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Estado de Minas MÚSICA

Show 'Pixinguinha como nunca' chega a BH com inéditas do mestre do choro

Sexteto do Nunca vai executar 26 peças do autor de 'Carinhoso'. Marcelo Vianna, neto do compositor, faz parte do grupo


28/04/2022 04:00 - atualizado 27/04/2022 23:59

Carlos Malta, Henrique Cazes, Marcelo Vianna, Marcus Suzano, Marcelo Caldi e Silvério Pontes formam o Sexteto do Nunca
Carlos Malta, Henrique Cazes, Marcelo Vianna, Marcos Suzano, Marcelo Caldi e Silvério Pontes formam o Sexteto do Nunca (foto: Marília Figueiredo/Divulgação)

Um verdadeiro tesouro, que começou a chegar aos olhos – e ouvidos – do público a partir de dezembro do ano passado aporta, agora, em Belo Horizonte. Trata-se do show “Pixinguinha como nunca”, que apresenta um repertório de 26 obras do autor de “Carinhoso” que permaneciam inéditas.

Com direção artística de Marcelo Vianna, neto de Pixinguinha, e direção musical do músico, compositor e produtor Henrique Cazes, o espetáculo ocupa o palco do CCBB-BH – depois de passar pelas unidades do Centro Cultural no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília – a partir desta sexta-feira (29/4) e permanece em cartaz até domingo (1º de maio).

Para executar repertório tão precioso, Cazes criou o Sexteto do Nunca, grupo que ele, ao cavaquinho, integra com um time de craques da música brasileira –  Marcelo Caldi (sanfona), Carlos Malta (flauta e sax), Silvério Pontes (trompete e flugelhorn), Marcos Suzano (percussão) e João Camarero (violão de 7 cordas) –, contando ainda com a participação especial do próprio Marcelo Vianna, que canta alguns temas que, ao longo dos últimos tempos, ganharam letras assinadas por compositores convidados a embarcar no projeto.

“Tenho conhecimento dessas músicas inéditas desde criança. Cresci em companhia desse acervo caseiro, sabedor dessa informação, da existência de partituras do meu avô para arranjos sinfônicos, para grupos que ele integrou. Tinha aquele baú das inéditas ali no cantinho da casa”, diz Vianna. Ele destaca que depois que se profissionalizou como artista é que resolveu mergulhar no acervo e trazer à luz o que guardava.

Músico e ator, ele conta que antes de chegar ao material inédito, no entanto, priorizou outras ações em torno da obra já conhecida de seu avô. “A partir de meados da década de 1990 comecei a me dedicar mais a isso, montei musicais, gravei discos com arranjos sinfônicos, criei projetos diversos em torno da obra de Pixinguinha”, aponta.

Pixinguinha de terno branco e chapéu está sentado na mesa de um bar
Pesquisadores encontraram 50 peças inéditas de Pixinguinha (foto: Pedro de Moraes/divulgação)

PESQUISA NO IMS 

Paralelamente, uma equipe do Instituto Moreira Salles (IMS), para o qual o acervo foi entregue no início dos anos 2000, realizava, sob a batuta de Bia Paes Leme, um trabalho de catalogação, digitalização e certificação de todas as partituras. A esse trabalho desenvolvido pelo IMS somou-se, em 2017, uma varredura no material em posse de outros compositores e instrumentistas.

O resultado desse processo revelou mais de 50 músicas de Pixinguinha que jamais haviam sido gravadas – algumas apenas tocadas uma única vez em transmissões radiofônicas.

''Tenho conhecimento dessas músicas inéditas desde criança. Cresci em companhia desse acervo caseiro, sabedor dessa informação, da existência de partituras do meu avô para arranjos sinfônicos, para grupos que ele integrou. Tinha aquele baú das inéditas ali no cantinho da casa''

Marcelo Vianna, neto de Pixinguinha



A partir do encontro de Vianna com Henrique Cazes, em 2015, quando iniciaram a série de aulas-espetáculos intitulada “Pixinguinha: As 5 estações”, o projeto de jogar luz sobre o material inédito começou, de fato, a tomar corpo. “Durante dois anos circulamos com essa aula-espetáculo e, ao longo desse tempo, surgiu a vontade de fazer um projeto em cima das inéditas que estavam certificadas pela equipe do IMS”, explica Cazes.

Ele ressalta que Marcelo já havia desenvolvido muitos projetos em torno da obra do avô e que a soma de experiências foi decisiva. “Eu também já tinha feito muita coisa em torno dessa obra, então, depois de horas e horas de conversa, durante as viagens com a aula-espetáculo, a gente afinou uma concepção para apresentar o Pixinguinha inédito dessa forma que estamos apresentando agora”, explica Cazes.

A forma a que ele se refere tem a ver com o desejo de revelar o caráter de perene modernidade da obra em questão, o que justifica o convite para formar o Sexteto do Nunca, feito a músicos não diretamente associados ao universo do choro, como Carlos Malta ou Marcos Suzano. 

“O ponto em comum entre esses músicos, afora o fato de serem apaixonados pela obra de Pixinguinha, é a capacidade que eles têm de uma abordagem não conservadora. São pessoas interessadas em tocar esse repertório de uma forma que ainda não foi tentada. Cada um já vinha fazendo isso, com obras de outros autores, à sua maneira, em suas respectivas carreiras”, ressalta.

Pode parecer improvável que a produção de um nome de tamanha estatura no universo da música brasileira tivesse trechos ainda não revelados. Vianna explica que uma das razões para isso é o fato de seu avô ter produzido de forma constante e intensa.

“Ele compunha muito, praticamente o tempo inteiro, e acho que não deu tempo de dar vazão a essa obra toda. Meu pai dizia que ele ia jogando as composições dentro do baú e esquecia. Eu, como herdeiro, me organizei para conseguir fazer as coisas que precisavam ser feitas sobre a obra dele para agora poder abrir esse baú de inéditas com mais segurança”, salienta.

''O ponto em comum entre esses músicos, afora o fato de serem apaixonados pela obra de Pixinguinha, é a capacidade que eles têm de uma abordagem não conservadora. São pessoas interessadas em tocar esse repertório de uma forma que ainda não foi tentada''

Henrique Cazes, sobre o Sexteto do Nunca


REGISTRO FONOGRÁFICO 

Henrique Cazes adianta que o projeto “Pixinguinha como nunca” vai além da série de shows pelas unidades do CCBB – apresentados, inicialmente, em formato de lives, em dezembro do ano passado. Todas as músicas inéditas descobertas por meio da pesquisa vão ganhar registro fonográfico.

Serão gravados quatro álbuns com recortes temáticos. O primeiro deles, intitulado “Pixinguinha virtuose”, que começa a ser produzido na próxima semana, é o que fornece a maior parte do repertório do show que estreia amanhã em BH.

“Nesse trabalho, estarão reunidas as músicas que exigem um maior nível técnico de execução. É o eixo principal desse show com que estamos circulando, e as gravações vão contar com esse mesmo time de músicos, com os arranjos que criamos”, diz Cazes.

Ele aponta que os outros discos serão “Pixinguinha na roda”, com músicas mais comunicativas, propícias para as rodas de choro; “Pixinguinha internacional”, com temas que ele criou fora de seus gêneros habituais, como tango e one-step (estilo musical surgido nos EUA no início da década de 1910); e “Pixinguinha canção”, com temas adaptáveis ao formato, que estão ganhando letras de compositores convidados.

“PIXINGUINHA COMO NUNCA”

Show com o Sexteto Do Nunca, nesta sexta-feira (29/4), sábado (30/4) e domingo (1º de maio), sempre às 20h30, no Teatro I do CCBB-BH (Praça da Liberdade, 450, Funcionários). No sábado, às 17h, será realizado, no mesmo local, bate-papo com os músicos, com entrada franca. Ingressos a R$ 30 (inteira). Vendas na bilheteria do teatro ou pelos sites www.bb.com.br/cultura e www.eventim.com.br. Informações: (31) 3431 9400


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