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Estado de Minas MÚSICA

Pedro Luís faz show em homenagem a Luiz Melodia na Cosmococa

Repertório inclui letra censurada pela ditadura que permaneceu inédita. Apresentação irá ao ar a partir das 11h deste sábado (14/08)


14/08/2021 04:00 - atualizado 14/08/2021 08:14

Apresentação foi gravada na galeria Cosmococa e irá ao ar a partir das 11h de hoje, via site e redes sociais do Inhotim (foto: Raval Filmes/Divulgação)
Apresentação foi gravada na galeria Cosmococa e irá ao ar a partir das 11h de hoje, via site e redes sociais do Inhotim (foto: Raval Filmes/Divulgação)

Pedro Luís é a atração deste sábado (14/08) na programação do Inhotim em Cena, em show gravado na cobertura da galeria Cosmococa. Acompanhado pela Orquestra de Câmara Inhotim, com regência do maestro César Timóteo, o cantor e compositor homenageia o amigo Luiz Melodia (1977-2017), com repertório do álbum “Vale quanto pesa” (2018). A transmissão começa às 11h, pelo site e mídias sociais do Inhotim. 

Pedro Luís é o fundador do Monobloco, um dos mais conhecidos blocos de carnaval do Rio de Janeiro, e fez sucesso com a banda A Parede. O tributo exibido no Inhotim em Cena teve início com o show "Pérolas negras”, dedicado ao álbum homônimo de Luiz Melodia, meses após o falecimento do artista, em decorrência de um câncer, aos 66 anos. 

“O meu objetivo era fazer essa homenagem ao disco que foi fundamental no começo da minha adolescência ("Pérolas negras”, 1973), que talvez tenha sido definitivo na minha escolha de seguir o caminho da música. É um disco muito generoso em diversidade e, ao mesmo tempo, com o DNA de compositor e cantor do Luiz. Começamos a rodar com esse espetáculo e fiquei com o desejo de gravar esse caminho que a gente encontrou para as canções do Luiz”, afirma Pedro Luís, de 60 anos.

INÉDITA

O resultado foi registrado no álbum “Vale quanto pesa” (2018), com repertório de Luiz Melodia, que inclui outras canções interpretadas por ele, como “A voz do morro”, de Zé Keti, “Maura”, de Oswaldo Melodia (seu pai), e “Negro gato”, sucesso de Roberto Carlos. 

As faixas ganharam novos arranjos por Pedro Luís e sua banda. O grande destaque é “Feto, poeta do morro”, música de Luiz Melodia que, censurada pela ditadura militar, permaneceu inédita e agora foi lançada com exclusividade na versão de luxo do disco. 

A composição foi cedida pela viúva de Melodia, Jane Reis. “Feto, poeta do morro” foi escrita em homenagem à mãe de Luiz Melodia, que estava grávida e perdeu o bebê. Devido à censura do regime militar, o artista deixou a composição de lado e, por isso, a faixa nunca foi gravada com sua voz. O desafio de Pedro Luís foi encontrar uma forma de interpretá-la em sintonia com o estilo do compositor. 

“A  missão foi descobrir como fazer aquela canção maravilhosa, com uma letra forte, uma história bonita e imagens muito fortes. Era descobrir o que faria para não estragar (a faixa) e representar uma coisa sobre a qual não havia referência anterior. Eu gosto muito do resultado”, afirma.  

Pedro Luís comenta que não entende por que razão a letra de “Feto, poeta do morro”, que traça paralelos entre o Rio de Janeiro e as peculiaridades do Brasil dos anos 1970, foi barrada pela ditadura. “Eu não sei exatamente o que eles (os militares) acharam e, talvez, por também não saber, o Luiz tenha se desiludido com a história da canção, que era sobre uma coisa muito particular dele.” No caso, a perda de um irmão ainda na gestação. 

A faixa faz parte da apresentação de Pedro Luís no Inhotim em Cena. Os arranjos para as cordas foram escritos pelo maestro César Timóteo. É a primeira vez que a canção é interpretada por uma orquestra. O repertório do show também inclui alguns clássicos de Luiz Melodia, como “Estácio, eu e você”, "Pérola negra”, “Magrelinha” e "Juventude transviada". 

“Essa possibilidade de cantar com uma orquestra jovem, formada no Inhotim, envolve uma quantidade de ingredientes significativos e muito interessantes. Isso me proporcionou talvez a maior viagem musical da minha vida”, diz Pedro Luís. A Orquestra de Câmara Inhotim, formada por jovens de Brumadinho e estudantes de música de outras regiões de Minas Gerais, integra o projeto sociocultural Escola de Música Inhotim.    

“A orquestra é muito boa. O maestro César Timóteo é uma delicadeza de pessoa, além de ser de um talento e competência extremas. É muito bom trabalhar com ele.  A gente ficou tão feliz com esse encontro que a nossa vontade é poder excursionar com isso. É um desejo que a gente está vibrando tão forte que é possível que ele vire verdade”, diz Pedro Luís.  

A apresentação no Inhotim estava agendada para abril do ano passado e foi suspensa em virtude da pandemia. A nova data viabilizou a participação da orquestra na programação do Inhotim em Cena - que já recebeu artistas como Arnaldo Antunes, Otto e Jards Macalé neste ano. O show tem aproximadamente 30 minutos de duração e Pedro Luís (voz e a guitarra) está acompanhado também de Élcio Cáfaro (bateria), Miguel Dias (baixo) e Pedro Fonseca (teclados). 

O cantor e compositor vê paralelos entre a instalação Cosmococa, de Hélio Oiticica e Neville D’Almeida, e o trabalho de Luiz Melodia. “Uma coisa que para mim é muito curiosa é essa observação de o Luiz ser um poeta que desceu do morro (São Carlos, RJ) para ensinar uma história e o (Hélio) Oiticica tem uma relação estreita com o morro da Mangueira (RJ), que ele sobe para aprender sobre um outro mundo. Para mim, aquilo era muito emblemático em cima da Cosmococa”, diz.

Inhotim em Cena 

Com Pedro Luís e Orquestra de Câmara Inhotim

Neste sábado (14/08), às 11h. Transmissão no site inhotim.org.br e mídias sociais do Instituto de Arte Contemporânea: Instagram (@inhotim), Facebook (/ inhotim) e no canal do instituto no YouTube (InstitutoInhotim) .

*Estagiário sob a supervisão da editora Silvana Arantes


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