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Estado de Minas MÚSICA

Quarteto Macam abre concertos do Festival de Maio nesta terça

Repertório traz obras de romancistas alemãs e franceses que são 'preciosidades'


17/05/2022 04:00 - atualizado 16/05/2022 22:31

Quarteto Macam
Apresentação do Quarteto Macam terá no repertório peças como 'Serenata em fá menor', de de Robert Kahn (foto: Duopo Produções Visuais/DIVULGAÇÃO)

Idealizado pelos músicos Miguel Rosselini e Celina Szrvinsk, quando professores da UFMG, o Festival de Maio chega à sua oitava edição, mesclando a modalidade presencial à on-line. Com edições espalhadas ao longo do ano entre fevereiro e agosto, as apresentações do mês que dá nome ao evento ficam a cargo do Quarteto Macam, nesta terça-feira (17/5), e do Quarteto Baldini, na sexta (20/5). Ambos às 20h30, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH, no Minas Tênis Clube.

A iniciativa de desmembrar as apresentações ao longo do ano foi uma estratégia da organização do festival para poder agregar agendas de músicos ou corpos de concerto, que só são passíveis de encaixe na programação caso haja uma abertura maior do leque de datas.

"Se você restringe demais, às vezes, acaba se privando de atrações que são muito interessantes e que a gente não quer perder", revela Rosselini, que deu sequência à organização do festival e compõe o Quarteto Macam que, além dele no piano, ainda conta com Alexandre Barros, no oboé, Alma Liebrecht, na trompa, e Catherine Carignan, no fagote.

O programa desta terça, apresentado pelo grupo, traz “Serenata em fá menor”, de Robert Kahn; “Sonata para oboé e piano em ré maior”, de Camille Saint-Saëns; e dois “Trios para oboé”, um de Carl Reinecke, com trompa e piano em lá menor, e outro de Francis Poulenc, com fagote e piano.

REQUINTE 

Rosselin destaca que as peças tocadas, apesar de grandes obras do repertório camerístico, ainda são pouco difundidas. Divididas entre romancistas alemães e franceses, as obras são, a seu ver, ainda muito subdivulgadas.

"São, realmente, preciosidades. São peças que possuem muito requinte na escrita para o conjunto. Vale muito a pena conhecer. Acredito que o público vai acompanhar esse trabalho com muito prazer."

Para ele, é uma oportunidade tanto para artistas quanto para o público de se reencontrarem. Se por um lado a troca de energia é insubstituível, por outro, o foco e a concentração que a experiência presencial proporciona, são únicos.

"É um encontro que passa uma energia diferente. Quando você escuta presencialmente, tem uma dimensão de escuta mais profunda, do que quando se ouve pela internet, quer pelo computador ou pelo celular. Você se distrai menos. Você está ali absolutamente focado naquilo que os músicos estão fazendo. Não há dispersão nenhuma. É um clima de total concentração, tanto da parte dos músicos quanto da parte do público, e isso altera muito positivamente a qualidade da escuta", comenta.

CONEXÃO EMOCIONAL Neste processo de retorno pós-pandemia, o programa de sexta-feira reserva ao público um repertório de reflexão sobre as perdas sofridas ao longo destes dois anos e nos últimos meses com a guerra na Ucrânia. O “Quarteto n. 8”, de Dimitri Shostakovich, finaliza a apresentação do Quarteto Baldini, composto por Emmanuele Baldini e Amanda Martins, nos violinos, Horácio Schäfer, na viola, e Rafael Cesário, no violoncelo.

"Digamos que, apesar de que Shostakovich não poderia saber da pandemia que estamos vivendo nesses últimos anos, o fato de ele ter dedicado esse 'Quarteto' às vítimas de outras tragédias, cria uma conexão emocional com a situação atual", comenta Baldini.
Ainda compõem o programa, o “Quarteto em Mi bemol maior”, de Fanny Mendelssohn, homenageada na edição de março do festival, um dos poucos quartetos escritos por mulheres.

RARIDADE

"Se hoje em dia, a mulher como compositora, como musicista, está sendo muito apreciada, muito valorizada, naquela época, metade do século 19, era realmente uma raridade encontrar uma mulher compositora, musicista. Esse quarteto é muito especial. Será uma grata surpresa para todos. Vamos começar com essa homenagem às mulheres na música e, sobretudo, às mulheres na música numa época em que elas quase não participavam. Vale a pena valorizar essa figura que ficou sempre à sombra do irmão mais famoso", diz. Félix Mendelssohn chegou a assumir a autoria de algumas composições da irmã, à época.

A segunda peça, “Quarteto n. 3”, do modernista Claudio Santoro, traz  elementos nacionalistas e influências populares de ritmos brasileiros, sendo o mais importante e conhecido do compositor. "É um quarteto muito pra cima, alegre, bem escrito e valoriza o virtuosismo dos quatro instrumentos. É uma amostra de um dos mais representativos compositores brasileiros do período modernista", explica Baldini.

O arremate com a peça do também modernista Shostakovich representa uma mudança na atmosfera da apresentação, sendo o mais famoso dos quartetos do compositor russo, dedicado às vítimas de fascismos e guerras, começando e terminando com dois movimentos lentos, meditativos e introspectivos. Trazendo em seus acordes muito drama e muita tragédia, segundo o regente.  "Cada um dos quartetos que tocaremos tem uma simbologia, uma ligação muito forte com o presente, com o momento atual. É uma espécie de meditação sobre os tempos atuais" finaliza.

HOMENAGEM A diretora artística do Festival, Celina Szrvinsk, relembra que os concertos programados para agosto retomam a homenagem aos 65 anos do violoncelista Antonio Meneses, já homenageado na abertura da temporada, de maneira virtual, e que retornará presencialmente para encerrá-la.

8º FESTIVAL DE MAIO 
Nesta terça-feira (17/5) apresentação do Quarteto Macam e, na sexta (20/5), do Quarteto Baldini, ambos às 20h30, no Teatro Centro Cultural Unimed-BH (Rua da Bahia, 2.244 –  Lourdes). Ingressos: R$ 20 (inteira) pelo eventim.com.br ou na 
bilheteria do teatro. Informações: (31) 3516-1000

* Estagiário sob  a supervisão da subeditora Tetê Monteiro


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