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Estado de Minas LITERATURA

Lázaro Ramos enfrenta a pandemia escrevendo para as crianças

Ator fala de liberdade, autonomia e superação nos livros 'O pulo do coelho' e 'Edith e a velha sentada', que acaba de ganhar nova edição


19/06/2021 04:00 - atualizado 19/06/2021 07:45

Lázaro Ramos diz que seus livros trazem assuntos que ele nunca conversou com os adultos quando era criança(foto: Julia Rodrigues/divulgação)
Lázaro Ramos diz que seus livros trazem assuntos que ele nunca conversou com os adultos quando era criança (foto: Julia Rodrigues/divulgação)


Edith é muito introvertida. Menina cheia de criatividade, mas voltada para o mundo interior. Olhando assim, até dá para fazer uma aproximação entre Edith e estes tempos pandêmicos, quando todos precisam se recolher e olhar mais para dentro de si. Mas a personagem de “Edith e a velha sentada”, livro de Lázaro Ramos, que foi criada em 2010, muito antes da pandemia, agora ganha nova edição.

A garota tímida está de volta junto de “O pulo do coelho” – este, sim, inédito. Lázaro conta a história do menino de 11 anos que sonha em ser coelho de cartola com aspirações a um papel maior que o de acessório de mágico. Autonomia, superação das frustrações e liberdade são temas do quinto livro infantil do ator e escritor.
“Se quiser fazer uma associação com o momento que estamos vivendo, esse livro fala sobre autonomia e liberdade, mas também sobre a relação das famílias na pandemia”, explica Lázaro. “Com todo mundo em casa, os pais pediram mais participação dos filhos nas atividades, como escovar dente sozinho, arrumar cama, tirar prato da mesa e cuidar da limpeza. 'O pulo do coelho' é uma saga em busca da liberdade e da autonomia. Quando o coelho adquire liberdade e cria confiança, ele não sabe lidar com a liberdade.”

A ousadia do coelho está anos à frente da menina Edith, espelho da infância do próprio autor. “Ela tem muito da criança que fui. Eu tinha muita criatividade, mas não tinha coragem, era tímido para compartilhar com as pessoas, então me recolhia. Edith se recolhe e fica ali na sua cabeça, vivendo outros mundos. Fui muito isso, fui essa criança”, conta.

FILHOS 


Escrever é salvação quase diária para Lázaro Ramos. Ele garante que faz isso sem nenhuma organização e, no caso dos livros infantis, aprende muito com os filhos. A escrita é caótica, pode vir em um pedaço de papel ou guardanapo, em mensagem de WhatsApp para a mulher, Thaís Araújo, ou na agenda eletrônica. “Só escrevo e, depois que está pronto, entendo para o que é. Como não tenho obrigação de lançar um livro por ano, tudo vem com liberdade e aceito esse processo”, revela. “Todo dia escrevo um pouco, sem obrigação de resultado. É um momento em que não me sinto cobrado de algo.”

No caso dos livros infantis, os temas nascem intuitivamente, mas sempre ancorados na vontade de falar de coisas sobre as quais ele não conversou com ninguém durante a infância. Humor, ludicidade, emoção e autoestima são pontos centrais da escrita de Lázaro.

“São assuntos que, na infância, não passavam perto de mim. É muito legal descobrir como conversar com as crianças sobre esses assuntos e na linguagem adequada para elas. Muitas vezes, a gente vai aprender a pensar sobre e conversar sobre isso mais velho”, diz.

A convivência e as conversas com os filhos João Vicente e Maria Antônia são inspiração o tempo todo. “Meus livros têm algo deles, algo que me ensinou alguma coisa, jeito de falar, linguagem a ser usada”, comenta. Conversas, aliás, têm pautado a rotina de Lázaro durante a pandemia.


FUNÇÃO 


O ator sabe que não será possível voltar ao palco ou aos sets de maneira mais constante e segura tão cedo. Atualmente, grava pequena participação na série “Aruanas”. “O momento não é ficar na ansiedade de exercer meu trabalho do jeito que gosto. Estou entendendo que minha função no mundo não será artística apenas”, explica. Por isso, mergulha com dedicação em séries de bate-papos on-line com estudantes e lives com empreendedores autônomos.

“Manter uma atividade assim nas escolas, que vêm tendo aula on-line, acaba ajudando. Estou muito feliz de poder fazer isso. Tem muita gente precisando de auxílio, e estou entendendo que a minha função, no momento, é essa”, avisa. “Importante é isto: ter uma voz e fazer uso dela.”

(foto: Pallas/reprodução)
(foto: Pallas/reprodução)

“EDITH E A VELHA SENTADA”
De Lázaro Ramos
Pallas
64 páginas
R$ 49


(foto: Carochinha/reprodução)
(foto: Carochinha/reprodução)


“O PULO DO COELHO”
De Lázaro Ramos
Carochinha
48 páginas
R$ 39,90


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