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Estado de Minas PATRIMÔNIO

Destino de coleção com tesouros da arte mexicana é incerto

Venda do Citigroup, que detém obras dos mais importantes artistas do México, coloca em dúvida a manutenção no país desse patrimônio artístico


14/02/2022 04:00 - atualizado 13/02/2022 18:55

tela vendedora de alcatraces em exposição na Cidade do México
"Vendedora de alcatraces" (1942), de Diego Rivera, é uma das joias da pintura mexicana pertencentes ao Citigroup, que mudará de mãos no México (foto: ALFREDO ESTRELLA / AFP)

 
Quando o americano Citigroup vender sua atividade de banco comercial no México, também deixará para trás obras de artistas famosos, como Frida Kahlo, Diego Rivera e David Alfaro Siqueiros, que o governo e especialistas desejam que permaneçam no país. 
 
Quase 600 obras pictóricas, peças de arte popular e construções da época colonial integram o patrimônio que o banco incorporou há décadas e também estão dentro da venda de sua marca Banamex, anunciada em janeiro passado.
 
É uma das coleções particulares mais importantes do México, agora uma questão de interesse nacional. O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, disse que os bens culturais do banco devem permanecer no país, no momento em que seu governo busca impedir que peças do patrimônio mexicano, principalmente pré-hispânicas, sejam leiloadas no exterior.
 
"Estamos falando de coleções de arte dos melhores artistas, pintores do México e também do mundo", disse o presidente de esquerda após anunciar a venda. 
 
López Obrador também afirmou que gostaria de ver o Banamex em mãos mexicanas, citando como possíveis compradores o homem mais rico do México, Carlos Slim, e o polêmico empresário Ricardo Salinas Pliego, dono da Televisión Azteca, uma das principais redes do país.
 
A coleção artística "deveria se tornar propriedade nacional para sua preservação", disse o ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, que acredita que seria uma compensação por um resgate bancário que o governo mexicano realizou na década de 1990.

PATRIMÔNIO O Banamex é um dos bancos mais antigos do México. Iniciou suas atividades em 1884 e seu patrimônio artístico e cultural não parou de crescer, mesmo quando foi vendido ao Citigroup, em 2001.
 
Naquele ano, um movimento de personalidades políticas e culturais buscou, sem sucesso, que o Estado assumisse o controle do patrimônio artístico do banco. Agora, o temor de alguns especialistas é que a coleção se disperse. 
 
"Que na venda levem em conta esta unidade como uma coleção e seu valor incalculável, muito além dos termos econômicos", comentou Hilda Trujillo, especialista em coleções de arte mexicana do século 20 e ex-diretora dos museus Frida Kahlo e Diego Rivera Anahuacalli, na Cidade do México. "Que seja tratado com todo o cuidado, como parte do acervo patrimonial e artístico do país", acrescentou. 
 
Em conversa com jornalistas, Alberto Gómez Alcalá, diretor de desenvolvimento institucional, estudos econômicos e comunicação do Citibanamex, disse que os bens culturais "são parte integrante e indivisível" do processo de venda; portanto, "quem comprar as operações bancárias comerciais no México deverá também adquirir a coleção". Mas ele evitou estabelecer um preço. 
 
A coleção de arte do Citibanamex inclui obras como "Vendedora de alcatraces", que Diego Rivera, um dos maiores muralistas mexicanos do século 20, pintou em 1942. A peça ocupa um lugar de destaque dentro do Foro Valparaíso, um edifício do século 18 localizado no coração da Cidade do México, que também pertence ao banco.
 
A pintura de Rivera é acompanhada naquele local por obras igualmente importantes da arte mexicana do século 20, como "Mujer con metate", que o muralista David Alfaro Siqueiros pintou em 1931; "Los frutos de la tierra", de Frida Kahlo (1938), ou "Mujeres", do também mexicano Rufino Tamayo (1930). 
 
No entanto, esse tesouro não começa nem termina aí. Há obras do século 19, como as paisagens dos imponentes vulcões do Vale do México, Popocatépetl e Iztaccihuatl, do pintor José María Velasco. 
"É, sem dúvida, uma das coleções mais importantes para poder recriar a história da pintura no México", diz Angélica Velázquez, diretora do Instituto de Pesquisas Estéticas da Universidade Nacional Autônoma do México, e que também participou da curadoria do local.
 
"Acredito que seria muito difícil para os próximos proprietários serem insensíveis ao valor da coleção para o país." (France-Presse)


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