
A psicanalista Olinta Fraga, analista junguiana, lembra que, em qualquer situação da vida comumente as pessoas procuram fazer o melhor porque é da natureza o desejo de reconhecimento pelo outro.
“Quando se trata de educar filhos também buscamos fazer o melhor, por nós mesmos e por amor aos filhos, porém somos seres imperfeitos e, obviamente, por mais que queiramos não faremos o ideal. Assim podemos, por meio do autoconhecimento, crescer no sentido de melhor compreender nossas atitudes e dessa forma ter mais clareza em relação às demandas reais dos filhos.”
“Sabe aqueles momentos que por desejo de estimular um dos filhos que é mais lento, mais introvertido, às vezes agressivo, tem medo de ir à escola etc., os pais, na melhor das intenções falam do irmão que come de tudo, que vai para a escola sem receios, que é mais corajoso, mais afetivo etc. Isto parte não só dos pais, mas também dos avós, tios, professores, babás. Está posto um estímulo a mais para a competição. Por que amais? Porque a rivalidade entre irmãos é um arquétipo, isto é, um padrão da natureza humana.” A rivalidade entre irmãos é um dos temas mais antigos do mundo. “Os educadores mais próximos se não atentarem para isto podem 'soprar' esta brasa”, alerta.
Se os pais compreendem bem isso, vão tentar respeitar e ensinar o respeito às diferenças entre os filhos e isto é importantíssimo, pois essa relação horizontal é um aprendizado para lidar com as diferenças lá fora, na sociedade.
Temos personalidades diferentes e por mais que os pais insistam que os filhos foram criados iguais, haverá diferenças. Nas relações entre os irmãos, esse fator vai ter um peso na maior aproximação ou distância um do outro
Olinta Fraga, psicanalista
INTOLERÂNCIA AFETIVA
É a primeira experiência da diversidade, a construção de um piso emocional para lidar com as diferenças no decorrer da vida em todas as relações, algo extremamente complexo nos dias de hoje onde tem vigorado um alto índice de intolerância nas relações afetivas, no trabalho, na diversidade sexual etc.
LAÇO FORTE
Para Olinta Fraga, é uma questão complexa e um bom instrumento é o bom senso e em alguns casos uma análise psicológica para aqueles que se sentem culpados por estarem melhor que os outros.
PARA ASSISTIR... RELAÇÃO ENTRE IRMÃOS NA TELA
1 - “Entre irmãs”, de 2017, direção de Breno Silveira
Pernambuco, década de 1930. Luzia (Nanda Costa) e Emília (Marjorie Estiano) são irmãs que vivem na pequena Taguaritinga do Norte, ao lado da tia Sofia (Cyria Coentro), que lhes ensinou o ofício de costureira. Enquanto Emília sonha em se mudar para a cidade grande, Luzia se conforma com a realidade ao mesmo tempo em que lida com as dificuldades de ter um braço atrofiado, por ter caído de uma árvore quando criança. A vida destas três mulheres muda por completo quando o cangaceiro Carcará (Júlio Machado) cruza seu caminho, obrigando-as a costurar para o bando que lidera.
2 - “Blue Jasmine”, de 2014, direção Woody Allen

Jasmine (Cate Blanchett) vive na alta sociedade em Nova York. Sua vida muda completamente quando ela se separa do marido e perde todo seu dinheiro. Com isto ela é obrigada a ir morar com sua modesta irmã em São Francisco. Agora, distante de seu luxuoso universo, Jasmine precisará reorganizar toda sua vida.
3 - “Lendas da paixão”, de 1994, direção de Edward Zwick

Três irmãos, três destinos. Alfred (Aidan Quinn) é o reservado, o caçula Samuel (Henry Thomas) é o protegido, e o do meio, Tristan (Brad Pitt), aprendeu com os índios a ter um espírito aventureiro. Ao trazer de volta para o rancho do pai (Anthony Hopkins) uma bela jovem (Julia Ormond), Samuel inicia um conflito de paixões que pode terminar em tragédia para sua família.
4 - “Hannah e suas irmãs”, de 1986, direção de Woody Allen

Vencedor de três prêmios Oscar e apresentando um elenco de astros brilhantes, “Hannah e suas irmãs” conta a história de três mulheres inesquecíveis e exibe Allen em momento emocionalmente expansivo. A filha mais velha de um casal de artistas, Hannah (Mia Farrow) é uma dedicada esposa, mãe carinhosa e atriz de sucesso. Uma leal defensora de suas duas confusas irmãs Lee (Bárbara Hershey) e Holly (Dianne Keaton), ela é também a espinha dorsal de uma família que parece se ressentir de sua estabilidade quase tanto quanto dependem da mesma. Mas quando o mundo perfeito de Hannah é silenciosamente sabotado pela rivalidade fraterna, ela finalmente começa a ver que está tão perdida quanto todos os outros, e para poder se encontrar, ela terá que escolher entre a independência e a família sem a qual ela não pode viver.