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Estado de Minas POLÊMICA

Bloqueado no Twitter e Instagram, Kanye West compra rede social de direita

Rapper será dono da Parler, ligada à direita conservadora dos EUA, depois de ser acusado de fazer postagens contra os judeus


18/10/2022 04:00 - atualizado 18/10/2022 01:49

Foto do rapper Kanye West, com close no rosto dele
Kanye West, um dos nomes mais importantes do rap americano, afirmou em público que sofre de transtorno bipolar (foto: Saul Loeb/AFP)
 
Felipe Mendes - Folhapress
 
O rapper Kanye West, conhecido agora como Ye, decidiu nesta segunda-feira (17/10) comprar a rede social conservadora Parler, que se autodenomina alternativa de “liberdade de expressão” ao Twitter. O anúncio da negociação foi feito pela Parlement Technologies, controladora da Parler, em comunicado oficial divulgado à imprensa.


O rapper também se manifestou, afirmando que “em um mundo onde as opiniões conservadoras são consideradas controversas, temos que nos certificar de que temos o direito de nos expressar livremente”.

Os termos do acordo não foram divulgados. Segundo o comunicado, Ye e a Parlament pretendem celebrar contrato de compra definitivo que deve ser assinado ainda no último trimestre de 2022.

Para o CEO da Parlament Technologies, George Farmer, a parceria vai mudar “como o mundo pensa sobre a liberdade de expressão”.

Segundo o The Verge, Farmer é marido de Canadian Owens, influenciadora popular entre apoiadores da direita. De acordo com o site TMZ, ela e Ye estariam tendo conversas constantes. Amigos do rapper dizem que Canadian o estaria influenciando em diversas decisões.

"Vidas Brancas Importam"

Recentemente, West foi criticado por uma ação em desfile surpresa da marca Yeezy, em Paris. Antes de modelos começarem a desfilar, o cantor fez um discurso usando camiseta onde estava escrito “White Lives Matter” (Vidas Brancas Importam). Era referência ao movimento “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam), em defesa da população negra americana, que ganhou força após a morte de George Floyd, asfixiado pela polícia.

Durante a apresentação, Kanye citou o assalto sofrido pela ex-mulher Kim Kardashian em 2016, seu ex-empresário Scooter Braun, lutas na indústria da moda e a briga com a GAP, marca de roupa norte-americana que cortou relações com o rapper e empresário recentemente.

A notícia da aquisição da Parler vem pouco tempo depois de o rapper ter suas contas no Twitter e no Instagram bloqueadas diante de publicações antissemitas. 

Na rede social da Meta (ex-Facebook), ele postou captura de telas de conversa com o rapper Diddy, na qual era criticado pela camiseta utilizada antes do desfile em Paris.

“Vou usar você como exemplo para mostrar aos judeus que disseram para você me ligar que ninguém pode me ameaçar ou influenciar”, postou West. A publicação foi excluída.

Já no Twitter, em postagem que já não está mais acessível, West afirmou que atacaria os judeus. A rede social disse que a mensagem violou suas regras.

Tela mostra página da rede social Parler
A rede social Parler, semelhante ao Twitter, anuncia-se como "ecossistema que não pode ser cancelado" (foto: Saul Loeb/AFP)

Direita conservadora

A rede social Parler foi adotada pela direita conservadora com a justificativa de buscar um espaço com mais liberdade de expressão.

Criada em 2018, ela é parecida com o Twitter em termos de funcionamento. Mas tem menos políticas para regulação de conteúdos considerados ofensivos.

Uma das críticas é que a plataforma não se compromete a verificar fatos, o que pode torná-la mais um foco de desinformação e fake news na web.

A rede social chegou a ficar suspensa por meses da loja de aplicativos do Google, Apple e da Amazon por não adotar medidas para moderar conteúdos compartilhados nela.

Em um texto de apresentação, a empresa afirma que é “sem viés e de livre expressão, focada na proteção dos direitos do usuário”.

Na descrição na Play Store, a Parler ainda destaca: “Diga ao mundo o que você precisa que eles saibam!”.
 
Mulher e homem negros estão de costas, vestindo camisetas onde se lê: vidas brancas importam
Kanye West lançou, em Paris, camiseta com o slogan "Vidas Brancas Importam" (foto: Reprodução)
 

Ye, ex-Kanye West, é o rei da polêmica

AFP

 

Kanye West é, há muitos anos, uma das figuras mais polêmicas da indústria do entretenimento. Porém, suas atitudes mais recentes, que incluem comentários antissemitas e mensagens de supremacia branca, assustaram fãs e afastaram parceiros nos negócios.

Magnata da moda e astro dos palcos, West já foi aclamado como gênio da música, mas cuja teimosa inconformidade o fez levar a liberdade de expressão ao limite.
 
Os comentários de West incentivam o “ódio aos judeus”, acusou o Comitê Judaico Americano.

As consequências desses comentários se refletiram nos negócios. West, que já havia encerrado abruptamente a colaboração com a GAP em setembro, viu a associação com a Adidas questionada.
 
A marca evocou a necessidade de “respeito mútuo e (de) valores compartilhados”, alguns dias depois da polêmica, sem mencionar diretamente incidentes envolvendo o músico.

As polêmicas vêm ofuscando o talento de Kanye West, de 45 anos. O rapper já se comparou, sem ironia, a Michelangelo. Em 2004, ele estourou com o álbum “The college dropout” – início de uma carreira magistral que combinou rap com elementos de soul e electro.

Se a sua polêmica imprevisibilidade lhe rende críticas, sua honestidade foi reconhecida. Especialmente em 2005, quando ele criticou a resposta do presidente George W. Bush ao devastador furacão Katrina.
 

"Ele (Kanye West) participa de sua tortura; ele a cura e a utiliza. Uma parte talvez seja natural, mas outra parte é inventada para reforçar a lenda"

Charles Blow, colunista do New York Times

 

Em 2016, depois do lançamento do álbum “The life of Pablo”, o músico teve problemas de saúde mental – como o transtorno bipolar, sobre o qual falou publicamente – e desapareceu da vida pública por alguns meses.

Embora a imprensa tenha demonstrado certa benevolência ao relembrar a luta dele com o transtorno bipolar, tal compreensão parece ter chegado ao fim.

Em artigo no jornal New York Times, Charles Blow o chamou de “narcisista viciado em atenção e elogios”. De acordo com o colunista, “ele participa de sua tortura; ele a cura e a utiliza. Uma parte talvez seja natural, mas outra parte é inventada para reforçar a lenda.”









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