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Estado de Minas ARTES VISUAIS

Artista faz exposição-protesto pela perda de árvores em BH

"Benjamina", mostra de Nelson Cruz, está em cartaz na programação do Festival Artes Vertentes, em Tiradentes, até o próximo dia 20


14/02/2022 04:00 - atualizado 13/02/2022 19:08

obra de Nelson Cruz com árvore da espécie ficus desenhada sobre papelão
O artista Nelson Cruz pintou árvores sobre papelão e produziu também um livro homônimo à exposição, com textos retirados desse material (foto: Reprodução)


O Festival Artes Vertentes, cuja décima edição está sendo realizada em Tiradentes, exibe até o próximo dia 20, na cidade histórica mineira, a exposição "Benjamina", de Nelson Cruz. Batizada em homenagem à espécie Ficus benjamina, a exposição questiona a retirada de árvores centenárias do cenário urbano belo-horizontino sem nenhuma contrapartida ambiental por parte do poder público.

A abertura da montagem foi precedida, na sexta-feira passada (11/2), de uma conversa do artista com o público, na qual ele explicou a origem do sentimento que o levou a produzir a série. Segundo Nelson Cruz, por mais triste que fossem as imagens, ele conseguia enxergar certa beleza plástica nos galhos retorcidos das figueiras, cortadas por terem sido atingidas por uma praga de insetos.
 
"Parecia uma dança macabra. Eu sabia que aquilo era um descuido do poder público, que sacrificou árvores centenárias. Árvores que deveriam estar recebendo um acompanhamento para que o ataque não acontecesse. Aquilo virou um cenário macabro e plástico, ao mesmo tempo. Havia uma plasticidade naquela tragédia. Além da indignação que toma conta da gente por conta da perda", afirmou. "A gente vive de indignação em relação ao meio ambiente."
 

"Parecia uma dança macabra. Eu sabia que aquilo era um descuido do poder público, que sacrificou árvores centenárias. Árvores que deveriam estar recebendo um acompanhamento para que o ataque (de pragas) não acontecesse. Aquilo virou um cenário macabro e plástico, ao mesmo tempo. Havia uma plasticidade naquela tragédia"

Nelson Cruz, artista

 

LIVRO


Este sentimento deu origem também a um livro homônimo à exposição. Lançado em 2019 pela Editora Miguilim, o volume é uma reunião de poemas feitos pelo artista a partir de palavras encontradas nos papelões que ele usou como suporte para a confecção das obras.

"Fiquei tão indignado com aquela cena que resolvi reproduzir cada tronco numa caixa de papelão, inicialmente como um protesto. Já na terceira pintura, comecei a pensar que poderia transformar aquilo em um livro, pois o alcance de um livro é muito maior do que fazer uma exposição de protesto”, conta. 
 
Foram 20 troncos pintados até o primeiro texto, porém Cruz confessa que o primeiro escrito não estava à altura da indignação, até começar a organizar os poemas a partir das palavras impressas no papelão. Para ele, nesta experiência, o texto ilustra as imagens, e não o contrário.

Nelson Cruz comenta que já havia participado do Festival Artes Vertentes em 2013, a convite de seu idealizador e diretor artístico, o pianista Luiz Gustavo Carvalho. Atualmente, ele tem se dedicado à ilustração de livros para o público jovem.
 
Sobre “Benjamina”, ele afirma: "Essas ilustrações divergem e dividem a opinião do público, porque foram criadas por um ilustrador que se dedica ao mercado editorial do público jovem, mas a concepção e a elaboração pertencem também ao público adulto. Isso é algo que não se resolve no livro, porque não tem que se resolver. O livro existe por si só e pertence a todos. A todos que gostarem, claro", diz, emendando a frase com uma risada.

* Estagiário sob supervisão da editora Silvana Arantes
 
"Benjamina"

Exposição de ilustrações de Nelson Cruz, no Festival Artes Vertentes. Até 20/2, no Centro Cultural Yves Alves (Rua Direita, 168). Entrada franca.  
 
 


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