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Estado de Minas MÚSICA

Banda mineira Rosa Neon chega ao fim; integrantes seguirão carreira solo

Mariana Cavanellas e Luiz Gabriel Lopes já haviam deixado o grupo, que conquistou sucesso nacional. Marina Sena, Marcelo Tofani e BAKA lançam clipe de despedida


25/03/2021 04:00 - atualizado 25/03/2021 07:52

Com o lançamento do single 'A gente é demais' e do clipe da música, a Rosa Neon decreta seu término(foto: Sarah Leal/Divulgação )
Com o lançamento do single 'A gente é demais' e do clipe da música, a Rosa Neon decreta seu término (foto: Sarah Leal/Divulgação )
Com o lançamento do single ''A gente é demais'' (já disponível nas plataformas digitais), a banda mineira Rosa Neon decreta o seu fim nesta quinta-feira (25/3). A partir de agora, Marina Sena, Marcelo Tofani e BAKA deixam de exercer suas atividades musicais como um grupo para dedicar atenção às suas carreiras individualmente. A decisão de desfazer o projeto foi ''unânime'' e ''natural'', segundo os integrantes.

''Sempre tive a clareza e a tranquilidade de olhar para o Rosa Neon como um projeto que ia começar, a gente ia usufruir dele e ele ia usufruir da gente, mas que, em algum momento, seria cada um por si'', diz Marina. ''Agora é 'nós', um pouquinho mais de longe, porque a gente não está cortando relações, só estamos finalizando esse projeto. Nossa parceria não se encerra. Por ter essa clareza, dá mais tranquilidade em acabar.''

A música que eles prepararam para anunciar o fim é animada e não tem clima de despedida, diferentemente do clipe, programado para ser lançado às 11h desta quinta (23/3), no YouTube, formado por cenas que celebram a amizade entre o trio.

''É a música perfeita para o final do Rosa'', crava Tofani. ''Esse é o jeito que eu quero que nossa banda entre para a posteridade. Ela traz esperança no coletivo, uma mensagem importante para o tempo tão nebuloso que a gente vive. E o clipe mostra a realidade da nossa convivência como o bonde que a gente é. Ele traz essa coisa não atuada, é tipo um ‘BBB’ do Rosa Neon.''

Marina considera a letra ''irônica''. ''Ela fala como se a gente estivesse começando, é engraçado. É como dar um gás, mas esse gás é para um outro lugar. É como quem diz: 'É, galera, a gente encerra aqui''', afirma.

"Agora é 'nós', um pouquinho mais de longe, porque a gente não está cortando relações, só estamos finalizando esse projeto. Nossa parceria não se encerra. Por ter essa clareza, dá mais tranquilidade em acabar"

Marina Sena



QUARTETO 

Lançado como quarteto há pouco mais de dois anos, o Rosinha – apelido dado pelos integrantes e adotado pelos fãs – começou quando Marcelo Tofani e Luiz Gabriel Lopes realizavam uma turnê juntos por Minas Gerais. Em julho de 2018, ao desembarcar em Milho Verde, os dois conheceram Marina Sena e Mariana Cavanellas, que também se apresentariam na cidade, com suas respectivas bandas, A Outra Banda da Lua e Lamparina e a Primavera.

Cinco meses depois daquele encontro, em novembro, saiu o primeiro fruto da parceria entre os quatro, o single ''Fala lá pra ela'', já conquistando fãs pela batida animada e a letra chiclete.

Naquela época, os músicos entendiam o Rosa Neon como um projeto paralelo às suas carreiras solo. A ideia era que os quatro se reunissem mensalmente para produzir uma canção e lançá-la, com clipe. E assim foi feito. 

Em 10 meses, a banda divulgou oito singles – entre eles o hit ''Ombrim'' –, fez shows em várias partes do Brasil e embarcou em turnê com destino a Portugal e Alemanha.

"Esse é o jeito que eu quero que nossa banda entre para a posteridade (com música e clipe de despedida). Ela traz esperança no coletivo, uma mensagem importante para o tempo tão nebuloso que a gente vive"

Marcelo Tofani



HIT NACIONAL

"A coisa foi crescendo de uma forma que passou a tomar nosso tempo inteiro. Em dois anos, a gente foi de uma banda independente criada com pouquíssima grana para hit nacional. Quando a gente viu, estávamos fazendo três shows por semana em estados diferentes. Foi quando a gente botou a carreira solo nos espaços que dava, porque o Rosa Neon ficou gigante", conta Marcelo Tofani.

Em setembro de 2019, a trajetória ascendente foi consagrada com o lançamento de um álbum homônimo à banda, composto por 10 faixas, incluindo uma parceria com o rapper Djonga, a quem eles chamam de ''chefinho''.

Nos bastidores, o Rosa Neon estava sempre lidando com as questões emocionais de seus integrantes. Tofani descreve a banda como ''uma bola de ego louca''. No entanto, eles entendem que essa característica foi decisiva para a banda estourar. ''Talvez fosse melhor passar como um cometa rasgando do que ficar esperando quando a labareda vai ser reativada'', avalia o músico. 

''A gente nunca estava em paz. Na verdade, a paz era essa, de certa forma. Era a coisa mais bonita que a gente tinha, que chamamos de 'Terapia do Rosinha'. Toda reunião era uma terapia. E eu acho isso muito chique. Todo mundo abria os sentimentos, e a gente trabalhava tentando entender a dinâmica emocional de cada um. Foi um rolê muito emocional'', explica Marina Sena.

Apesar do respeito mútuo entre os integrantes, presente até hoje, a história meteórica do Rosa Neon foi marcada por duas baixas. A primeira se deu no início de 2020, com a saída de Mariana Cavanellas. A segunda, em dezembro do mesmo ano, quando Luiz Gabriel Lopes deixou o grupo.

Antes disso, o ex-integrante da banda Graveola participou da produção das músicas ''Fama'', ''Parei'' e ''Não tô dando conta'', lançadas no ano passado.

Marina e Tofani consideram que a saída dos dois pesou na hora de decidir o fim do Rosa Neon. ''Desde que a Mari (Mariana Cavanellas) saiu, eu sinto que já deu uma enfraquecida'', comenta Marina. ''Quando começou, nós quatro, a gente estava quente. Todos nós estávamos focados no projeto. Aquele foi o momento em que o Rosa Neon aconteceu. O trem subiu de uma vez; a gente saiu de uma banda que nem existia para uma banda que significava algo real na música brasileira.''

Tofani comenta que ''internamente, o baque da saída era grande” e diz: “Jogando para um lado mais emocional, eu fiquei um tanto indignado, porque sempre gostei muito de fazer parte do Rosa Neon. Após as saídas, eu demorava um pouco para assimilar que o caminho deles era outro. Hoje eu entendo que, do mesmo jeito que a gente quer seguir nossos caminhos, eles também quiseram, só que um pouco antes''.

Além dessa primeira fragmentação da banda, o contexto de paralisação dos shows em virtude da pandemia do novo coronavírus também contribuiu para a decisão de colocar um ponto final no grupo. Segundo eles, o Rosa Neon era uma banda ''de planos'', o que não foi possível fazer nos últimos 12 meses.

Apesar de ter ganho status de integrante oficial mais recentemente, BAKA é onipresente na trajetória do Rosa. Cantor, compositor e produtor, ele assinou a produção do álbum ''Rosa Neon'' (2019) e é o responsável pelos beats eletrônicos que fizeram o projeto ser adorado por tanta gente.

O reconhecimento conquistado pelo grupo deu a ele a oportunidade de trabalhar com artistas de fora de BH. Entre eles, a paraense Gaby Amarantos, de quem produziu um álbum ainda inédito, ao lado de Jaloo e Lucas Estrela.

Com o fim do Rosa Neon, ele pretende aprofundar o trabalho como produtor, mas também investir na carreira solo. No ano passado, BAKA lançou seu disco de estreia, ''Fraga''. Já em 2021, ele editou os singles ao vivo ''Tela'' e ''Berlim'', além de firmar parceria com a banda carioca Valuá no single ''Malícia''.

"Minha ideia agora é encontrar um tipo de expressão musical que seja plural para, ao mesmo tempo, acessar cada vez mais pessoas. O que posso adiantar é que estou apaixonado por reggaeton e devo seguir por esse gênero. Cada vez mais eu me identifico como cantor e compositor de música pop"

BAKA 


''Minha ideia agora é encontrar um tipo de expressão musical que seja plural para, ao mesmo tempo, acessar cada vez mais pessoas'', conta ele.

Marcelo Tofani, que estreou solo com o álbum ''Nada é azul'' (2018), não pretende lançar um álbum completo tão cedo. Nos próximos meses, ele vai apostar em singles, um deles produzido por BAKA, em parceria com Dedé Santaklaus. 

''O que posso adiantar é que estou apaixonado por reggaeton e devo seguir por esse gênero. Cada vez mais eu me identifico como cantor e compositor de música pop'', afirma.

Já Marina Sena prepara o primeiro álbum solo, ainda sem título, cujo primeiro single, ''Me toca'', saiu em janeiro passado.

Num balanço da curta, mas significativa, trajetória do Rosa Neon, os artistas compreendem que houve um impacto importante na cena independente belo-horizontina. ''Conseguimos mostrar que é possível fazer coisas grandes que parecem ter uma produção megalomaníaca, mas, na verdade, são fruto de pouco recurso e muita ideia. Isso associado aos artistas incríveis que colaboraram com o nosso trabalho e acreditaram nele'', avalia Tofani.

''Fomos responsáveis por educar o público, de certa forma'', acredita BAKA. ''Existe música boa e autoral sendo feita fora do eixo. Basta procurar.''

Marcelo Tofani acrescenta que o projeto gerou orgulho para quem é mineiro. ''Eu vejo muita gente vibrando porque a gente alcançou públicos de fora.''

Impedidos de fazer show ou até uma turnê de despedida em razão da pandemia, eles descartam a ideia de reencontrar o público para o adeus quando isso for possível. ''Acho mais natural que a gente faça um show de reencontro daqui a alguns anos'', crava BAKA. 


LINHA DO TEMPO
Confira a trajetória do Rosa Neon

» NOVEMBRO DE 2018 
''Fala lá pra ela''   

» DEZEMBRO DE 2018
''Estrela do mar'' 

» FEVEREIRO DE 2019 
''Brilho de leão'' 

» MARÇO DE 2019 
''Ombrim'' 

» ABRIL DE 2019
''Picolé'' 

» MAIO DE 2019
''Embalagem'' e ''Pirraça'' 

» JULHO DE 2019
''Vai devagar'', com Djonga 

» SETEMBRO DE 2019
Lançamento do álbum ''Rosa Neon'' 


» JULHO DE 2020
''Fama'' 

» OUTUBRO DE 2020
''Parei'', com CIDO, e ''Não tô dando conta''

» MARÇO DE 2021 
''A gente é demais'', que marca o fim da banda


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