouxe visibilidade e convites para concertos no país e no exterior

João Atala/divulgação

Indicada ao Grammy Latino 2022 na categoria melhor álbum de música clássica, por seu trabalho de estreia na carreira solo, a pianista Erika Ribeiro se apresenta nesta quinta-feira (18/5), no Clube de Jazz do Café com Letras. Paulistana radicada no Rio de Janeiro, ela lançou, no segundo semestre de 2021, “Erika Ribeiro (Igor Stravinsky, Hermeto Pascoal, Sofia Gubaidulina)”.

A apresentação faz parte do projeto Noites Rocinante, que promove a circulação de artistas ligados à gravadora e fábrica de vinil batizada com o nome do famoso cavalo de Dom Quixote.

Erika adianta que a apresentação contempla o álbum praticamente na íntegra. “Só uma ou duas faixas ficam de fora, mas entram os três compositores. Como é um álbum curto, com pouco mais de 30 minutos, com miniaturas, músicas com 50 segundos, incluí outras coisas para complementar”, diz, revelando que essa escolha inclui Egberto Gismonti, Léa Freire e Radamés Gnattali.

Visibilidade e relevância

A pianista diz que o álbum lhe trouxe retorno positivo tanto pela indicação ao Grammy Latino quanto por outras distinções – foi finalista do Prêmio Concerto na categoria melhor disco do ano. Vencedora do 3º Concurso Nelson Freire, ela tem se apresentado intensamente como solista e camerista no Brasil.

“O projeto me deu muita visibilidade. O Grammy Latino é reconhecido no mundo todo. Estava nos Estados Unidos para uma série de apresentações e pude perceber que o prêmio indica a relevância do seu trabalho. Surgiram muitos convites para apresentações, com propostas diferentes do que eu já vinha fazendo. Toquei com a Filarmônica de Goiás, vou tocar no Festival de Campos do Jordão. Enfim, estou com uma agenda bem cheia”, diz .

De acordo com ela, as transcrições das criações de Stravinsky, Hermeto Pascoal e Sofia Gubaidulina que gravou resultaram em sonoridade bem exótica. Isso decorre, segundo Erika, do fato de serem obras concebidas para outros instrumentos recontextualizadas para a linguagem pianística.

“A partir da transferência para o piano de um texto escrito para orquestra, a sonoridade naturalmente se renova. A sonoridade diferente passa pelo sentido de renovação, porque um piano é sempre um piano, mas quando a gente mexe nesses procedimentos e coloca isso através de nossas mãos, soa de maneira particular. Ou seja, um piano mais personalizado, com senso de identidade forte”, aponta.
 

O primeiro compositor escolhido foi Stravinsky – 2021 foi o ano do cinquentenário da morte dele. A escolha conferiu, de saída, direcionamento erudito ao álbum. No entanto, Erika diz que esse conceito deve ser relido em relação ao seu trabalho.

“As transcrições trazem algo de autoral, são versões minhas de Stravinsky”, explica. Por isso, o repertório é compatível com um clube de jazz como o Café com Letras. A presença de Gismonti, Léa Freire, Gnattali e Hermeto no repertório reforça a conexão entre sua apresentação e aquele espaço.

“São compositores que flertam com a improvisação, o efêmero. Gosto de tê-los no roteiro porque reforçam o vínculo com a minha própria cultura, com a forma como encaro a música. Minha formação vem do erudito, mas traz um elemento autoral, pois interfiro nesse texto, trago coisas novas para ele”, ressalta.

Amigos mineiros

A pianista diz admirar artistas da cena mineira. “Acho tudo muito interessante, em especial o trabalho de meus amigos Rafael Martini, Luísa Mitre, Felipe Continentino e Alexandre Andrés. É um som com o qual me identifico.” Em 2016, ela se apresentou como solista ao lado da Filarmônica de Minas Gerais. Amanhã, fará sua primeira apresentação solo na cidade.

“Meu pai é mineiro, tenho familiares no estado. Há muitos anos tenho vontade de apresentar meu trabalho solo em Belo Horizonte. Estou muito feliz por acontecer em função deste álbum, que marca uma estreia”, diz.
 
A pianista está às voltas com outros discos. Um deles é a sequência de “Songs of Brazil” (2018), álbum dela em parceria com a violinista norte-americana Francesca Anderegg, que traz adaptações para piano e violino de composições de Camargo Guarnieri, Villa-Lobos e Guerra-Peixe. “Deve sair no fim deste ano ou no início do próximo”, comenta.

O outro álbum tem um quê mineiro. Ela acabou de gravar com a cantora paulistana Tatiana Parra no estúdio Macieiras, de Alexandre Andrés, na cidade de Entre Rios de Minas.

NOITES ROCINANTE

Com a pianista Erika Ribeiro. Nesta quinta-feira (18/5), às 20h, no Clube de Jazz do Café com Letras (Rua Antônio de Albuquerque, 47, Funcionários). Ingressos: R$ 40 (área interna) e R$ 20 (área externa), à venda no site da casa.