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Estilo de vida desenfreado

Quanto mais o mundo se acelera, cada pessoa precisa encontrar um caminho próprio para acalmar a mente e não comprometer as relações humanas nos ambientes emocional, amoroso e profissional


postado em 14/07/2019 04:06

(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

 
 


"É preciso aprender a se desconectar 
e descobrir que isso não só é 
necessário como libertador”

. Cynthia Dias Pinto Coelho, psicóloga clínica 

A vida estressante e a mente acelerada podem ter consequências diversas na saúde, no estilo de vida, nos relacionamentos afetivos e profissionais de uma pessoa. Como elas não param, estão sempre correndo, ocupadas, atrasadas, cumprindo uma lista infindável de atividades profissionais e sociais, o tempo para cuidar de si e de suas necessidades é cada vez mais escasso. “Com isso, há uma quebra da homeostase natural e necessária à boa saúde, e o corpo começa a adoecer. A lista de doenças causadas ou agravadas pelo estresse e pelo estilo de vida é enorme. Os pacientes com doenças psicossomáticas são cada vez mais frequentes nos consultórios médicos e psicológicos, uma vez que a doença pode ser o “freio de mão” utilizado pelo inconsciente e pelo corpo para chamar a atenção do sujeito sobre seu estilo de vida desenfreado, que desrespeita os limites. Além do adoecimento físico, existe o psíquico”, alerta Cynthia Dias Pinto Coelho, psicóloga clínica.

A aceleração da vida está em todos os ambientes. “Até nos momentos de lazer é comum ver pessoas querendo fazer tudo ao mesmo tempo. É preciso estar com o corpo lindo, ser culto, saber das novidades da moda, da vida dos artistas, de política e economia. Fazer inglês, aula de dança, treinamento funcional, acompanhar a vida alheia nas redes sociais, postar suas atividades e responder a todos os comentários e ainda cumprir os múltiplos papéis sociais de filho (a), mãe ou pai, cônjuge, amigo, profissional de sucesso. É uma pressa desmedida, uma vontade enorme de 'assobiar e chupar cana', que acaba por gerar estresse onde deveria haver diversão. O trabalho, que antes era fonte de renda e realização profissional, tem sido para muitos um sacrifício, gerador de cobranças, múltiplas tarefas e angústias. Tem ainda a sobrecarga da mulher, que trabalha fora e dentro de casa. O pensamento acelerado afeta as relações humanas nos ambientes emocional, amoroso, profissional e financeiro”, afirma Cynthia Dias.

Segundo a psicóloga, para pensar em “vilões e culpados” é preciso traçar um paralelo entre a evolução da humanidade, o mercado competitivo e a incorporação da vida digital no cotidiano. “Antigamente, o comércio, as empresas e indústrias fechavam por volta das 17h, 18h e seus funcionários iam para casa, com um trânsito tranquilo e rápido, chegavam em casa a tempo de conversar com vizinhos, jantar em família, assistir ao jornal e ver a novela na TV. O telefone era usado para breves conversas e recados urgentes, já que quase tudo esperaria tranquilamente até o próximo dia de expediente ou o próximo encontro. Hoje, as pessoas passaram a viver no limite da exaustão e palavras como deadline e prazo final passaram a fazer parte do cotidiano. Some-se a isso as redes sociais, que conectam as pessoas de forma legal, mas que consumem tempo significativo da vida real. Assim, a vida segue acelerada, o trabalho é acelerado, o pensamento é acelerado, as ações são aceleradas e muitas pessoas seguem exaustas, ansiosas, insones, depressivas, infelizes...”

FINITUDE 

Mas tudo tem um outro lado e, na maioria das vezes, uma outra saída. Cynthia Dias garante que tem como controlar esses agentes que provocam tamanha inquietação: “É possível, mas exige consciência, disciplina e esforço para se imporem limites claros de tempo e ações e o estabelecimento de prioridades”, afirma. Segundo a psicóloga, é preciso entender, por exemplo, que ao encerrar a jornada diária de trabalho não se deve passar o tempo livre respondendo aos e-mails ou mensagens; que, durante o almoço ou jantar, o celular deve estar distante da mesa, para que as pessoas aproveitem o tempo para conversar e comer realmente; que ao assistir a um show ou teatro, o tempo deve ser destinado a curtir o artista e não somente a filmar e fotografar mil ângulos para postar; que a hora de fazer esportes, visitar a família ou namorar, por exemplo, deve ser gasta nas relações pessoais.

“É preciso aprender a se desconectar e descobrir que isso não só é necessário como libertador.” Para ela, muita gente tem vivido no “piloto automático”, de forma mecanizada, a cumprir metas, obrigações sociais e compromissos de trabalho, de forma quase robotizada. “Para perceber isso, é preciso parar e pensar: estou feliz com a vida que levo? Se eu morresse hoje, os meus afetos e amores estariam em dia ou apenas as minhas obrigações?. A resposta a essas perguntas pode servir de referência à mudança.”

Cynthia Dias confessa que ouve, com frequência, queixas sobre esse ritmo de vida no consultório: “As mais frequentes são relativas ao cansaço e à exaustão, bem como à falta de tempo para descansar, para ler, para curtir a família e os amigos, para cuidar da saúde (ir ao médico, fazer atividades físicas ou se alimentar corretamente), para dormir, para ter um hobby, assistir a um filme, para 'não fazer nada' e, acredite, para fazer sexo com seu parceiro (a). E o sentimento mais comum é o de 'não aguentar mais' tamanho peso e sobrecarga. Como se algo estivesse prestes a explodir. Além disso, relatam muito o adoecimento físico e psíquico, decorrentes dessa vida acelerada. A tomada de consciência sobre a nossa finitude, sobre a fragilidade da vida, faz com que as pessoas parem para repensar o quão efêmera é a vida e como é preciso saber aproveitá-la de forma efetiva, valorizando a convivência com aqueles que amamos, fazendo coisas que nos dão prazer, valorizando as pequenas coisas como ver o mar, brincar com os animais ou fazer uma criança sorrir. Como diz o rei Roberto Carlos, “é preciso saber viver...”

A psicóloga conta que estudiosos em tanatologia e em cuidados paliativos, que lidam com pacientes terminais, falam que ao se deparar com a inevitabilidade e a proximidade da morte, ninguém se arrepende de não ter comprado um carro mais potente, de não ter feito uma pós-graduação ou de não ter juntado uma fortuna no banco. “As pessoas, normalmente, se arrependem de não ter amado, de não ter convivido com as pessoas de quem gostavam, de não ter viajado para os lugares que queriam, de não ter falado de seu amor àqueles que partiram, de não ter cuidado da sua saúde, de não ter feito aquilo que queriam para fazer o que os outros esperavam. Enfim, elas se lamentam pela perda da oportunidade das pequenas e fundamentais felicidades, que não fazem parte dessa vida acelerada de hoje e que o trabalho e o dinheiro não podem comprar.”



Como desacelerar?
.Um banho relaxante: um banho quente, sem pressa, de imersão ou ducha, deixando a água bater na nuca, apreciando o aroma de sais de banho tem um incrível poder calmante.

.Meditação: algumas técnicas de relaxamento e meditação podem ajudar a acalmar o pensamento, tirando-o da ciranda exaustiva de pensar muito, de pensar em tudo ao mesmo tempo.

 
.A prática de atividade física: os esportes fazem bem à saúde do corpo e da mente, além de ajudar na produção de endorfina, hormônio responsável pela sensação de prazer e bem-estar.

.Exercícios de respiração: os exercícios de respiração ajudam a acalmar a mente, oxigenam o corpo, além de ajudar a focar a atenção em si mesmo em vez de pensar em fatores externos.

.Contato com a natureza: ver o mar ou apreciar as montanhas e matas tem 
um grande poder calmante na 
mente humana.

 
.Fazer atividades de lazer: cada pessoa tem suas preferências quanto à forma de se divertir, mas o fato é que reservar um tempo para ir ao cinema, ouvir música, dançar, cantar, ler um livro, ver filmes ou séries, viajar pode ser uma grande forma de relaxar e desacelerar o pensamento.

.Namorar: estar com quem amamos, receber um carinho, fazer sexo, ouvir palavras positivas nutrem e acalmam a mente.

.Sair com amigos: o tempo gasto com os amigos, num encontro em casa ou num bar, com boas risadas, relembrando os velhos tempos da vizinhança ou do colégio, contando piadas ou conversando amenidades pode restaurar as energias.

.Voluntariado: os trabalhos voluntários, de caridade, renovam as forças e a boa-fé na humanidade. Além de ajudar ao próximo, eles podem levar a reflexões sobre a vida, um redimensionamento dos seus problemas e, consequentemente, a programação de mudanças em seus hábitos diários.

Fonte: Cynthia Dias Pinto Coelho, psicóloga clínica


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