O ator mineiro Che Moais

O ator mineiro Che Moais interpreta o marido da protagonista vivida por Sheron Menezes na nova novela das sete da Globo, que estreia hoje

Camilla Maia/Divulgação

Natural de São Francisco, às margens do Velho Chico, o ator Che Moais, de 44 anos, se considera um sertanejo mineiro. Torcedor do Cruzeiro, radicado em São Paulo há 20 anos, ele se aproxima agora do Rio de Janeiro, com as gravações de "Vai na fé", sua primeira novela, que estreia nesta segunda-feira (16/1), na faixa das 19h, na Globo. 

Noveleiro assumido, Che dá vida a Carlão, marido da protagonista Sol (Sheron Menezes), por quem se apaixonou à primeira vista, ao vê-la cantando no coral da igreja evangélica que frequentam.

Antes generoso e paciente, apaixonado pelo mundo da luta, Carlão se torna ranzinza ao perder o emprego durante a pandemia e tentar de diversas formas, sem sucesso, se recolocar no mercado de trabalho. De autoria de Rosane Svartman ("Totalmente demais","Bom Sucesso"), com direção artística de Paulo Silvestrini, o folhetim tem gerado interesse pela temática religiosa a ser abordada. 
Mais além, porém, outros temas de cunho social também serão tratados ao longo da trama. Protagonizada por uma família negra, moradora da periferia, a novela aborda questões como a informalidade do mercado de trabalho e a precarização do trabalho formal, o acesso à universidade, o universo do funk e a tolerância religiosa. 

Fé plural

"A novela conversa com todas as pessoas de fé. Tem um documentário muito bonito da Joanna Mariani, chamado 'Maria', em que a primeira frase que se diz é que 'Deus não tem religião'. 'A religião de Deus é a fé.' Eu acredito numa fé plural e a novela pluraliza tudo isso. Todas as manifestações de fé, de devoção que cada um tem, para dar um incentivo, para dar um combustível para acordar cedo e enfrentar o dia", afirma o ator. 

Se Carlão encontra nos aplicativos de entrega de encomendas uma alternativa de rendimento, Sol vende marmitas no Centro do Rio. Os dois são pais de Duda (Manu Estevão) e Jenifer (Bella Campos), primeira da família a ingressar na universidade. Para quem não se lembra, Bella Campos deu vida à Muda em "Pantanal".

De volta à telinha, ela interpreta uma jovem de posicionamentos firmes, que sonha ser advogada, mas que se sente desconfortável com o ambiente universitário em que está. Feminista, travará embates com o pai por sua apatia frente às tarefas domésticas. Ainda compõe a família a matriarca Dona Marlene, vivida por Elisa Lucinda, de quem Sol escondeu que frequentava os bailes funks dos anos 2000. 

Para Che, entrar no estúdio e ver uma constelação de estrelas que ele admira desde sempre é algo que nunca imaginou. "A primeira vez em que eu vi Elisa Lucinda na TV me chamou muito a atenção, porque tinha a personalidade, a beleza, a força, mas o encantamento que eu estava tendo de representatividade, eu só fui entender anos depois”, conta. 

“Finalmente, agora, trabalhando com a Elisa, a gente conversa bastante e já falou sobre essa sensação próxima que eu tive e só fui entender depois.” Se em seu núcleo próximo estão Sheron Menezes e Elisa Lucinda, a novela ainda conta com Renata Sorrah, Claudia Ohana, Carolina Dieckmann, Emilio Dantas, Regiane Alves e José Loreto no elenco.

‘Pantaneiro’ como Bella Campos, José Loreto dá vida a Lui Lorenzo, cantor pop de gosto duvidoso, hedonista e edipiano ao extremo. Parte dele o convite que vai mudar a vida de Sol, Carlão e toda a família. Convidada a ser backing vocal, a personagem de Sheron Menezes tem de descobrir como equilibrar a nova carreira à sua religiosidade.

A guinada na vida de Sol faz com que personagens do passado retornem. Além de Lui, que se interessa por ela, Ben (Samuel de Assis), uma paixão de juventude, e Theo (Emilio Dantas), de quem guarda más recordações, ressurgem em sua vida. Che Moais aponta que Carlão terá de lutar literal e não literalmente para segurar o amor da esposa. 

A seu ver, entretanto, o personagem acaba percorrendo todos os passos da jornada do herói e, em certo momento, demonstrando até um pouco de mineiridade, presente justamente no momento de superação e resolução dos problemas. 

"As pessoas têm preconceito quando se fala a palavra clichê, se tornou clichê porque funciona. É tipo aspirina, é clichê, porque funciona para dor de cabeça. Então, todo esse périplo do Carlão são provações que eu acho que ele vai tirar de letra." 

Mas isso com a leveza e irreverência do horário das 19h. "Vai na fé" enfrenta duplo desafio ao ter que manter o ibope da antecessora, "Cara e coragem", estreando em janeiro. O período de férias de verão historicamente atrai menos interesse por parte do público, sobretudo em uma época de concorrência ferina com as plataformas de streaming. O lema, entretanto, é ir na fé. 

*Estagiário sob supervisão da editora Silvana Arantes