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Estado de Minas MEMÓRIA

Adeus a Raul de Souza, lenda do jazz

Inventor do 'souzabone' e famoso por criativos improvisos, trombonista carioca morreu de câncer na garganta, na França


15/06/2021 04:00 - atualizado 15/06/2021 07:04

Raul de Souza aprendeu a tocar trombone aos 16 anos porque não tinha dinheiro para comprar um sax (foto: Emmanuelle Nemoz/divulgação)
Raul de Souza aprendeu a tocar trombone aos 16 anos porque não tinha dinheiro para comprar um sax (foto: Emmanuelle Nemoz/divulgação)

O músico carioca Raul de Souza, considerado um dos trombonistas mais importantes do mundo, morreu no domingo (13/06), aos 86 anos, na França, em decorrência de um câncer na garganta.

“O nosso herói brasileiro partiu para a eternidade, deixando para todos seu maior legado, sua música. Agradecemos imensamente o apoio que todos vocês sempre manifestaram”, afirmou a família do artista em comunicado divulgado nas redes sociais.

Respeitadíssimo no mundo do jazz, Raul é conhecido por inventar o ‘souzabone’, modelo de trombone elétrico com quatro pistões, desenvolvido a partir do instrumento tradicional, com três.

ARY 
Intuitivo e autodidata, ele se chamava João José Pereira de Souza. O nome artístico foi uma sugestão de Ary Barroso, durante o programa “Calouros em desfile”, transmitido pela extinta Rádio Mayrink Veiga.

Em agosto de 2019, em entrevista ao Estado de Minas, Raul de Souza contou que começou a aprender a tocar trombone aos 16 anos, em Bangu, no Rio de Janeiro, onde nasceu.

“Não tinha dinheiro para comprar um sax. Depois, achei essa minha decisão muito sábia, pois não faltavam bons saxofonistas no Brasil. A concorrência dos trombonistas era bem menor”, lembrou.

“Comecei tocando sozinho mesmo, observando músicos virtuosos como o Frank Rosolino, que depois se tornou meu amigo e veio ao Brasil trazido por mim”, revelou, referindo-se ao importante trombonista norte-americano (1926-1978).

Apaixonado por Louis Armstrong, esse criativo carioca imprimiu sonoridade particular à música de gafieira. Em 1957, Raul de Souza gravou seu primeiro disco como integrante da banda Turma da Gafieira, ao lado de Sivuca e Altamiro Carrilho. Ele, Carrilho e João Donato fizeram história na noite carioca, sobretudo no lendário Beco das Garrafas. Também fez parte da Turma da Pilantragem, cujo suingue conquistou o Brasil no fim dos anos 1960.

“À vontade mesmo”, o primeiro álbum solo dele, foi lançado em 1965. O trombonista trabalhou com Baden Powell, Maria Bethânia, Sérgio Mendes, Airto Moreira, Flora Purim e Milton Nascimento, entre outros.

Nos anos 1970, Raul se mudou para os Estados Unidos. Havia chamado a atenção num álbum de Sergio Mendes, “Você ainda não ouviu nada”, que trazia clássicos da música brasileira (“Ela é carioca”, “Desafinado”, “Garota de Ipanema”) e composições autorais de Mendes.

Improvisador nato, Raul de Souza conheceu jazzistas aclamados, como Sonny Rollins. Na década de 1970, lançou dois álbuns nos Estados Unidos: “Colors” (Milestones Records) e “Sweet Lucy” (Capitol).

Nos anos 1990, o instrumentista brasileiro se mudou para a Europa. Com 16 faixas e lançado em maio deste ano, “Plenitude”, gravado pelo trombonista e a Raul de Souza Generations Band, foi o último álbum dele.

MESTRE 
Artistas lamentaram a morte do colega. “Estou muito triste em saber sobre o falecimento do mestre Raul de Souza! Raul foi um gênio. Um mestre. Uma inspiração! Descanse em paz!”, despediu-se o trombonista Bocato.

“Meus respeitos à música que Raul de Souza sempre criou, e meus sentimentos à família e amigos. Que Deus o tenha”, afirmou  Marcos Valle. “Meus sentimentos e solidariedade à família”, postou o mineiro João Bosco.



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