(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas MÚSICA

Mitski, a cantora da lista de Barack Obama, lança o disco 'Laurel hell'

Destaque da cena alternativa, artista sino-americana se apresentou para multidões, pensou em abandonar a carreira musical e agora busca nova sonoridade


10/02/2022 04:00 - atualizado 10/02/2022 03:43

A cantora nipo-americana Mitski está quase deitada em um sofá vestido calça e blusa azuis
A cantora nipo-americana Mitski questiona a indústria musical em suas letras (foto: Ebru Yildiz/divulgação)
Em dezembro do ano passado, conforme manda a tradição, Barack Obama divulgou nas redes sociais a lista com suas músicas favoritas de 2021. Além das escolhas óbvias, como “Montero (Call me by your name)”, de Lil Nas X, o ex-presidente dos Estados Unidos incluiu, entre as 27 canções escolhidas, “The only heartbreaker”, da cantora nipo-americana Mitski, uma das faixas do álbum “Laurel hell”, que ela acaba de lançar. Figurar na lista de Obama não é atestado de qualidade, mas pode fazer com que mais pessoas se interessem pela artista.

Quem acompanha o mundo da música alternativa um pouco mais de perto certamente já ouviu falar de Mitski, sobretudo depois de seu elogiado quinto álbum, “Be the cowboy”, lançado em 2018.

NOVA APOSTA

Eleito o disco do ano por diversas publicações especializadas, o trabalho foi responsável por colocar sobre a artista o peso de ser a grande nova aposta musical e, ao mesmo tempo, forçá-la a sair de cena durante o que seria o auge da carreira, iniciada em 2012.

Em setembro de 2019, Mitski se apresentou diante de verdadeira multidão no Central Park, em Nova York, e anunciou que aquele seria seu último show por “tempo indeterminado”. Nas redes sociais, alegou que o hiato não significava aposentadoria precoce.

Nos bastidores, no entanto, a conversa era outra, como ela revelou em entrevista à revista americana Rolling Stone. “Na minha cabeça, aquele era o último show que faria, e então eu desistiria e encontraria outra vida”, explicou.

O que a fez mudar de ideia foi justamente estar no palco diante do público. Por ironia do destino, 2020 chegou e ela ficou impedida de se apresentar ao vivo por conta da pandemia. Em casa, Mitski também se deu conta de que devia à gravadora Dead Oceans, por contrato, mais um álbum inédito. E foi assim que “Laurel hell” começou a nascer.



Como a COVID-19 dilatou a noção de tempo, o hiato da artista durou apenas dois anos, período em que ficou distante das redes sociais. O retorno ocorreu em outubro de 2021 com o lançamento do single “Working for the knife”. Imersa em sintetizadores, Mitski canta sobre suas angústias em relação à indústria musical.

Para anunciar que o álbum estava a caminho, em novembro ela lançou a dançante “The only heartbreaker”, a canção da lista de Obama. Com atmosfera oitentista, a gravação parecia mostrar que Mitski tinha feito as pazes com o mainstream ao unir produção acessível com letra pegajosa, sem deixar de ser confessional.

Em dezembro, ela provou que a coisa não era tão simples assim, ao lançar a sombria “Heat lightning”, que fala sobre insônia. Em janeiro, chegou o quarto e último single, “Love me more”, outra faixa dançante em que ela aborda diretamente a vontade de desistir da carreira na música.

Todos esses singles já davam uma boa noção de como “Laurel hell” seria. Produzido pela própria artista em parceria com Patrick Hyland, o trabalho de onze faixas distribuídas em 32 minutos representa mudança significativa na sonoridade que Mitski estabeleceu para si mesma desde o experimental “Lush” (2012), feito como trabalho de conclusão de faculdade.

ELETRÔNICA

Bastante influenciado pelos anos 1980 e cheio de sons eletrônicos, o sexto trabalho de Mitski é musicalmente distante da crueza dos álbuns “Retired from sad, new career in business” (2013) e “Burry me at makeout creek” (2014) e da presença das guitarras em “Puberty 2” (2016) e “Be the cowboy” (2018).

As canções “Valentine, Texas”, “Stay soft”, “Everyone”, “Should've been me” e “That's our lamp” são dançantes e reflexivas, parecem influenciadas principalmente pelo pop sueco do ABBA. Apesar disso, o álbum guarda espaço para baladas melancólicas como “There's nothing left for you” e “I guess”.

Embora não seja o melhor álbum de Mitski até aqui, “Laurel hell” tem o mérito de abrir o leque de possibilidades para uma artista que cresceu aos poucos até conquistar o reconhecimento da indústria. Para quem estava prestes a desistir da carreira justamente por conta do sucesso, ela agora corre o risco de alcançar um público ainda maior.
A cantora Mitski posa de olhos fechados, com o rosto reclinado, na capa do disco Laurel hell
(foto: Dead Oceans/reprodução)

“LAUREL HELL”

• Disco de Mitski
• 11 faixas
• Dead Oceans
• Disponível nas plataformas digitais


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)