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Estado de Minas

100 milhões de discos vendidos: Olivia Newton-John não foi só "Grease"

Cantora e atriz que morreu hoje aos 73 anos em decorrência do câncer era neta de vencedor do Nobel e criou fundação contra o câncer


08/08/2022 19:14

Cantora e atriz Olivia Newton-John, de roupa preta, segura o microfone durante show
Olivia Newton-John em apresentação em 2017 no Chile (foto: Paul Plaza/AFP)

“Sandy!”, diz Danny, visivelmente impressionado com o mulherão de calça colada e jaqueta de couro pretos. “Diga lá, garanhão”, responde Sandy, com ar de pouco caso. É a deixa para a derradeira sequência de “Grease – Nos tempos da brilhantina” (1978), encerrado com a canção “You’re the one that I want”. Ali não estava mais a garota ingênua do início do filme. E a carreira de Olivia Newton-John tampouco foi mais a mesma desde então.

 

Morta nesta segunda (8/8), aos 73 anos, em decorrência de câncer, em sua fazenda na Califórnia, a atriz e cantora australiana vendeu, ao longo de cinco décadas de dedicação à música, mais de 100 milhões de discos. Mas não tem jeito: ela sempre será Sandy Olsson, a boa garota que se apaixonou pelo bad boy Danny Zuko (John Travolta) em um musical ambientado no final dos anos 1950.

 

“Olivia tem sido um símbolo de triunfos e esperança por mais de 30 anos compartilhando sua jornada com o câncer de mama”, escreveu o marido dela, John Easterling, no Facebook. “Sua inspiração de cura e experiência pioneira com plantas medicinais continua com o Olivia Newton-John Foundation Fund, dedicado à pesquisa de plantas medicinais e câncer.”

 

Nascida na Inglaterra e criada em Melbourne, Newton-John foi diagnosticada pela primeira vez com câncer de mama em 1992. Em maio de 2017, após 25 anos em remissão, ela mesma anunciou que a doença havia se espalhado para a região lombar.

 

Mas nunca se viu como vítima, não se considerava uma sobrevivente do câncer. “Sobrevivente soa como alguém agarrado a um bote salva-vidas. Um próspero é alguém que já está fora do barco e em terra”, disse ela certa vez. Sua luta contra a doença a fez criar o Olivia Newton-John Cancer and Wellness Center, em Melbourne, e também arrecadar milhões de dólares na luta contra a doença.

 

Newton-John já tinha uma carreira como cantora quando entrou na adaptação da Paramount para um musical da Broadway de 1972. E não foi a primeira opção para o filme. Carrie Fisher, então entrada na faixa dos 20 anos, foi um dos nomes cotados. Mas ao vê-la cantando em uma festa beneficente, o produtor Allan Carr logo se encantou. Newton-John tinha 29 na época – Travolta apenas 23.

 

A promessa de fazer com que Sandy fosse australiana foi um dos motivos que a levou a aceitar o papel de uma colegial. “Grease”, que vinha na esteira do sucesso do musical da Broadway – a montagem original fez mais de três mil apresentações – custou US$ 6 milhões. Dirigido por um estreante, Randal Kleiser, arrecadou, na época US$ 395 milhões. Fosse hoje, sua bilheteria seria de US$ 1,7 bilhão.

 

Não há como ouvir “Summer nights” (do indefectível refrão “Tell me more”) sem pensar em Sandy, Danny e naquela que é visto como a melhor personagem do filme, Betty Rizzo (Stockard Channing), independente, cheia de personalidade e “mal falada” na escola Rydell.

 

“Grease”, vale dizer, foi alvo recente dos canceladores das redes sociais, com acusações de sexismo e homofobia. "Precisamos relaxar e apenas aproveitar as coisas como elas são. Acho que é apenas um filme que diverte as pessoas", resumiu Newton-John em 2021, quando soube da ameaça do cancelamento do longa.

 

A despeito de sua história simples de amor juvenil, que carrega nos estereótipos, diferentes gerações vêm se apaixonando por “Grease” nos últimos 40 anos. É o filme musical de maior bilheteria do século 20.

 

Ainda que sua trajetória tenha sido determinada pelo filme, Newton-John se manteve no topo na década posterior. Com o sucesso arrebatador de “Grease”, foi convocada para estrelar outro longa do gênero, “Xanadu”, que levava o musical para o mundo então nascente das discotecas com uma história maluca (que mistura patins com deuses gregos).

 

“Xanadu” levou até o prêmio máximo da Framboesa de Ouro (o Oscar dos piores do cinema). Mesmo de curta memória – e contando com a última participação de Gene Kelly no cinema , o filme catapultou outros hits também ouvidos até hoje: “Magic”, “Xanadu” e “Suddenly”.

 

De vestido preto de renda, atriz Kelly Preston com o marido, John Travolta, também de negro, e a cantora Oliva Newton-John, com vestido branco
Kelly Preston, John Travolta e Olivia Newton-John em 2006 (foto: Fred Prouser/AFP)
Newton-John voltaria a trabalhar com Travolta na época, repetindo, sem o mesmo sucesso, o par romântico em “Embalos a dois” (1983). Apesar da recepção ruim, o filme emplacou mais uma canção, “Twist of fate”. Sua trajetória musical também está muito ligada à década de 1980 por causa de “Physical”, cujo clipe a levou para o mundo da aeróbica. Ficou 10 semanas consecutivas no topo das paradas musicais dos EUA.

 

Sem nunca conseguindo repetir o sucesso do cinema que teve com “Grease”, Newton-John colecionou mais sucesso ao longo da carreira com as canções "Let me be there", "If you love me (Let me know)", e "Heart attack".

 

Nascida em Cambridge, na Inglaterra, Newton-John era a caçula de três irmãos. A família era conhecida por outras razões. Seu avô, o físico e matemático alemão Max Born, havia recebido o Nobel de Física em 1954. Aos cinco anos ela mudou-se com os pais e irmãos para Melbourne, quando deu início às aulas de piano.

 

Aos 15 montou um grupo só de meninas, o Sol Four. Ao vencer um concurso de talento recebeu uma viagem para Londres, onde se apresentou em bases militares e clubes da Europa. Em 1966 gravou pela primeira vez. A canção era “Till you say you’ll be mine”, da banda Tomorrow, em que Newton John era a única integrante mulher.

 

O grupo era uma tentativa de criar uma atração britânica para competir com Os Monkees. O álbum de estreia só veio no início da década de 1970, quando ela gravou Bob Dylan (“If not for you”). Em 1973, mais conhecida, recebeu o primeiro dos quatro Grammy de sua carreira.

 

Em sua conta no Instagram, John Travolta fez uma homenagem à antiga parceria. “Você fez todas as nossas vidas muito melhores. Seu impacto foi incrível. Nós nos veremos ao longo desta estrada e todos estaremos juntos novamente. Seu, do primeiro momento em que te vi, e para sempre. Seu Danny, seu John!” (com agências)

 


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