Cantora Maíra Baldaia sorri, com as mãos na cabeça, tendo flores secas no corpo e penduradas a seu lado

Nas canções de seu disco, Maíra Baldaia se inspira nas tradições africana e indígena

Roxie/divulgação

'Em 'Obí', me desnudo. Foi um processo muito intenso na minha caminhada espiritual, pessoal e como artista'

Maíra Baldaia, cantora e compositora



O universo feminino e a influência das mulheres que passaram pela vida de Maíra Baldaia são alguns dos pontos de partida de “Obí”, terceiro disco da cantora, que será lançado nesta quinta-feira (6/4), às 20h30, no Centro Cultural Unimed-BH Minas.
 
A palavra iorubá obí significa fêmea. “As mulheres do meu dia a dia são a minha maior inspiração e motivação. Foi em grupos de mulheres que resgatei quem eu sou”, afirma Maíra.

Em “Obí”, o afropop mineiro chega com pegada dançante. As influências da cantora vão de Maurício Tizumba a Gilberto Gil. A união de axé e tambores do congado a beats do funk e do rap deu origem a canções com letras provocativas, que convidam à reflexão.
 
 

Novos Baianos e Chico César

Das 14 faixas, 12 são autorais e duas releituras: “Dê um rolê”, sucesso dos Novos Baianos assinado por Moraes Moreira e Luiz Galvão, e “Dança”, de Chico César.

Baldaia convidou Djonga para dividir com ela a faixa “Ogum e as ayabás”. Marissol Mwaba comparece em “Preta amar”.

O álbum tem dois eixos. O “lado A” recebeu o nome de “amor e pele” e versa sobre paixões e questões contemporâneas. O “lado B”, chamado “revolução e destino”, traz reflexões que tratam sobre origens e ancestralidade.

O repertório trata de questões de gênero e de tradições das matrizes africanas e indígenas. 

Para Maíra Baldaia, ancestralidade é uma filosofia de vida. “É o que me move. A gente precisa entender de onde vem para conseguir entender o nosso percurso”, afirma.

A cantora diz que o álbum é o encontro com sua própria essência. “Em ‘Obí’, me desnudo. Foi um processo muito intenso na minha caminhada espiritual, pessoal e como artista. Tudo isso está no álbum de forma muito intensa e pulsante.”
 

Mineira de Itabira, Maíra Baldaia lançou seu primeiro disco em 2016. “Obí’ vem em um momento muito bom, no qual as mulheres representam potência muito forte. Hoje, elas estão em todas as áreas da música, não só na parte artística, mas também nos bastidores. Isso é fruto de anos de luta”, comenta.

Apesar dos avanços, há desafios. “Toco com uma banda formada só por mulheres e a gente torce para que um dia isso não seja algo incomum, mas natural. É para isso que estamos caminhando”, diz.
 

'Tenho formação em teatro, cinema e canto, com experimentações em dança, pintura, desenho e performance. Isso forma a artista que sou no palco e na composição'

Maíra Baldaia, cantora e compositora

 

Álbum visual

“Obí”, viabilizado pelo edital Natura Musical, destaca o caráter multifacetado do trabalho da artista itabirana.

“Sou muito ligada à imagem, aos signos que complementam as palavras, daí a ideia de lançar este álbum visual e ter experiência audiovisual em todas as faixas. A representatividade é ponto forte na experiência audiovisual que “Obí” apresenta, assim como o lúdico que um trabalho imagético contempla”, diz.

“A música ganha outro corpo, outra forma, quando unimos vertentes artísticas em um mesmo trabalho, como atuação, roteiro, direção. O universo a ser explorado se expande. Tenho formação em teatro, cinema e canto, com experimentações em dança, pintura, desenho e performance. Isso forma a artista que sou no palco e na composição”, conclui Maíra Baldaia.

*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

MAÍRA BALDAIA

• Show de lançamento do álbum “Obí”, com participação especial de Djonga e Marissol Mwaba
• Quinta-feira (6/4), às 20h30
• Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes)
• Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada), à venda na bilheteria do teatro e no site Eventim.