Som na caixa! Iggy Pop, de 75 anos, lança o vigoroso 'Every loser'

 

Quando pensamos em Iggy Pop, a imagem que vem à nossa cabeça é a do cantor que se joga na plateia durante o êxtase de um show, seu corpo esguio sendo levado pelas mãos da multidão. Ou então a do rockstar pulando no palco enrolado no fio do microfone, pedestal em punho, como manda o roteiro criado por ele no final da década de 1960, quando inventou o punk com sua banda The Stooges.

Aos 75 anos, Pop não se joga mais para a plateia por estar muito frágil, como contou há pouco para a revista britânica de música NME, mas a postura mais contida no palco não significa que ele tenha abrandado seu som. “Every loser”, seu 19º álbum de carreira, tem em várias de suas 11 faixas a vibe veloz e furiosa de show de rock, o que praticamente empurra o ouvinte a aumentar o volume do som.

Esta ideia fica clara já na música de abertura, “Frenzy”, com guitarras bem altas sobre as quais Pop canta “eu tenho um pau e duas bolas/ isso é mais do que todos vocês”, sem medo de ser politicamente incorreto.

Mais para a frente, “Neo punk”, como o nome indica, é um punk mais acessível, lembrando os bons momentos do Green Day dos anos 1990 – a faixa tem participação do baterista do Blink 182, Travis Barker. Já o instrumental de “Modern day rip off” lembra vagamente The Stooges.

A remissão ao passado não significa que “Every loser” seja nostálgico ou mofado. A sonoridade fresca do disco se deve bastante ao produtor Andrew Watt, que tem no currículo trabalhos com gigantes do rock como Pearl Jam e Ozzy Osbourne, além de músicos que dão a cara do pop atual – o americano produziu Dua Lipa, Post Malone, Justin Bieber e Ed Sheeran.

Além de dar o direcionamento artístico para o álbum, Watt toca guitarra em todas as faixas, teclado e baixo em algumas e faz vocal de apoio em outras.

 

 

Em seus cerca de 40 minutos, o álbum traz faixas mais tranquilas, em que o cantor usa outros registros vocais, a exemplo de “New Atlantis”, com diversos trechos falados, e “Morning show”, balada em que Pop transforma sua voz na de um “crooner”, seguindo a linha de seu mediano álbum anterior, “Free”, lançado em 2019.

 “Comments”, com participação de Taylor Hawkins, o baterista do Foo Fighters que morreu em um hotel na Colômbia, tem apelo mais pop e imagético, tipo música a ser ouvida enquanto se dirige na estrada.

Além de Hawkins, o disco traz outras estrelas da música – Chad Smith, baterista do Red Hot Chili Peppers, Duff McKagan, baixista do Guns'n'Roses, e Dave Navarro, guitarrista do Jane's Addiction. Nenhum deles, contudo, se sobrepõe a Pop, de modo que se pode ouvir o álbum sem nem se dar conta de que eles estão ali.

No fim, importa menos a presença desses nomes e mais o fato de o pai do punk entregar um disco alto-astral feito com garra, sendo que ele já poderia ter parado há muito tempo, dado o legado que construiu para a música que vai deixar quando se for.

Na mesma entrevista à a revista NME, Pop contou que achou que “as coisas iam se acalmar quando eu fizesse 65, mas este não foi o caso”. Que bom. (João Pessarolo – Folhapress)

. Blink182

. Foo Fighters

. Guns N' Roses

. Jane's Addiction

. Jane's Addiction

. Jane's Addiction

. Pearl Jam

. Pearl Jam

. Hot Chili Peppers

. Hot Chili Peppers

Frenzy

Strung out Johnny

New Atlantis

Modern day rip-off

Morning show

The news for Andy

Neo punk

All the way down

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My animus

The regency

“EVERY LOSER”

• Disco de Iggy Pop

• 11 faixas

• Atlantic

• Disponível nas plataformas digitais