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Estado de Minas Pandemia

Atletas mirins voltam aos treinos após isolamento

Forçados pelo isolamento social, atletas mirins tiveram que reduzir ou mesmo interromper atividades físicas. Retorno gradual é recebido com expectativa e novo ânimo


11/10/2020 13:15 - atualizado 11/10/2020 13:30

Os irmãos gêmeos Caio e Pedro Stochiero, de 7 anos, retomaram a atividade depois de sete meses parados (foto: Fábio Abdo/Divulgação)
Os irmãos gêmeos Caio e Pedro Stochiero, de 7 anos, retomaram a atividade depois de sete meses parados (foto: Fábio Abdo/Divulgação)

Atividades físicas são estímulos que devem ocorrer desde a primeira infância. É é algo para se levar pela vida. Não é preciso listar os benefícios da prática esportiva. São inúmeros, e isso é de conhecimento geral. Na outra ponta, os efeitos negativos do sedentarismo também são inegáveis. Entre diferentes modalidades, importante é encontrar identificação com o que mais causa prazer e bem-estar em cada um. Experimentar é palavra-chave, principalmente no caso de crianças e adolescentes que sonham em competir e se destacar em algum esporte, ou mesmo só se divertir, se exercitar e relaxar.

Atletas mirins demonstram o significado do esporte para, muito mais que a questão física e corporal, desenvolver habilidades sociais, participar de competições saudáveis e gastar energia. Com a pandemia, crianças e jovens se viram afastados dos treinos e a expectativa para a retomada das atividades cresce no mesmo compasso da falta que sentiram de estar entre amigos e professores.
 

Felipe Magalhães Meira tem 9 anos e há três faz futebol na escola Cesar – Centro de Esportes, Saúde e Reabilitação, no Palmares, em Belo Horizonte, escola de futebol oficial do Cruzeiro. Nutre verdadeira paixão em competir no esporte, e também pelos colegas e professores. Com o afastamento das aulas, necessário por causa do isolamento, ficou triste e ansioso. "Não esperava que fosse demorar tanto tempo", diz. Nardha Murta Magalhães Meira, mãe do menino, conta que ele demorou a entender a situação.

Leia a continuação desta matéria:
Sonho de ser campeão


O treino acaba de recomeçar. "Encontrei meus amigos e treinadores, matei a saudade. Gosto de ser atacante e o que mais me alegra é participar de campeonatos", diz o garoto, que também aprecia vôlei e basquete. Com o esporte, Nardha diz que Felipe, aprendendo a respeitar o adversário, estendeu esse respeito na relação com as outras pessoas em geral, e é carinhoso com os companheiros de esporte. "Ele entendeu sobre cooperação", conta a mãe.

Na Sociedade Recreativa Palmeiras, no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, as atividades esportivas para crianças até 12 anos são natação, futsal e tênis. Entre os pequenos, são cerca de 100 alunos – 10 no tênis, 40 no futsal e 50 na natação. Uma das últimas atividades que puderam retornar em BH, conforme determinação da prefeitura, os clubes foram autorizados a funcionar há pouco tempo. A reabertura do Palmeiras foi em 26 de setembro e a escola de esportes voltou em 1º de outubro. O presidente, Lucas Ziegler, afirma que todo o protocolo orientado pela administração municipal está contemplado, e cada modalidade tem regras específicas.
 
Maria Cecília Murta de Oliveira, de 11 anos, está superanimada para jogar tênis novamente (foto: Gladyston Rodrigues/em/d.a press )
Maria Cecília Murta de Oliveira, de 11 anos, está superanimada para jogar tênis novamente (foto: Gladyston Rodrigues/em/d.a press )
"A natação para bebês continua suspensa, porque pressupõe um adulto na água para cada um. No futsal, evitamos os treinos coletivos e determinamos o uso de máscara durante os jogos. Para o tênis é mais fácil, já que quando é apenas uma criança contra a outra o distanciamento é natural", frisa. Com a reabertura, Lucas conta que a procura pela volta às aulas esportivas é grande. "Todos perguntam sobre os protocolos para voltar com segurança", pondera.

Os irmãos gêmeos Caio e Pedro Stochiero, de 7, são acostumados com água desde 1 ano de idade e fazem natação no Palmeiras há 4 anos. Lá se foram sete meses longe da atividade, retomada no início do mês. "É um esporte muito legal. Com a pandemia, fiquei chateado de não poder brincar com meus amigos e ir ao clube. É muito melhor praticar esporte do que ficar em casa sem fazer nada", diz Caio. Ele conta que ficar sem a natação é pior que não poder viajar. "Me ajuda a ter equilíbrio, força, velocidade e concentração." O pai dos garotos, Fernando Stochiero, lembra que a prática, em si, é estimulante, tranquiliza, muito mais importante que o gasto calórico.

"A necessidade de ter sincronismo na natação ajuda a catalisar a energia, traz suavidade aos movimentos, aumenta a consciência corporal", diz. A parada com a pandemia exigiu criatividade. Mesmo dentro de casa, Fernando e os filhos não deixaram de se divertir e se exercitar. Com os móveis da sala remanejados, brincavam de pique-esconde e, na área comum do prédio, aproveitavam a piscina, jogavam bola e andavam de bicicleta. O pai relata que, quando souberam da volta das aulas de natação, Caio e Pedro ficaram ansiosos, passaram duas noites sem dormir direito. "Fiquei muito feliz em voltar", comemora Pedro.
 
Maria Cecília Murta de Oliveira, de 11, faz tênis há três anos. "Gosto de praticar esporte e encontrar os colegas. Me ajuda nas outras atividades da minha vida, a me concentrar mais nas aulas da escola e fazer a lição de casa", diz a menina. A mãe, Claudia Murta de Oliveira, conta que a filha entendeu que a suspensão das aulas era uma ocasião necessária, mas, mesmo assim, a ausência bateu forte. Nos meses de quarentena, Maria Cecília continuou com as lições de piano, violão, balé e inglês. Na volta às aulas de tênis, na última semana, o momento é de felicidade. "Desde quando a professora disse que voltaria, ela ficou estimulada, e sabe de todos os cuidados que deve tomar. Está tranquila, sem medo. O tênis melhora o preparo físico, mas, principalmente, ajuda no aspecto emocional", continua Claudia.
 
Felipe Magalhães, de 9 anos, ficou feliz com a volta dos treinos e de poder conviver com os colegas e professores com o uso da máscara (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Felipe Magalhães, de 9 anos, ficou feliz com a volta dos treinos e de poder conviver com os colegas e professores com o uso da máscara (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
SOCIALIZAÇÃO 

Cesar Augusto Bitar é proprietário do Cesar – Centro de Esportes, Saúde e Reabilitação, que agrega atendimentos em fisioterapia, estética e pilates. Na escola de futebol infantil, reúne alunos entre 4 e 14 anos. As atividades tiveram início em 19 de julho de 1998, exatamente no dia nacional dedicado ao futebol. "Além de instruir sobre regras e fundamentos do esporte, o objetivo é ensinar a criança a socializar, saber lidar com as derrotas, respeitar os colegas. É gratificante saber que, na vida adulta, serão homens e mulheres bem-sucedidos naquilo que escolheram", pontua.

A escola ficou seis meses com o funcionamento suspenso. No primeiro trimestre, Cesar conta sobre os pedidos para a realização de treinos virtuais ou para o repasse de atividades que os alunos pudessem praticar em casa, como ocorreu em outras escolas. "Mas nem todos teriam materiais ou espaços adequados para os exercícios. Também fiquei receoso de fazerem a atividade de forma incorreta e sofrer algum tipo de lesão", continua. Depois, Cesar acabou indicando profissionais para ministrar os treinos nas próprias residências, adaptando as atividades ao espaço físico de cada família.
 
Desde o início da quarentena, Cesar Augusto Bitar, proprietário do Cesar %u2013 Centro de Esportes, Saúde e Reabilitação, recebeu mensagens e ligações das famílias questionando sobre a volta aos treinos(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Desde o início da quarentena, Cesar Augusto Bitar, proprietário do Cesar %u2013 Centro de Esportes, Saúde e Reabilitação, recebeu mensagens e ligações das famílias questionando sobre a volta aos treinos (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Cesar fala sobre a dificuldade dos pais em estar com as crianças só no ambiente doméstico, sem realizar atividades físicas. Desde o início da quarentena, recebeu mensagens e ligações constantes das famílias questionando sobre a volta aos treinos. O retorno foi no fim de setembro. "O que mais escuto dos pais, depois que retornamos, é sobre o ganho de peso das crianças e o tempo maior no celular e videogame", relata.
 
Na volta às aulas, todo protocolo quanto à proteção ao coronavírus é seguido à risca, como uso de máscara, obrigatório para professores e alunos, álcool em gel disponível em todo o estabelecimento, e a restrição a apenas um acompanhante por aluno, a fim de evitar aglomerações." Reduzimos a quantidade de alunos por turma em 40%. Também suspendemos o que eles mais gostam, que é o coletivo. Um dos motivos é a utilização do colete, que geralmente passa de um para outro. Implantamos atividades leves, respeitando a parada longa sem exercícios, acertando com os alunos e seus pais sobre a importância de que a alimentação volte a ser balanceada e nutritiva", descreve Cesar. Ainda assim, acrescenta o treinador, muitas famílias estão preocupadas sobre manter as crianças nos treinos.


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