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Estado de Minas FEMINISMO

Coleção Precursoras começa com 'Ensaios' da primeira feminista

Editora Luas lança volume com dois textos de Nísia Floresta. Projeto que visa a dar visibilidade a autoras terá live de lançamento nesta quarta (18)


18/11/2020 04:00 - atualizado 18/11/2020 11:21

A escritora Nísia Floresta, nascida em 1810, é considerada pioneira do feminismo no Brasil (foto: Divulgação)
A escritora Nísia Floresta, nascida em 1810, é considerada pioneira do feminismo no Brasil (foto: Divulgação)
Com o objetivo de resgatar e divulgar obras de autoras brasileiras do século 19 e início do século 20, a editora mineira Luas criou a Coleção Precursoras. “Se nós, mulheres, conseguimos chegar aonde chegamos hoje, não foi por causa dos homens ou de nada. Não chegamos aqui do nada. E tem uma lacuna muito grande que faz com que pareça que as mulheres não escreviam antes”, afirma Cecília Castro, de 34 anos, fundadora da editora. 

Para ela, essa iniciativa é importante para proporcionar a mais mulheres a chance de conhecer obras de escritoras que acabaram sendo neglicenciadas pela história. “Essas mulheres foram nossas precursoras, para que pudéssemos estar hoje fazendo o que estamos fazendo. Nós, mulheres,  precisamos e estamos fazendo esse movimento de resgate da ancestralidade, da história do feminismo. E a coleção é uma sequência disso”. 
 
O projeto será lançado oficialmente nesta quarta (18), às 18h30, com bate-papo entre Cecília e as curadoras da coleção, Constância Lima Duarte e Maria do Rosário A. Pereira. A conversa será transmitida ao vivo pelo canal  da editora no YouTube. 
 
O livro Ensaios, de Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810-1885), é a primeira publicação do projeto. Ele inclui Direito das mulheres e injustiça dos homens (1832), considerado o primeiro texto feminista publicado no Brasil, e A mulher (1859), uma crítica ao comportamento burguês e ao abandono infantil de Nísia. “Nísia é considerada a primeira feminista do Brasil. Em 1832, já falava que as mulheres tinham direitos. A obra dela ecoou em outras mulheres. Depois disso, também nessa época, começaram a surgir os periódicos feministas”, aponta Constância Lima Duarte, que é também professora da UFMG, além de ser uma das curadoras da coleção. 

A editora Luas foi fundada no ano passado, com a meta de apoiar mulheres escritoras. “Muitas mulheres que escreviam não eram reconhecidas pelos críticos. E, ainda hoje, grande parte das autoras independentes ou que publicam em editoras independentes estão sendo conhecidas mais por causa dos movimentos de mulheres”, afirma Cecília. 

Constância diz que sempre se incomodou com o fato de “abrir um livro de história da literatura e não encontrar nomes de mulheres. Eles só começam com Rachel de Queiroz (1910-2003) e Cecília Meireles (1901-1964)”. 
 
“As obras estão perdidas e temos que encontrá-las. É um processo de investigação, quase como um quebra-cabeças. Encontramos um nome, vamos atrás da data, pegamos os detalhes”, diz a curadora. “Se a história das mulheres, a nossa história, não é conhecida, é porque foi sabotada. Falo que sofremos de memoricídio, o apagamento, o assassinato da história das mulheres.” 

No início de 2021, a editora pretende lançar as obras A mulher é uma degenerada, escrito por Maria Lacerda de Moura e publicado em 1932. E um ensaio com os textos Virgindade anti-higiênica (1924) e Virgindade inútil (1926), de Ercília Nogueira Cobra. 

“O antídoto desse memoricídio, desse apagamento da história literária e intelectual das mulheres, são eventos, congressos e esse projeto da editora Luas”, diz Constância.

Para celebrar a vida dessas escritoras, todas as obras publicadas pela coleção terão fotos, cronologia, biografia e notas escritas por pesquisadoras sobre a vida e a obra das autoras
(foto: Reprodução)
(foto: Reprodução)

Ensaios 
• Nísia Floresta Brasileira Augusta
• Com os textos Direito das mulheres e injustiça dos homens (1832) e A mulher (1859)
• Editora Luas
• R$ 48 
• Bate-papo de lançamento da Coleção Precursoras nesta quarta (18), às 18h30, no canal de YouTube da editora Luas. Participação de Cecília Castro, Constância Lima Duarte e Maria do Rosário A. Pereira 

*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes 


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