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Estado de Minas ABERTURA

Novo longa da dupla de 'Intocáveis' abre Festival Varilux

Mostra de cinema francês começa nesta quinta (19) em BH com 'Mais que especiais', sobre o trabalho de um judeu e um muçulmano em favor de portadores de autismo


18/11/2020 04:00 - atualizado 18/11/2020 07:38

Em Mais que especiais, os diretores de Intocáveis abordam o trabalho de um judeu e um muçulmano com portadores de autismo(foto: Carole Bethue/Divulgação)
Em Mais que especiais, os diretores de Intocáveis abordam o trabalho de um judeu e um muçulmano com portadores de autismo (foto: Carole Bethue/Divulgação)
“Acredito que o cinema, ainda mais agora, tem uma função na nossa sociedade: abrir a cabeça das pessoas, deixá-las com o espírito mais afiado. E somos atraídos por super-heróis normais”, afirma o cineasta francês Olivier Nakache, de 47 anos. 

Ele conheceu Éric Toledano aos 16 anos. Desde então, os dois vêm construindo uma carreira conjunta, marcada por dramas e comédias sobre personagens que vivem à margem, cada qual à sua maneira. Mais que especiais, filme de abertura do Festival Varilux de Cinema Francês em Belo Horizonte (às 15h40 desta quinta-feira, no Cineart Boulevard), é o sétimo longa de Nakache e Toledano. 

O maior sucesso da dupla até aqui é Intocáveis (2011), comédia dramática que acompanha a relação de um aristocrata tetraplégico e seu enfermeiro fora dos padrões. O filme já teve um remake nos EUA e outro na Argentina.

A exemplo de Intocáveis, Mais que especiais também parte de personagens reais. Estrelado por Vincent Cassel e Reda Kateb, é inspirado no trabalho e na amizade de  Stéphane Benhamou e Daoud Tatou. O primeiro é judeu; o segundo, muçulmano, ambos praticantes

Há mais de 20 anos os dois criaram, em Paris, cada qual em separado, centros que se dedicam a crianças e adolescentes autistas. Geralmente, atendem a casos mais graves, aqueles que foram recusados por outras instituições. O que eles oferecem é uma possibilidade de ter uma vida própria e, principalmente, livre do confinamento em que muitas dessas pessoas são colocadas. Acreditam que o tratamento deve ser individualizado, tanto que cada jovem tem seu próprio acompanhante.

ACOMPANHANTES 


Na história, Cassel interpreta Bruno, e Reda Kateb, Malik. Enquanto o primeiro nunca diz não a hospitais e pais desesperados por uma vaga, o segundo trabalha principalmente com jovens sem nenhuma perspectiva, que passam por treinamento para se tornar acompanhantes. 

“Há 20 anos, ajudamos o Stéphane Benhamou e queríamos contar essa história há muito tempo. O filme é como se fosse um resumo de tudo o que colocamos nos nossos seis longas anteriores”, diz Nakache.

Como uma câmera livre, que passeia com intimidade pelos cenários, Mais que especiais foi rodado em instituições e hospitais. “Para abordar esse tema, não poderíamos inventar. Quando chegamos aos lugares onde filmamos, vimos jovens vulneráveis cuidando de jovens ainda mais vulneráveis. Isso tudo num local onde a religião era visível, mas não estava no centro do debate”, comenta o cineasta.

O elenco mistura atores profissionais, cuidadores e portadores de autismo. Um deles é Benjamin Lesieur, que interpreta Joseph, o primeiro jovem acolhido por Bruno, por quem ele tem um carinho especial e a quem tenta ajudar a se inserir no mercado profissional

“Nos demos ao luxo de viver juntos por três meses. Normalmente nossos filmes levam dois meses de preparação. No caso deste, como realizamos estágio e imersão com atores, educadores e os jovens, foi quase um ano.”

Ainda que Nakache e Toledano tivessem seu roteiro, souberam trabalhar com o improviso. “A gente quer que tudo esteja na cena, mas os milagres vêm do inesperado, que é onde a verdade se esconde. Quando o Joseph diz que é inocente (no filme, ele é detido mais de uma vez pela polícia por tocar o alarme contra incêndio da estação de metrô que frequenta), isso é dele (Benjamin Lesieur, que faz o personagem)”, conta.

Mesmo abordando um assunto difícil, Mais que especiais tem humor – por exemplo, nas cenas de encontros às cegas com judias que Bruno, solteirão, é forçado a comparecer – e drama na medida, sem resvalar na pieguice.


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