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Estado de Minas

Autoridades em saúde identificam agentes disseminadores do coronavírus na China

Entre as constatações, a informação de que um único paciente com a infecção pode transmitir a doença para vários profissionais de saúde


postado em 23/01/2020 12:46 / atualizado em 23/01/2020 16:33

(foto: Nicolas Asfouri/AFP)
(foto: Nicolas Asfouri/AFP)

Diante da situação de propagação veloz do coronavírus chinês, que vem causando quadros de pneumonia grave no país e fora, uma informação talvez esteja entre as mais alarmantes: um único paciente acabou infectando 14 profissionais de saúde. O epicentro do problema é o município de Wuhan, onde um mercado especializado no atacado de peixes e frutos do mar seria o lugar de origem do surgimento da doença, ainda que, em alguns casos, pessoas contaminadas não tenham tido contato com esse centro comercial. O vírus começou a ser identificado no fim de 2019.

O paciente é considerado um agente "super espalhador" do vírus (ou seja, um único indivíduo doente responde pela infecção de um número considerável de outras pessoas). A circunstância é tratada como de difusão grave e equipes responsáveis por identificar a doença seguem a trilha desse paciente, um elemento que pode ser uma das chaves para barrar a disseminação do micro-organismo.

(foto: Nicolas Asfouri/AFP)
(foto: Nicolas Asfouri/AFP)

Essa característica de difusão rápida a partir de Wuhan indica que o vírus pode se espalhar com facilidade, como alerta o epidemiologista Michael Osterholm, professor da Escola de Saúde Pública da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. O especialista denomina esse agente como "super destruidor", uma vez que o vírus é liberado por simples espirros e tosse, e tem grande alcance de contaminação. O médico alerta ainda para a existência de outros "espalhadores" do coronavírus de Wuhan além desse primeiro paciente. "Se houver um, haverá mais", disse.  

Uma das equipes que trabalham no caso do surto viral que já ultrapassou as fronteiras chinesas considera que devem haver mais profissionais de saúde em Wuhan ou proximidades que podem ter sido infectados, possivelmente crescendo o número dos 14 mencionados oficialmente no início desta semana.

Outra linha de pesquisa mostra que 20 profissionais de saúde foram contaminados por pacientes, dentre outros seis casos possivelmente ocorridos em hospitais em Wuhan e na cidade vizinha de Huanggang. As autoridades de saúde pública tentam evitar eventos devastadores a propósito da propagação em massa do coronavírus.

Esta é uma constatação crucial sobre o surto da enfermidade. Situações assim vêm sendo comparadas à disseminação da febre tifoide em Nova York no início do século 20, ao caso do médico chinês que, em 2003, espalhou o vírus da síndrome respiratória aguda severa (SARS) e ainda ao único paciente de um hospital sul-coreano que infectou 82 pessoas com a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), em 2015. Todos eles são coronavírus, mas as cepas vêm se diferenciando.


Essa é uma espécie de vírus que causa infecções respiratórias em seres humanos e animais e é transmitido através da tosse, espirros ou contato físico. A mídia estatal no país CCTV informou que Zhong Nanshan, um dos principais especialistas em doenças infecciosas da China, confirmou a transmissão de pessoa para pessoa.

(foto: Nicolas Asfouri/AFP)
(foto: Nicolas Asfouri/AFP)

O coronavírus já é responsável pela morte de 17 pessoas, e soma mais de 570 casos em cinco países diferentes, inclusive os Estados Unidos. No Brasil, o primeiro alerta aconteceu em Belo Horizonte. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) chegou a avaliar um caso suspeito na capital mineira sobre uma mulher de 35 anos que esteve em Xangai, e desembarcou no último sábado em BH. A suspeita sobre o coronavírus, no entanto, foi descartada.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reuniu nesta quarta-feira (22) seu comitê de emergência para decidir se o novo vírus constitui uma "emergência de saúde pública de interesse internacional". Nesta quinta-feira, a entidade divulgou a informação de que está "muito cedo" para decretar que a situação constitui uma "emergência de saúde pública de alcance internacional".

"Não se equivoquem, é uma emergência na China. Mas ainda não é uma emergência sanitária mundial. Pode se tornar", declarou em coletiva de imprensa o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Até o momento, a OMS usou o termo "emergência internacional" apenas para casos raros de epidemias que exigem uma resposta global vigorosa, incluindo a gripe suína H1N1, em 2009; o vírus zika, em 2016; e a febre ebola, que devastou parte da África Ocidental de 2014 a 2016, assim como a República Democrática do Congo, desde 2018.

O médico infectologista membro da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Carlos Starling, ensina que o cuidado básico para se proteger do contágio é evitar ir para a região onde o surto acontece. E, para quem, por acaso, está retornando desses locais, o importante é ficar atento aos sinais de uma possível infecção respiratória grave, semelhantes aos de uma gripe, como tosse, febre, mal estar de início súbito, evoluindo para uma insuficiência respiratória. "Se, ao voltar dessa região, a pessoa apresentar esse quadro, é fundamental procurar assistência médica e informar que esteve nesses lugares", orienta.

(foto: Nicolas Asfouri/AFP)
(foto: Nicolas Asfouri/AFP)

Outras medidas preventivas para evitar a contaminação com o coronavírus são as mesmas que devem ser tomadas em casos de síndromes respiratórias agudas: evitar lugares fechados e com muita gente, uso de máscaras, lavar e higienizar frequentemente as mãos, principalmente antes de consumir algum alimento e após tossir ou espirrar, utilizar lenço descartável para higiene nasal, cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir, evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca, não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas, manter os ambientes bem ventilados, evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de infecção respiratória. "Também manter um estado de vigilância, com atenção para  o aparecimento de algum sinal de infecção", ensina o médico.


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