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Estado de Minas comportamento

Pandemia de esperança

Sociedade Mineira de Pediatria combate concepções e chavões como "geração COVID" e "geração perdida" para designar crianças e adolescentes


12/12/2021 04:00


“Criando futuros: por uma pandemia de esperança”. Esse é o lema da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP) para o final de 2021 e foi o tema do 2º Congresso On-line, realizado pela entidade em 19 e 20 de novembro. Mas, mais do que um mote para um evento científico, o tema vem ganhando notoriedade entre os pediatras.

De acordo com a instituição, com a pandemia da COVID-19 alguns chavões e concepções perigosos têm surgido, como “geração covid” e “geração perdida” para designar crianças e adolescentes que estão vivendo este período. Preconceituosos e infundáveis, esses novos rótulos passam a fazer parte dos clichês cotidianos e o papel da SMP é combater tais concepções e romper com a ideia de que esse período foi um “tempo perdido” para os jovens.
 
 
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(foto: fotos: Arquivo pessoal)
 
 fotos: Arquivo pessoal

"Não se pode permitir que eles, que são os mais fragilizados por perdas irreparáveis nesta pandemia, ainda tenham que conviver com esse tipo de conduta. É importante criar futuros por uma pandemia de esperança”

Cássio da Cunha Ibiapina, presidente da Sociedade Mineira de Pediatria


 
A pandemia do novo coronavírus trouxe mudanças drásticas na rotina das pessoas e perdas irreparáveis. “Não se pode permitir que eles, que são os mais fragilizados por perdas irreparáveis nesta pandemia, ainda tenham que conviver com esse tipo de conduta. Por isso é importante que todos estejamos criando futuros, por uma pandemia de esperança”, comenta o pediatra Cássio da Cunha Ibiapina, presidente da SMP.

Cássio da Cunha explica que com o lockdown, o ensino a distância e sem poder praticar atividades rotineiras devido ao isolamento social, muitas pessoas criaram uma ideia errônea de que crianças e adolescentes não aproveitaram ou usufruíram do seu tempo como teriam feito caso não houvesse uma pandemia. Mas ele ressalta que não existe isso de “tempo perdido”, e vale lembrar que este foi um período delicado e sensível que trouxe consequências diferentes para cada um, não dá para julgar o outro.

A SMP acredita que as adversidades da vida e como a população lida com elas são um convite para construção da resiliência e do aprendizado. “Desejamos que a sociedade como um todo seja sempre proativa em ações de defesa das crianças e dos adolescentes e rechace qualquer rótulo, sempre.”      O médico ainda lembra dos conceitos do verbo esperançar e do substantivo esperança. “O primeiro significa se levantar, ir atrás, construir e juntar-se com outros para fazer de um modo diferente. Esperança é acreditar que vai dar certo e ter capacidade de não desistir.”

REFLEXÃO

 O lema foi criado com o objetivo de questionar e gerar uma discussão acerca dessas concepções negativas criadas a respeito dos mais novos. Ele foi uma pauta importante abordada no congresso científico, e a SMP, além de instigar uma reflexão dos demais, apresentou as Pílulas de Esperança – iniciativas artísticas, culturais e esportivas já existentes.

Essas pílulas foram apresentadas no formato de vídeos, de mais ou menos 2 minutos, com o intuito de convidar pais e filhos a romperem com a ideia de tempo perdido e tentar reinserir crianças e adolescentes nessa motivação, propiciando uma abertura de seus horizontes e, consequentemente, agregando conhecimentos diversos.

A estudante de propaganda e publicidade Mariana Nascimento, de 22 anos, ressalta o quanto esse projeto é importante e essencial, principalmente por ser criado por profissionais da área da saúde. “Esses profissionais estão, com certeza, fazendo diferença nas pessoas da nossa geração. Os adultos precisam entender que não é porque sou jovem que sou um zero à esquerda”, diz.

Mariana explica que, mesmo com as dificuldades advindas da pandemia, ela não perdeu tempo. “Minha vida não parou, não fiquei estagnada, muito pelo contrário. Mesmo lidando com todas as dificuldades que enfrentei durante esse período, continuei tocando minha vida pra frente. Entrei na empresa dos meus sonhos e iniciei um relacionamento” relata a estudante.

Para ela, a ideia do lema em romper com essas indagações e convidar todos a pensarem sobre é essencial. “Não foi porque eu estava no ensino a distância ou home office que me doei menos, muito pelo contrário. Precisei fazer o triplo de esforço que eu fazia para enfrentar meus problemas e, ao mesmo tempo, cumprir com minhas metas e tarefas. Então, não, de jeito nenhum foi um tempo perdido. Mas lembre-se de que cada um fez aquilo que conseguiu fazer e isso não é perda de tempo, ponto”, conclui.
 
 
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 "Não foi porque eu estava no ensino a distância ou home office que me doei menos, muito pelo contrário. Precisei fazer o triplo de esforço que eu fazia para enfrentar meus problemas e, ao mesmo tempo, cumprir com minhas metas e tarefas. Então, não, de jeito nenhum foi um tempo perdido. Mas lembre-se de que cada um fez aquilo que conseguiu fazer e isso não é perda de tempo, ponto”


Mariana Nascimento, de 22 anos, estudante de propaganda e publicidade
 
ESPERANÇA 

As Pílulas de Esperança foram apresentadas pelo técnico de basquete e responsável pelo Instituto Superação Flávio Davis, pela artista plástica Teresa Portes, que há muitos anos trabalha com adolescentes na ONG Undió, e agora no projeto Janela da Escuta, da Faculdade de Medicina da UFMG, e pela pediatra e diretora de arte e cultura da SMP, Raquel Gomes. A médica também é pianista e pediatra e une essas duas áreas do conhecimento em prol de crianças e adolescentes em Dores do Indaiá, cidade onde exerce a medicina.

Flávio Davis chama a atenção para a importância dos esportes para a saúde das crianças: “É aí que atua o Instituto Superação, contribuindo com a formação de crianças e adolescentes, desenvolvendo competências socioemocionais por meio da integração entre educação e o esporte competitivo”.

Enquanto isso, Teresa Portes fala como a arte traz um encantamento muito grande aos adolescentes, a possibilidade de eles se expressarem através da arte, falar de sentimentos, de emoções, de tristezas e de alegrias. De acordo com ela, a arte é onde a pessoa é capaz de materializar os sentimentos e por isso é tão importante a criação de espaços de arte para os jovens.

Já Raquel Gomes deu seu depoimento como uma criança, filha de pianista, que cresceu cercada da música e da arte e como isso trouxe resultados positivos para sua vida. “Vivi a realidade dessa experiência maravilhosa na minha infância e juventude. Descobri a beleza, a criatividade, a conexão entre razão e emoção, experimentei a memorização, a melhora da concentração e a disciplina. Como pediatra, estudo e experiencio esses benefícios na realidade dos jovens e crianças”, relata.

O congresso contou com a participação do advogado-geral do estado, Sérgio Pessoa de Paula, que também apresentou sua Pílula de Esperança voltada à extrema importância de os mais novos conhecerem a Constituição brasileira e ter pleno conhecimento sobre seus direitos. 

“A arte é um grito de expressão, de liberdade, ela me ajudou a me reconectar comigo mesma, a socializar, a me redescobrir e extravasar. Assim como o esporte, eu preciso estar em movimento, me exercitando. É muito importante que todos compreendam a importância de tentar conectar seu filho em algo além da escola, como um grupo de teatro, música, pintura, dança, futebol e muitos outros” relata a atriz e estudante de psicologia Ana Clara Mendes, de 22 anos.

O Criando Futuros de Esperança está chamando e recrutando que todos sejam mecenas, influenciadores, patrocinadores da arte e da cultura através de diversas ações, como apoios a ONGs, fundações, obras sociais, patrocínios de crianças e adolescentes que estejam precisando desse apoio financeiro no mundo da arte e da cultura. 

*Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram





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