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Estado de Minas CARREIRA

Músicos são mais suscetíveis à depressão, segundo estudo

Pesquisa feita na França apontou que 72% dos entrevistados apresentavam sinais depressivos, em comparação com a média de 12% da população em geral


09/02/2022 04:00 - atualizado 09/02/2022 02:52

De camisa branca, gravata borboleta preta e pulover preto e branco, stromae canta em frente a microfone
Ao lançar recentemente a canção ''Inferno'', o belga Stromae falou abertamente sobre seu quadro depressivo (foto: Matthew Eisman/ AFP / GETTY IMAGES NORTH AMERICA)

O cantor belga Stromae causou sensação recentemente no telejornal de maior audiência na França, ao falar, de modo aberto, sobre sua difícil depressão e sobre as ideias de suicídio que teve nestes últimos tempos.

"L'enfer" ("Inferno'') foi a música de Stromae em um horário de audiência máxima na França. Um grito para chamar a atenção para os transtornos mentais gerados pela pandemia da COVID-19, ou pela pressão da popularidade de diversos astros das redes sociais.

"Tive pensamentos suicidas e não me orgulho disso", cantou o artista, abatido por uma longa doença agravada pela chegada da pandemia.

Os transtornos mentais não são novos na música pop. São o que levou a estrela do blues Janis Joplin a uma ovedose de droga fatal, em 1970; ao suicídio de Kurt Cobain, do grupo Nirvana, em 1994; e à longa luta com a esquizofrenia de Brian Wilson, o criador dos Beach Boys. 

REDES SOCIAIS

No início do rock and roll e durante décadas, os músicos se esconderam sob a imagem de "artistas torturados". Em um mundo constantemente controlado pelas redes sociais, porém, as novas gerações preferem abordar esses problemas de forma direta.

É o caso de Lady Gaga e sua estreia difícil como artista; de Billie Eilish e suas angústias adolescentes, de Adele e seus problemas com o álcool.

Entre 2017 e 2019, vários suicídios provocaram a desolação de fãs e do setor musical: o astro da música eletrônica Avicii; Keith Flint, do The Prodigy; Chris Cornell, do Soundgarden; Chester Bennington, do grupo Linkin Park. 

"Todos eles morreram em menos de três anos", afirma Rhian Jones, jornalista britânico que escreveu o livro "Sound advice" ("Bom conselho", em tradução livre) para ajudar os músicos.

"A indústria não pode mais ignorar sua responsabilidade sobre a saúde de seus artistas, ou negar a existência de pressões específicas que acompanham uma carreira musical", acrescenta.

ALARMANTE

Vários estudos comprovaram o nível de depressão, ou transtornos mentais sofridos por músicos profissionais, acima da média de muitos outros setores.

Insaart, um órgão francês que fornece ajuda psicológica a artistas e técnicos, afirma que 72% dos entrevistados em um desses estudos apresentavam sinais de depressão, em comparação com a média de 12% da população em geral.

Outro estudo feito na Austrália diz que uma carreira musical plena pode chegar a reduzir a expectativa de vida em 20 anos.

O temperamento dos artistas desempenha um papel nada desprezível no momento de se lançar no mundo da música e enfrentar esses riscos. Mas, muito além do estrelismo, nos bastidores, os músicos profissionais sofrem com a falta de segurança trabalhista, as turnês incessantes, as longas jornadas de trabalho...

"A música tem a fama de ser um trabalho apaixonante, então resiste a essa ideia de que eles têm que agradecer, e não reclamar", afirma a psicóloga e ex-manager Sophie Bellet, que ajudou a organizar a pesquisa do INSAART. 

Irna, uma cantora de Camarões que se estabeleceu na França, confessa que o pior momento é quando uma turnê chega ao fim. "Quando a turnê acaba, você se pergunta: 'Por que estou aqui?' Você se sente perdido em meio aos instrumentos. Não é uma vida real", diz. 


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