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Estado de Minas SAÚDE

Entenda o retinoblastoma, câncer que afeta principalmente crianças

Câncer na retina que afeta Lua, filha de Tiago Leifert e Diana Garbin, representa cerca de 30% do total de casos entre os tumores desse tipo


13/02/2022 04:00 - atualizado 10/02/2022 10:42

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O retinoblastoma é um câncer que afeta a retina dos olhos (foto: Divulgação)
Nos últimos dias, o ex-apresentador do “Big brother Brasil” Tiago Leifert e sua esposa, Diana Garbin, revelaram que sua filha, Lua, de 1 ano e 3 meses, foi diagnosticada com um tipo raro de câncer na retina, o retinoblastoma bilateral.

Entre os tumores desse tipo, ele é o menos frequente, representando cerca de 30% do total de casos. Enquanto a pequena segue em tratamento, o ex-apresentador do “BBB” e a jornalista afirmam que a missão de sua vida passou a ser alertar outros pais para os perigos da doença.
 
Oftalmologista Fernanda dos Santos
A oftalmologista Fernanda dos Santos reitera a importância de exames para diagnosticar no começo e aumentar as chances de cura (foto: Fernanda dos Santos/Divulgação)
A oftalmologista Fernanda dos Santos explica que o retinoblastoma é o principal câncer ocular e um dos principais cânceres da primeira infância, afetando principalmente crianças até os 5 anos. Quanto mais grave, mais cedo ele tende a aparecer. Segundo dados da literatura médica, ele corresponde de 2% a 3% dos cânceres infantis.
 
Quanto aos fatores de risco, a especialista conta que 25% dos casos vão depender de questões genéticas, ou seja, quando a criança herda uma mutação para poder desenvolver esse tipo de câncer.

Os outros 75% são aleatórios, isto é, o tumor pode aparecer durante os primeiros anos do desenvolvimento da criança. Esse quadro aleatório, também conhecido como unilateral, tem um prognóstico menos grave do que no caso do tumor que aparece bilateralmente.
 
O retinoblastoma que atinge os dois olhos é hereditário, porém esse termo pode levar muitos leigos a pensarem que a doença foi herdada do pai ou da mãe, o que não ocorreu nessa situação. Em Lua, o tumor foi classificado pelos médicos como não familiar. Sendo assim, nesse caso, o termo hereditário significa que a criança pode passar esse gene defeituoso para frente e não que o recebeu dos pais, uma vez que nem Leifert e nem Garbin tiveram histórico do tumor na infância.

SINTOMAS

Neviçolino Carvalho
Neviçolino Carvalho, presidente da Sobope, diz que o paciente apresenta poucos sinais ou sintomas nos estágios iniciais da doença (foto: Neviçolino Carvalho/Divulgação)
De acordo com Neviçolino Carvalho, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope), o paciente apresenta poucos sinais ou sintomas nos estágios iniciais do retinoblastoma: "É um grande desafio para os profissionais de saúde da atenção básica fazerem a suspeita do diagnóstico. Portanto, quanto mais informação e divulgação sobre a doença, mais eles podem ficar alertas e valorizar queixas trazidas pelos pais nas consultas de rotina ou em serviços de urgência”.

O principal sinal de retinoblastoma é o reflexo do olho de gato, que é o aspecto esbranquiçado que se vê através da pupila, chamado leucocoria. Em fotos com flash, por exemplo, pode-se notar a leucocoria em um ou ambos os olhos. O segundo sinal mais comum é o estrabismo, quando a criança tem um desvio no olhar. “Na maioria dos casos, quando esses sinais são percebidos, o tumor já tem um tamanho considerável, diminuindo as chances de preservação ocular”, alerta o especialista.

Em entrevista recente, o ex-apresentador contou que percebeu justamente esse sintoma clássico do câncer, o chamado reflexo ou brilho do olho de gato. Caso a criança apresente esses indicativos, é necessário direcioná-la para centros especializados no tratamento de retinoblastoma, onde ela poderá ser avaliada por oftalmologistas e oncologistas pediátricos.
 
Após se manifestar explicando o real motivo da sua saída da emissora Globo e conscientizando sobre a doença de sua filha, Tiago comemorou o alerta que seu vídeo trouxe aos outros pais. Em suas redes sociais ele disse: “Conseguimos o primeiro diagnóstico precoce de retinoblastoma graças ao vídeo da Lu. Uma mãe após ver o nosso vídeo, reconheceu alguns sintomas e foi ao médico. A criança foi diagnosticada com retinoblastoma em estágio inicial, então é um diagnóstico precoce. Era esse o objetivo, atingimos! Tem muito trabalho pela frente e a gente pretende salvar muitas crianças ainda com a força da Lua”.
 
O profissional enfatiza a importância do diagnóstico precoce, um desafio no mundo inteiro, não só no Brasil. “O exame teste do reflexo vermelho, que é feito na maternidade e depois nas consultas de retorno ao pediatra até os 5 anos, representa um diferencial na avaliação de rotina da criança e não deve ser negligenciado pelos pediatras. Há também recomendações de que essas crianças passem por consultas com oftalmologistas de forma regular", afirma.

quimioterapia Após o dinóstico, a filha de Tiago e Diana agora vai passar, inicialmente, por sessões de quimioterapia diretamente nos olhos. O presidente da Sobope pontua que, primordialmente, garantir a vida é o mais importante no tratamento do retinoblastoma, ainda que em alguns casos a enucleação (remoção cirúrgica) seja a melhor conduta, diminuindo assim o risco de disseminação da doença para sítios extraoculares, como ossos, medula óssea, fígado e sistema nervoso central. Além da cura, preservar a visão e o globo ocular da criança são objetivos nobres.
 
“Para isso, o tratamento mais recomendado atualmente é a quimioterapia intra-arterial associada a outras modalidades de tratamento local (laser, crioterapia e outros), orientada pelo trabalho conjunto do oncologista pediátrico e oftalmologista.

O tratamento do retinoblastoma é complexo e dinâmico, deve ser realizado em centros especializados devidamente equipados e com profissionais com expertise no manejo terapêutico e de suas complicações. As chances de cura do retinoblastoma intraocular são de 95%, ainda que, às vezes, seja necessária a retirada do globo ocular", conclui Neviçolino Carvalho.
 
Fernanda dos Santos explica que essa cura do retinoblastoma depende de dois fatores. O câncer unilateral responde, às vezes, melhor ao tratamento do que o bilateral.

A especialista esclarece que quando o câncer acomete os dois olhos, ele apresenta uma característica de ter várias lesões, se classificando como multifocal. Por isso, esse tipo específico de câncer, que é o que acometeu com Lua, precisa ser diagnosticado o quanto antes para ter uma resposta melhor ao tratamento.

O outro fator citado pela médica que interfere diretamente no tratamento e cura desse tumor é o diagnóstico precoce. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, quando esse diagnóstico é tardio e a lesão está mais avançada, o índice de cura cai de 97% para 30%.

 
Exame de fundo de olho é chave para o sucesso do tratamento 

 
A oftalmologista Fernanda dos Santos elucida que o importante para ter um resultado positivo no tratamento é descobrir a doença antes do surgimento de qualquer sintoma e, por isso, o exame de fundo de olho é a chave para a efetividade do tratamento. “O retinoblastoma é um tumor da parte mais interna do olho, ele acomete uma região bem lá do fundo conhecida como retina. Por isso, ele é muito difícil de ser percebido no exame simples, examinando o olho somente na parte externa”, informa a médica.
 
A especialista em olhos esclarece que no retinoblastoma as células da retina vão se multiplicando e ocupando a parte interna do olho. Então, caso a criança não faça periodicamente o exame de rotina, não tem como saber da existência do tumor, a não ser quando a lesão ocupou essa parte interna do olho.
 
“Sem esses exames periódicos, a doença provavelmente só vai ser descoberta quando a pupila já começa a ficar branca, há perda do reflexo vermelho, ou quando a visão já está comprometida e a criança não tem mais a fixação, ou seja, ela não consegue mais olhar fixamente, o olho começa a ficar meio trêmulo num movimento de busca, porque ela já não está enxergando, ou mesmo estrábico por não perceber a visão. Por isso, reitero aqui a importância do diagnóstico precoce, antes mesmo da apresentação dos sintomas, diminuindo os riscos de sequelas e aumentando as chances de cura”, conclui Fernanda dos Santos.

* Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram 

Exame periódico dos olhos

Levar a criança desde cedo ao oftalmologista é fundamental para diagnóstico precoce dessa e de outras doenças da retina. O exame oftalmológico deve ser feito mesmo sem qualquer suspeita de comprometimento visual
  • Ao nascer: teste do olhinho
  • Entre 6 meses e 1 ano de vida deve ser feito o primeiro exame oftalmológico completo
  • Em torno de 3 anos de idade: o 2º exame oftalmológico completo
  • Entre 5 e 6 anos deve ser feito novo exame oftalmológico
  • A partir daí, o exame oftalmológico terá a frequência dependendo da saúde visual da criança e o histórico familiar, o que vai ser estipulado individualmente para cada caso
 
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O retinoblastoma é um câncer que afeta a retina dos olhos (foto: Divulgação)

O que é o retinoblastoma

  • É o principal câncer ocular e um dos principais cânceres da primeira infância, afetando principalmente crianças até os 5 anos de idade.
  • Quanto mais grave, mais cedo tende a aparecer e corresponde de 2% a 3% dos cânceres infantis.
  • Quanto aos fatores de risco, 25% dos casos vai depender de questões genéticas, ou seja, quando a criança herda uma mutação para poder desenvolver esse tipo de câncer.

Sinais e sintomas

  • O principal sinal de retinoblastoma é o reflexo do olho de gato, que é o aspecto esbranquiçado que se vê através da pupila, chamado leucocoria. Em fotos com flash, por exemplo, pode-se notar a leucocoria em um ou ambos os olhos.
  • O segundo sinal mais comum é o estrabismo, quando a criança tem um desvio no olhar.

Tratamento

  • Quimioterapia intra-arterial associada a algumas modalidades de tratamento local (laser, crioterapia e outros).
  • Em alguns casos, pode ser indicada a remoção cirúrgica para reduzir o risco de disseminação da doença para sítios extraoculares, como ossos, medula óssea, fígado e sistema nervoso central.

 


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