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Estado de Minas MINAS É CULTURA

Feira Fliti e Festival Artes Vertentes começam hoje em Tiradentes

Literatura, música, teatro e artes visuais dialogam nos dois eventos que terão a cidade histórica como palco, com agendas presencial e virtual


26/11/2020 04:00 - atualizado 26/11/2020 09:20

A escritora Nélida Piñon gravou vídeo que será exibido na abertura da Fliti(foto: TV Brasil/divulgação )
A escritora Nélida Piñon gravou vídeo que será exibido na abertura da Fliti (foto: TV Brasil/divulgação )
“Acho fantástico que façam uma coisa dessas em meio às turbulências. Gosto deste espírito de luta! Temos que batalhar para melhorar o Brasil e também para a própria pessoa se realizar individualmente”, defende a escritora Nélida Piñon, de 83 anos. Nesta quinta-feira (26), ela vai participar da primeira edição da Feira Literária de Tiradentes (Fliti), que será aberta às 10h30.

Nélida marcará presença por meio de um vídeo. Ela está lançando o romance Um dia chegarei a Sagres (Record). “A editora queria guardá-lo para 2021. Mas disse que queria que o livro saísse na pandemia, porque confio na literatura brasileira. E está sendo extraordinário”, comemora.

Primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras, Nélida conta que tem se divertido com o novo modelo de eventos literários por meio de vídeos e lives. “Estou achando muito interessante. Você não precisa sair de casa e ir para o aeroporto. Para dizer a verdade, estou contente, em paz em minha casa. Gosto muito da vida em casa, sou uma mulher de temperamento alegre.”

A Flit não será evento virtual, como tem ocorrido na área cultural por causa da COVID-19. A feira na cidade histórica receberá o público, prometendo seguir os protocolos sanitários.

Durante a programação, a Livraria Quixote, de BH, vai lançar selo próprio voltado para as crianças. “Queremos descobrir novos autores e trabalhar com escritores cujos títulos despertem nas crianças o prazer da leitura. Queremos promover a delicadeza e sensibilidade que o livro pode trazer”, explica Claudia Masini, uma das fundadoras da Quixote, criada em 2014.

O escritor belo-horizontino Ronaldo Simões Coelho, de 88 anos, estará em Tiradentes para distribuir gratuitamente 1 mil exemplares de seu Pérola torta. “É um livro sobre Aleijadinho. Na verdade, é um convite para as pessoas conhecerem a história de Minas”, diz.

Diagnosticado com COVID-19 no início de novembro, Ronaldo não teve sintomas graves e sua recuperação foi rápida. Os médicos o autorizaram a participar da feira. “Fiquei todo alegre, pois estou recebendo uma homenagem. O fato de poder voltar... Sempre trabalhei com as crianças, gosto de fazer isso até hoje”, comemora ele.

A programação da Flit inclui o lançamento da edição comemorativa dos 40 anos de Menino Maluquinho, livro do mineiro Ziraldo.

VIRTUAL

Além da feira literária, a cidade histórica vai receber, até domingo, a nona edição do Artes Vertentes – Festival Internacional de Artes de Tiradentes, com programação totalmente on-line.

“Fazer um festival neste momento é um ato de resiliência, de mostrar que a cultura está viva e cumprindo seu papel de manter a sociedade viva”, diz o curador Gustavo Carvalho. “Nossa ideia é promover diálogos entre as diferentes linguagens da arte. Nosso desejo é construir uma ponte entre essas áreas”.

De acordo com ele, o formato virtual garante segurança a artistas, equipes de produção e ao público. Shows, debates, peças e filmes serão disponibilizados gratuitamente no site do Vertentes. Apenas a performance-instalação Mil litros de preto, de Lucimélia Romão, será realizada presencialmente, entre sexta-feira (27) e 6 de dezembro, no Centro Cultural da cidade, com 10 pessoas por sessão.

"Neste tempo tão esquisito e sombrio, a tecnologia pode beneficiar a arte"

Gustavo Carvalho, curador do Festival Artes Vertentes


Abrindo a agenda, o líder indígena Ailton Krenak participará de debate virtual no Ciclo Pororoca – Ciclo de Ideias, nesta quinta-feira (26), às 15h30. Outras atrações são o escritor moçambicano Mia Couto, a ilustradora Marilda Castanha, o artista visual cubano Nelson Ramírez Arellano e o crítico de cinema russo Anton Dolin.

“Neste tempo tão esquisito e sombrio, a tecnologia pode beneficiar a arte”, defende Gustavo, ressaltando que vários convidados não poderiam participar de um evento presencial. Porém, ele admite: “Não é a mesma coisa. Há toda uma magia em estar junto. Isso, na minha opinião, é insubstituível. Mas (a tecnologia) é uma alternativa, uma forma necessária de manter a arte presente.”

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

FLITI
Desta quinta-feira (26) a domingo (29), no Centro Histórico de Tiradentes. 
Evento presencial.

FESTIVAL ARTES VERTENTES 
Desta quinta-feira (26) a 6 de dezembro. Evento virtual. Programação completa no site www.artesvertentes.com


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