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Estado de Minas MÚSICA

No disco 'Sob o signo do amor', Dulce Quental se alia à nova geração da MPB

Produzido por Jonas e Pedro Sá, álbum autoral traz 11 faixas que revelam novas facetas da ex-integrante da banda Sempre Livre


24/03/2022 04:00 - atualizado 24/03/2022 16:42

Dulce Quental toca violão e olha para a câmera
Dulce Quental assume de vez o lado cantautora no disco que chega hoje às plataformas digitais (foto: Nana Moraes/Divulgação)

Sem gravar desde 2004, quando lançou o álbum “Beleza roubada” (Sony/BMG), a cantora e compositora Dulce Quental continuou trabalhando a todo vapor. E está de volta com “Sob o signo do amor”, que chega nesta quinta-feira (24/3) às plataformas digitais. É o sexto disco solo dela.

Cantautora militante, Dulce se dedica à produção autoral desde “Beleza roubada”. “Em 2004, comecei um trabalho de pesquisa, pois consegui encontrar um caminho mais perto da questão autoral. Ou seja, uma voz narrativa que veio um pouco da minha percepção e das características de um compositor, tanto por meio das suas qualidades quanto de suas limitações.”

Destaque da banda de rock oitentista Sempre Livre, Dulce aposta no próprio estilo em sua jornada solo. “Nos últimos anos, vinha compondo com vários artistas, porque minha carreira, depois que saí da banda, foi irregular, intermitente”, afirma.

BASTIDORES

“Vaga-lumes fugidios”, faixa do novo disco, expressa bem o que Dulce quer. “O vaga-lume tem pisca-pisca, aparece e desaparece. Sou meio assim, escondo, apareço. Quando sinto que tenho algo forte para dizer, entro na linha de frente. Quando sinto que não preciso estar na linha de frente, fico mais no bastidor”, observa.
 
Depois de gravar os LPs “Délica” (1986), “Voz azul” (1987) e “Dulce Quental” (1988), ela preferiu os bastidores. “Tive uma filha aos 36 anos, me formei em jornalismo, escrevi um pouco para jornais da área de cultura e fiquei trabalhando com meu ex-marido, que é produtor artístico”, relembra Dulce.

''O vaga-lume tem pisca-pisca, aparece e desaparece. Sou meio assim, escondo, apareço. Quando sinto que tenho algo forte para dizer, entro na linha de frente. Quando sinto que não preciso estar na linha de frente, fico mais no bastidor''

Dulce Quental, cantora e compositora



Na década de 1990, ela compôs para Frejat e a banda Barão Vermelho. Criava mais letras que melodias. “Sou numa pessoa mais da palavra que da melodia. Quando compunha e procurava parceiros, era sempre fazendo letras.”

Mas essa história mudou, ela passou a tocar mais violão. “Às vezes, tinha muita coisa para dizer, muitas ideias, mas nem sempre havia parceiros. Se dava letra para o Frejat, ficava uma coisa. Se desse para outra pessoa, ficava algo completamente diferente. Percebi que a melodia é que interpretava a letra”, observa.

A Dulce melodista surgiu dessa necessidade de expressão. “'Beleza roubada' traz várias composições minhas, mas a letra ainda está mais pesada do que a melodia.” A partir dali, ela se dedicou à pesquisa como cancionista. “O trabalho amadureceu neste novo álbum”, conta, observando que das 11 faixas de “Sob o signo do amor”, apenas duas não são assinadas apenas por ela.

“Musiquei poemas e letras, acho que encontrei uma medida. Pensei: não é possível que não consiga fazer minhas próprias músicas. Vou trabalhar com os recursos que tenho, mesmo que não seja uma grande melodista, mesmo que não domine a parte harmônica do instrumento”, explica.

A pandemia acabou sendo positiva para o processo de criação da cantautora. No início de 2020, ela se isolou em uma casa em Angra dos Reis, no litoral fluminense.

''Como compositora, me incomodava muito essa coisa de ficar parada nos anos 1980. As pessoas têm demanda de mim sempre em relação ao passado. Não posso viver do passado, tenho tanta coisa para dizer''

Dulce Quental, cantora e compositora



 “Sozinha, trabalhando com o silêncio, fui encontrando o diálogo entre letra e música. Acho que ‘Sob o signo do amor’ tem um equilíbrio muito bom, as composições são equilibradas nesse aspecto.”

O novo disco, segundo ela, é canto falado, um “sussurro ao pé do ouvido”. “A MPB tem muito disso, a bossa nova trouxe isso. A fala disfarçada em canto, uma conversa”, observa.

Em meio à profunda mudança do mercado fonográfico, a cantora e compositora abriu a Editora Cafezinho. “Comecei a trazer alguns parceiros e a trabalhar com vários autores novos também”, relembra. “Trouxe o Zé Manuel, compositor pernambucano. Para mim, um dos maiores que surgiram nessa nova geração.”

Trabalhar com jovens parceiros significa renovação. “Como compositora, me incomodava muito essa coisa de ficar parada nos anos 1980. As pessoas têm demanda de mim sempre em relação ao passado. Não posso viver do passado, tenho tanta coisa para dizer”, explica, deixando claro que não renega o que já fez.

DIÁLOGO PROMISSOR

O novo disco foi produzido por Jonas Sá e Pedro Sá. Ela pediu à dupla de produtores respeito às características de seu trabalho, “às minhas respirações, às minhas pausas e ao meu violão”. Funcionou, e Dulce está satisfeita com o seu diálogo com a nova geração.

“Tem a riqueza dessa conversa entre mim e os meninos. Isso é importante. Esse disco é mais sensorial, musical porque é menos cerebral”, comenta. “Estou me dando melhor com as harmonias, então há um crescimento em nível musical mesmo”, conclui.

Também participaram do disco os músicos Jacques Morelembaum (cello), Itamar Assiere (piano), Marcelo Costamas ( vassourinha) e Mariano Gonzáles (bandoneon).

Capa do disco Sob do signo do amor, de Dulce Quental, se divide em duas fotos. Uma mostra praia em dia de sol. A outra mostra o perfil de mulher
(foto: Cafezinho/reprodução)

“SOB O SIGNO DO AMOR”

Disco de Dulce Quental
Cafezinho Edições
11 faixas
Disponível nas plataformas digitais


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