Selena Gomez, Martin Short e Steve Martin viram detetives amadores quando um morador do edifício em que moram morre em'Only murders in the building'

Selena Gomez, Martin Short e Steve Martin viram detetives amadores quando um morador do edifício em que moram morre em"Only murders in the building"

STAR/DIVULGAÇÃO

Steve Martin, de 76 anos, e Martin Short, de 71, são amigos e veteranos da comédia americana – nos cinemas e nos palcos. Mas a parte mais relevante de sua produção está no passado. Selena Gomez, de 29, é uma atriz e cantora pop, popular entre a geração millenial. 

A improbabilidade de uma parceria entre esse trio é o ás na manga de “Only murders in the building”, produção criada por Steve Martin (aqui fazendo sua primeira série de TV) e John Hoffman (o criador de “Grace and Frankie”). 

Lançada no último dia 31 de agosto junto com a chegada do Star+ na América Latina, a comédia é, de longe, a melhor atração entre os inéditos da plataforma. São 10 episódios – com cinco já lançados; a cada terça-feira entra no ar um novo capítulo. Nesta semana, houve o anúncio de que “Only murders” foi renovada para uma segunda temporada.

CONFUSÃO 
É uma confusão tremenda em que os três se metem, conforme a sequência inicial logo mostra. Mabel (Selena) aparece suja de sangue, inclinada sobre um corpo. Quando avista Charles (Steve Martin) e Oliver (Martin Short), afirma o inevitável “não é o que vocês estão pensando”. A partir deste prólogo, a história volta dois meses no tempo.

Charles é um ator decadente que fez muito sucesso no passado com a série policial “Brazzos” – e ainda hoje é reconhecido por ela. Oliver também já viveu dias melhores – foi um diretor de prestígio na Broadway, até se tornar o protagonista do maior fracasso que os palcos de Nova York já viram. E Mabel, bem, pouco se sabe dela, a não ser que anda com indefectíveis fones de ouvido Beats. 

LUXO 
No início da série, os três não se conhecem, mas têm pontos em comum. Vivem sozinhos em apartamentos do Arconia, um luxuoso edifício pré-guerra do Upper West Side, em Nova York (o prédio é ficcional, mas seu exterior foi filmado no The Belnord, um condomínio de luxo em Manhattan), e são aficionados por podcasts de crimes reais (hoje uma indústria nos EUA). Até que uma morte os une. 

Em uma noite, Tim Kono (Julian Cihi), outro morador do Arconia, é encontrado morto. A polícia acredita em suicídio, mas o trio, que se conhece na cafeteria do prédio, acha que ele foi assassinado. Acabam se aproximando e decidem investigar o caso para criar seu próprio podcast, “Only murders in the building”. O diferencial de seu produto em relação aos concorrentes será o fato de o podcast se concentrar em assassinatos naquele edifício.

O mote é apenas uma desculpa para uma sequência de situações absurdas. Como detetives amadores, eles fazem o óbvio. Reviram o lixo, bisbilhotam na casa de vizinhos. O Arconia é um edifício de luxo, então tem moradores célebres. Sting (o próprio) é dado como suspeito. É hilário o diálogo dele com o Oliver de Martin Short, que conversa com o músico fazendo trocadilhos com as canções do Police (a graça se perde na tradução da legenda, vale dizer).

HUMOR 
É Short, na verdade, a alma da série. Seu personagem – autocentrado, mentiroso, engraçado e ridículo ao mesmo tempo – dispara tiradas rápidas e hilárias. É um contraponto ao Charles de Steve Martin, também ensimesmado, mas de gênio difícil e de humor autodepreciativo. 

A Mabel de Selena está sempre desconfiada – e ela esconde algo, logo fica claro. A união dos três acaba funcionando, a despeito das diferenças. Parte das piadas remete ao fato de que eles são velhos e de que ela não sabe (ou finge não saber) de nada da vida.

Sting é apenas a cereja do bolo das participações. Tina Fey aparece como Cida Canning, a maior referência entre os podcasts de crimes (e uma paródia da jornalista Sarah Koenig, que hoje comanda o “Serial”, uma das iniciativas do gênero de maior sucesso nos EUA). 
Nathan Lane aparece como outro vizinho do Arconia e patrocinador do “Only murders”; Amy Ryan como uma fagotista, também moradora do prédio, com um interesse amoroso pelo arredio Charles.

Cada episódio vai adentrando na vida de um possível suspeito e nos desdobramentos que a investigação traz para a trajetória dos três “detetives”. “Only murders” é sobre juventude e envelhecimento, sobre diferenças de gerações, sobre solidão e amizade em Nova York. Quanto ao crime, resolvê-lo (ou não) é o que menos importa.   



“ONLY MURDERS IN THE BUILDING”
Série em 10 episódios na plataforma Star . Um novo episódio a cada terça-feira.