(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas MÚSICA

Com DNA musical, Tutuca lança versão mais pop de ''Sábado''

Filho de Fredera e sobrinho de Wagner Tiso, ambos do Som Imaginário, aposta na regravação da clássica canção setentista feita pelo seu pai


06/07/2022 04:00 - atualizado 05/07/2022 20:32

Guitarrista e compositor Fredera e o filho, o cantor Tutuca
Guitarrista Fredera e o filho, o cantor Tutuca, regravaram "Sábado"; nova versão da música carregada de história mantém sonoridade dos tempos setentistas (foto: Caio José/Divulgação)

Composta por Fredera, guitarrista do Som Imaginário, a clássica canção “Sábado” volta ao streaming, agora na voz de seu filho, Tutuca, sobrinho de Wagner Tizo e afilhado de Milton Nascimento. Com pegada mais pop, porém com sonoridade que lembra bem os tempos setentistas, o single-clipe tem arranjos do próprio Fredera e produção de Tutuca. O videoclipe foi realizado em uma paisagem bucólica, em uma fazenda de café, em Alfenas, no Sul de Minas.

“Sábado” marcou época, é uma música admirada por toda uma geração e foi regravada diversas vezes, inclusive pelo cantor e compositor Tavito (1948-2019), colega de Fredera na banda Som Imaginário. O grupo Roupa Nova também foi um dos que a regravou nos anos 1980.

Tutuca conta que “Sábado” entra na lista dos singles que decidiu gravar para lançar esporadicamente. “Já lancei um anteriormente com meu pai, ‘Mundo novo, vida nova’, de Gonzaguinha. Aliás, meu pai tem uma história com o Gonzaguinha (1945-1991), pois tocou com ele por muito tempo. Também tenho, pois participei de um musical sobre ele, por mais de 10 anos.”

‘Vento bravo’ (Edu Lobo e Paulo César Pinheiro) é outra música já gravada por Tutuca, em 2020. “Nessa gravação quis convidar só amigos instrumentistas de BH, como Neném (bateria), Eneias Xavier (baixo), Beto Lopes (guitarra) e Deangelo Silva (piano). É uma gravação legal, bem free jazz, inclusive o Edu Lobo ouviu e gostou muito.”

Em maio de 2021, Tutuca lançou “Vento de maio’ (Telo Borges & Márcio Borges), com Telo Borges (teclados), Bárbara Barcelos (vocal), Enéias Xavier (baixo), Neném (bateria) e Rogério Delayon (guitarra). Depois, veio ‘Passarinhadeira’, já em 2022, com a cantora Paula Santoro. “É uma canção do compositor carioca Guinga que gravei com ela para um projeto do cantor e compositor Zé Luiz Mazziotti”, detalha.

'Sábado' é uma música que fez história. É uma canção pela qual tenho um carinho grande, por conta de ser do meu pai e do Som Imaginário que também tinha, aliás, tem ainda, a presença do meu tio Wagner Tiso

Tutuca, músico


História 

 “Sábado”? “Agora, estou lançando esse single com meu pai. ‘Sábado’ é uma música que fez história, um hit composto por ele e lançado em 1970. É uma canção pela qual tenho um carinho grande, por conta de ser do meu pai e do Som Imaginário que também tinha, aliás, tem ainda, a presença do meu tio Wagner Tiso.”

O cantor afirma que sempre escuta artistas elogiarem a música. “Já queria regravá-la com meu pai há mais tempo. Então, tivemos a oportunidade de fazer esse single junto. Gravamos o áudio em Paraguaçu,  cidade vizinha a Alfenas. O clipe a gente filmou em uma fazenda de café, chamada Monte Alegre Coffees.”

Além de Tutuca, (baixo e voz), participaram da gravação Fredera (guitarra solo), Felipe Silveira (guitarra base, viola e violão de 12 cordas) e Matheus Megda (bateria). “São dois músicos da nova geração de Alfenas, alunos de meu pai.”

Sobre o Som Imaginário, grupo no qual seu pai era guitarrista, Tutuca garante que é coisa de outro mundo. “Uma reunião de músicos que impressiona até hoje. No final do clipe de ‘Sábado’, colocamos a turma o Som Imaginário tocando a mesma música. Eles aparecem em um vídeo gravado na TV Cultura, no início dos anos 1970. O programa começa com o Som Imaginário tocando a canção ‘Feira moderna’ (Beto Guedes, Lô Borges, Fernando Brant), com Zé Rodrix no vocal e depois vem ‘Sábado’, com meu pai cantando, ao lado de Tavito, do meu tio Wagner Tiso e tantos outros grandes músicos, emocionante. A gente pegou um trecho desse vídeo e colocou no clipe para mostrar as feras em ação naquela época.”

Desafio

Segundo Tutuca, Fredera fez o arranjo de base, harmonia, linhas de guitarra e mudança de tom. “Decidimos isso junto. Quero dizer, o arranjo não é meu, porque não escrevo música. Então, meu pai fez o arranjo, passou a harmonia para o Felipe e a gente decidiu as questões de formato, mudança de tom e como seria a introdução e o final. Foi uma produção em conjunto, musicalmente dizendo. O resultado ficou muito legal, com o pessoal gostando muito. No YouTube, o videoclipe também está indo muito bem, com comentários elogiosos de Flávio Venturini e Sideral, entre outros artistas.”

O músico ressalta que ‘Sábado’ é uma música querida pelas pessoas, pois carrega uma história. “A galera está recebendo com carinho essa nossa versão. Essas músicas emblemáticas que marcaram os anos 1970 não são fáceis de gravar. É um desafio, pois se pode fazer algo que não tenha sentido ou importância. São gravações emblemáticas e com um aspecto de época que a gente não consegue atingir.”

O artista revela que sua ideia e gravar singles e depois lançar o álbum “Tutuca convidando”. “O próximo single será com Toninho Horta. Estou meio que fazendo a coisa fluir, por isso não quis gravar um disco cheio para não ter um compromisso de formato de álbum. Tenho ideia das pessoas que quero convidar, ou seja, artistas que são referência para mim e amigos músicos. Depois, com certeza, terei a participação do meu tio Wagner Tiso e de compositores do Sul de Minas.”

Ao final de oito singles lançados, Tutuca verá o que dá uma química legal para entrar em um álbum. “Um disco que não seja grande, com sete ou oito faixas. Como disse, estou deixando fluir, não pode é ficar uma coisa discrepante da outra. O single-clipe com o Toninho Horta já está quase pronto e devo lançá-lo em agosto. Todos os singles terão clipes, pois tem público que é atraído pelo apelo visual. O clipe de ‘Sábado’ foi produzido por Caio José e a Fernanda Novaes.”

Fredera lembra que “Sábado” foi feita no fim de 1969. “Estava deixando o cargo de professor estadual e me dedicando à música. Comecei a compor, a coisa se abriu para mim.” E foi compondo uma série de canções, como “No Nepal tudo é barato” e “A nova canção de Natal”, entre outras. “Foram aparecendo coisas, mas não havia trabalho à vista, quando, então, apareceu o Som Imaginário. Havia tocado com o Robertinho Silva durante três anos e ele indicou o meu nome para ser o guitarrista solo do grupo. Ingressei-me na banda e logo estávamos gravando o disco ‘Milton’ (Odeon – 1970), do Bituca.”

Vanguarda

O compositor lembra que o grupo gravou o LP e Milton sugeriu à Odeon que gravasse o disco do Som Imaginário. “Então, apresentei ‘Sábado’, que foi muito bem-aceita. E a gente gravou em uma sessão inesquecível, histórica, em 1970 para 1971. ‘Sábado’ emplacou de uma forma assim, não é popular, não chega ao grande público, mas pegou firme quem estava voltado para pop e rock, para esse tipo de abertura que era, na verdade, uma invasão aqui no nosso território musical.”

Ele lembra que se passaram décadas com “Sábado” sempre dando uma aparecida aqui, outra ali, na voz de algum artista. “É uma música que tem um apelo curioso e aí o Tutuca, que está fazendo uma série de vídeos e lives, resolveu regravá-la. Ainda estou tocando, aliás, não posso dizer normalmente, porque não é muito regular, mas estou de guitarra na mão, trabalhando”, ressalta Fredera.

O compositor também não poupa elogios ao herdeiro. “Tutuca me propôs isso e se revelou um excelente produtor, um cara competente, que sabe reunir os elementos e vai fundo nas questões técnicas, como a sonoridade, mixagem e a visão que ele tem de equilíbrio”, orgulha-se. “Um profissional que se revelou absolutamente maduro com o trabalho de ‘Sábado’”.

Fredera enaltece o fato de a nova versão de “Sábado” estar sendo bem recebida. “O resultado ficou excelente, todo mundo ouve, elogia, adora, ama, diz que está arrepiado. Isso em todas as direções, desde apreciadores de música séria, evolutiva, até os jovens que estão tomando conhecimento dessa modernidade que ficou lá trás, mas que está mais moderna que o presente. Aliás, aquilo que ficou lá trás, em relação a hoje, está no futuro e a rapaziada sente isso”, garante o guitarrista.

Metáforas

O compositor afirma ainda a importância de Tutuca ter dado crédito à primeira gravação de “Sábado”. “Foi no estúdio na TV Cultura, com direção de Fernando Faro. Estava estreando ali. Tudo era novidade pra todo mundo. Pegando esse dois pontos extremos da corrente, ‘Sábado’ de 1970 e de hoje, vemos que o tempo passou, a barba embranqueceu, o cabelo caiu... Mas nessa gravação ficou patente a metáfora, eu que sou o cara lá do começo, com a garotada tocando comigo hoje, inclusive o meu filho que é músico.”

O Som Imaginário surgiu em 1969, com o intuito de acompanhar Milton Nascimento em sua turnê na qual promovia o álbum “Milton” (1970). Nos anos seguintes, o grupo lançou três discos gravados pela gravadora Odeon (1970/ 1971/1973). 

Atualmente, o grupo é formado por Victor Biglione (guitarra), Luiz Alves (baixo), Wagner Tiso (piano e órgão), Robertinho Silva (bateria) e Nivaldo Ornelas (sax e flauta). Recentemente, Fredera foi convidado para tocar com eles em um festival de jazz a ser realizado no final do ano, em Porto Alegre.

“SÁBADO”
• Single-clipe de Tutuca
• Participação especial de Fredera
• Tratore
• Disponível nas plataformas digitais


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)