Regis Gonçalves segura livro

Regis Gonçalves, que morreu no Dia Internacional do Livro, era respeitado pelo texto refinado e a sensibilidade aguda como repórter

Elcio Paraiso/divulgação
 

O jornalista, poeta, editor e escritor mineiro Regis Gonçalves, de 82 anos, morreu neste domingo (23/4), vítima de câncer no pâncreas. Ele estava internado no Hospital Orizonti, em Belo Horizonte.

 

O velório será realizado nesta segunda-feira (24/4), das 10h às 15h, na Funerária Metropax (Avenida do Contorno, 3.000, Santa Efigênia). O enterro será às 16h, no Cemitério da Paz.

 

Nascido em Santa Bárbara, em 1940, Régis Gonçalves se formou em sociologia na Universidade Federal de Minas Gerais. Dedicou-se à imprensa e trabalhou em veículos de comunicação de Belo Horizonte, além de colaborar com várias publicações literárias.

 

Seu primeiro livro de poesia, "Queima de arquivo", foi publicado nos anos 1980. Como poeta, também lançou "Opus circus" e "Trama tato texto". Com sucesso, o poeta e jornalista se dedicou também a perfis biográficos. É autor de "Retratos erráticos: Imagem, perfil e personagem na imprensa"; "Raul Belém Machado: o arquiteto da cena", sobre a trajetória do cenógrafo mineiro; e "Lúcia Machado de Almeida - Uma vida quase perfeita", biografia da escritora Lúcia Machado de Almeida.

 

O jornalista chefiou o setor de comunicação social da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e coordenou a área de jornalismo do Centro de Comunicação (Cedecom) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Apaixonado por cinema, fez parte do Centro de Estudos Cinematográficos de Minas Gerais (CEC-MG).

Ética, cultura e talento

Intelectuais lamentaram a morte do poeta e jornalista. Rogério Faria Tavares, presidente da Academia Mineira de Letras, destacou o talento e a ética de Gonçalves. "O Régis foi um jornalista de ótimo texto, de ótima apuração, de ótimo caráter, um grande sentido ético e uma pessoa que pensava a cultura, enfim, o seu tempo. Era um intelectual capaz de fazer perguntas sofisticadas, articuladas, um homem de pensamento e de ideia. Vai fazer muita falta na imprensa mineira e brasileira", afirmou.

 

"Sempre muito atualizado, antenado, curtia muito o mundo da literatura. Era um jornalista da grande família dos jornalistas mineiros ligados à literatura, à intelectualidade. A gente fez escola nisso no Brasil. Ele se distinguia", disse o presidente da AML.

 

"Regis, amigo muito caro, casado com a querida artista Liliane Dardot, grande intelectual, poeta. Conversamos muito durante a elaboração da biografia de Lúcia Machado de Almeida. E sobre poesia na casa do Guilherme Mansur. Perda imensa", afirmou Angelo Oswaldo Araujo dos Santos, prefeito de Ouro Preto, ex-secretário de Estado de Cultura e integrante da Academia Mineira de Letras.

Régis propôs o oportuno perfil de Lúcia Machado de Almeida 

O jornalista José Eduardo Gonçalves, sócio da Conceito Editorial, lembrou o lançamento, em 2020, do livro de Régis sobre Lúcia Machado de Almeida, na coleção BH Perfis.


"Infelizmente, o lançamento foi na pandemia e não teve como a gente fazer muito auê. É um belo livro. Foi quando me aproximei mais dele. Conhecia há muitos anos o Régis, pessoa muito querida de todos nós que labutamos aí na área de imprensa, livros. Sempre gostei muito da poesia dele. Durante muito tempo, ele fez muitos perfis e ali vi que ele tinha uma pega boa para essa coisa de biografia. Foi ele quem me propôs o livro da Lúcia Machado de Almeida. Não fui eu quem o procurou. Achei ótimo, excelente, porque ela é uma escritora que ajudou a formar gerações de leitores. Além de grande poeta, era jornalista militante das boas causas, um jornalista muito criterioso. Fez um trabalho maravilhoso de pesquisa, de muito rigor na apuração. Há pouco tempo, me disse que estava com muitos poemas na gaveta. Agora temos de abrir a gaveta do Régis. Certamente, tem muita coisa boa, porque ele era um cara sensível, sujeito grande e delicado."

 

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O jornalista e escritor Carlos Herculano lembrou a poesia refinada do amigo. "Ele escrevia com muita sensibilidade, com muita emoção, dominava a técnica. Era um grande leitor e, além de tudo, repórter que abrilhantou a imprensa mineira durante muitos anos. O Régis deixa legado muito grande para a vida cultural mineira e brasileira. Fomos amigos durante muitos anos, era sempre gentil e generoso. Uma perda imensa", lamentou.