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Filme 'Luca', estrelado por meninos-monstros, prega o respeito à diferença

A aguardada animação da parceria Disney-Pixar estreia hoje, disposta a brigar por espaço no bilionário mercado do streaming


18/06/2021 04:00 - atualizado 18/06/2021 00:17

Os jovens amigos Luca e Alberto enfrentam o mundo na animação da Pixar/Disney que estreia hoje (foto: Fotos: The Walt Disney Studios/divulgação)
Os jovens amigos Luca e Alberto enfrentam o mundo na animação da Pixar/Disney que estreia hoje (foto: Fotos: The Walt Disney Studios/divulgação)

Com extensa lista de prêmios e indicações no Oscar, as parcerias entre Disney e Pixar costumam gerar grande expectativa. “Luca” havia sido anunciado em 30 de julho de 2020, como “a história de um menino em um verão inesquecível em uma cidade litorânea da Riviera italiana”. A espera termina nesta sexta-feira (18/06), com a estreia do filme cuja trama tem várias camadas além da descrição inicial. Repetindo características já vistas em outras produções do estúdio, o lançamento é também mais um trunfo da plataforma Disney+ na disputa pela audiência no bilionário mercado do streaming.
Conforme o prometido, a história se passa na costa mediterrânea da Itália, mas a ambientação vai além de um simples cenário. Se no vencedor do Oscar de melhor animação em 2018, “Viva – A vida é uma festa”, a cultura mexicana aparece fortemente detalhada no enredo e no visual, o mesmo ocorre em “Luca” com a Ligúria, na Itália.

RENASCENÇA
A começar pelos personagens. Luca, o protagonista, é, na verdade, um monstro marinho. A inspiração vem das fábulas locais e de lendas sobre criaturas submarinas apavorantes presentes na cartografia renascentista. Porém, o astro é um ser adorável, pré-adolescente que vive uma rotina pacata no fundo do mar com a família. Ele cuida da criação de peixes e janta diariamente com o pai, Lorenzo, e a mãe, Daniela, além da vovó, a “Nona”.

Extremamente disciplinado, ele segue à risca a instrução de jamais emergir à superfície ou dar chance de que algum “monstro terrestre” – ou seja, ser humano – o veja. Porém, a curiosidade pelo mundo fora da água vai aumentando, sobretudo quando ele conhece o destemido Alberto, outro “garoto monstro marinho”, um pouco mais velho e destemido.

Alberto mostra a Luca que é possível sair da água. Quando isso ocorre, a dupla assume a forma humana. Incentivado pelo amigo a superar o medo e as instruções da família, Luca parte numa aventura de descobertas no mundo de novidades em terra firme.

"Esse filme é sobre as amizades que nos transformam (%u2026) É uma carta de amor aos verões da nossa juventude %u2013 aqueles anos de formação quando estamos descobrindo quem somos"

Enrico Casarosa, diretor



A premissa inicial é simples. Os dois meninos estão deslumbrados com coisas banais da nossa realidade, totalmente inéditas para eles. O maior fascínio é a Vespa, moto muito popular na Itália, sobretudo nos anos 1950 e 1960, época em que a trama se passa.

Disposta a adquirir uma Vespa para viajar pelo mundo, a dupla vai ao vilarejo Portorosso. Os dois precisam se manter secos, pois retomam a aparência de monstros quando entram em contato com a água. No primeiro passeio pelas ruas, percebem, por meio de arpões e monumentos públicos, que, embora a população os trate como criaturas imaginárias, os monstros não são bem-vindos.

A trajetória dos garotos em busca da sonhada motocicleta é permeada por outros aspectos que aprofundam a narrativa, como é de praxe em produções da Pixar e Disney. “Esse filme é sobre as amizades que nos transformam”, disse o diretor Enrico Casarosa, no material de divulgação oficial do filme.

“É uma carta de amor aos verões da nossa juventude – aqueles anos de formação quando estamos descobrindo quem somos”, afirmou o italiano, que nasceu em Gênova, principal cidade portuária da Ligúria. E retrata minuciosamente o universo que conhece bem. Comidas, expressões linguísticas, paisagens e tradições daquela região se fazem muito presentes nas cenas.

O roteiro trabalha a amizade de várias maneiras. Alberto se mostra corajoso e determinado, mas esconde inseguranças. Luca tem atitudes comedidas, vive com medo de desagradar os pais, mas é capaz de atos grandiosos. Embora Alberto guie o protagonista, fica evidente a troca entre eles.

Simpáticos monstros marinhos se transformam em pré-adolescentes em meio às belezas italianas
Simpáticos monstros marinhos se transformam em pré-adolescentes em meio às belezas italianas


MENINA
A convivência ganha novos contornos com o surgimento de Giulia Marcovaldo, principal presença feminina na trama. A garotinha passa férias em Portorosso e ajuda o pai, dono da peixaria, no trabalho. Inquieta e extrovertida, disputa anualmente a Copa Portorosso, em que os competidores precisam nadar, devorar um prato de massa e pedalar. Quem completar o circuito mais rapidamente ganha um prêmio em dinheiro.

Giulia é constantemente ridicularizada por Ercole Visconti, o valentão local, que já venceu a copa várias vezes. O vilão é pedante, debocha da menina por sempre derrotá-la na corrida, diz que ela tem cheiro de peixe. Logo encrenca com Luca e Alberto, por serem forasteiros. Giulia é a única que acolhe os dois meninos. Forma com eles uma equipe para disputar a copa, pois a dupla ambiciona o prêmio para comprar a sonhada Vespa.

Os três, que formam o time Os Excluídos, se conectam a outra dimensão existencial dessa trama lúdica. A aceitação das diferenças e da diversidade, tema de animações da Pixar, é marcante em “Luca”. Enquanto a história se desenrola em divertidas cenas, mostra-se o quão injustificada e errônea é a aversão pelo diferente, metaforizado pelos monstros marinhos.

As relações familiares são outra camada no enredo. Assim como em “Procurando Nemo” (2003), um dos maiores da Pixar, há certo conflito entre o jovem sedento por novas descobertas e a família.
Os pais de Luca são irredutíveis em relação a qualquer experiência entre os perigosos humanos. A personalidade de Alberto guarda relação com o fato de não ter família. Giulia tenta mostrar ao pai, o sisudo peixeiro Massimo, que a vida pode ter outras cores.

Ao divulgar o filme, a equipe comentou a inserção desses aspectos na trama. “Monstros marinhos, na verdade, são metáfora de se sentir diferente ou excluído. Adoro a ideia de que todos os nossos personagens se sentem, de alguma forma, diferentes ou estranhos. Luca e Alberto desejam profundamente fazer parte desse outro mundo, mas têm medo de não serem aceitos como são. Mesmo assim, eles amam ser monstros marinhos”, explicou Enrico Casarosa.

O cineasta dirige seu primeiro longa animado depois da indicação ao Oscar de Melhor curta-metragem em animação, em 2012, por “La luna”. A estatueta ficou com “Os fantásticos livros voadores do senhor Lessmore”.

A produtora Andrea Warren, que trabalhou nas animações “Valente” (2012) e “Wall.E” (2008), disse que “Luca” é “adorável” por ensinar a vivenciar experiências fora da família. “Luca descobre o poder de explorar e celebrar outra cultura, enquanto aprende a honrar e compartilhar a sua própria.”

DUBLAGEM
Ao se juntar ao catálogo de animações de sucesso da plataforma Disney , “Luca” conta com elenco renomado de dubladores. A versão original tem Jacob Tremblay como Luca, Jack Dylan Grazer como Alberto e Emma Berman como Giulia Marcovaldo. Sacha Baron Cohen também está entre os dubladores, mas sua participação é breve, dando voz a um tio do protagonista que pouco aparece.

A versão brasileira terá Rodrigo Cagiano dublando Luca e Pedro Miranda como Alberto. Claudia Raia empresta sua voz a Signora Mastroianni e Luís Miranda assume o posto de Baron Cohen.

“LUCA”
. Animação dirigida por Enrico Casarosa
. 96 minutos
. Disponível na Disney


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