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Estado de Minas EM DIA COM A PSICANÁLISE

A morte brutal de pretos revela o ódio que permeia a sociedade

A odiosidade que percorre a humanidade não apenas contra pretos, mas contra a mulher, os homossexuais e tudo aquilo que afronta os moralistas, não espanta


29/11/2020 06:00 - atualizado 29/11/2020 09:45


Enquanto o Brasil lamentava o assassinato de João Alberto no estacionamento de um supermercado em Porto Alegre praticado por dois seguranças e começavam protestos contra o crime racial, nosso vice-presidente Hamilton Mourão declara que, em sua opinião, não existe racismo no Brasil.

Nós, que tivemos que criar um sistema de cotas para corrigir injustiças históricas contra os pretos (é assim que devemos falar agora e não negros), não podemos negar que desde a abolição da escravatura, eles foram abandonados à própria sorte sem nenhuma condição de competir no mercado de trabalho com os brancos sem nenhuma especialização ou preparação prévia, restando apenas subempregos e miséria e nenhum acolhimento ou apoio por parte do Estado.

Essa situação de prejuízo racial sofrida pelos pretos capturados na África e escravizados por não serem considerados humanos, mas animais de carga, deixou para sempre uma mancha moral, ou melhor imoral, na história da humanidade.

Quem assistiu ao filme Manderlay (Lars von Trier, 2005) conheceu as consequências disso em uma fazenda colonial que, 60 anos depois da abolição, não tinha alforriado seus escravos. Grace, com um advogado e mais alguns ali, chegam, exigem a alforria e tentam a impossível tarefa de administrar a situação que se torna caótica, pois os escravos eram despreparados para serem livres e enfrentar o mundo e a administração das próprias vidas.

Ainda é problemática a condição social e econômica de grande parte da população negra no Brasil, felizmente muitos já escapam hoje desta posição e o sistema de cotas ajudou muito, quer queiram alguns ou não. Por isso é admirável, senão assustadora, a negação por um líder político de uma causa que vem sendo amplamente discutida na sociedade e que demonstra a situação dos pretos no Brasil e no mundo.

Difícil entender a morte de João Alberto Freitas, de 40 anos, na véspera do Dia da Consciência Negra, no supermercado Carrefour de Porto Alegre. Espancado até a morte e asfixiado, assim como o americano George Floyd.

Depois do assassinato do americano por policiais, que gerou forte onda de protestos contra o racismo que varreu a América do Norte e o mundo assistiu, não é possível que aqueles seguranças não tinham conhecimento e informação.

Repetiram e conseguiram fazer ainda pior o absurdo crime similar. Será que seria eles os únicos brasileiros a não ter televisão em casa?

Joelho nas costas, o cara gemendo, pedindo para respirar e os assassinos em cima até o fim, esperando o fim. Alienados, agressivos e perigosos, cidadãos sem civilidade nenhuma. Ou o caso é ainda mais grave, do tipo gozo do perverso: eu sei, mas mesmo assim...

A odiosidade, que percorre a humanidade não apenas contra pretos, mas contra a mulher, os homossexuais e tudo aquilo que afronta os moralistas de plantão que só aceitam os que pensam igual, não espanta. Obtusos como eles se reúnem e votam em candidatos neonazistas e fascistas, que desejam apurar a raça e somente aceitarão em sua turma os que forem machistas, brancos e heterossexuais.

Tempos apocalípticos de pessoas alienadas que não percebem o que está acontecendo ao redor de seu ego inflado, reacionário, retrógrado. O ódio que hoje permeia nossa sociedade é a expressão pura da obscena vontade de gozo perverso sobre o outro. Que em algum tempo encontremos novos rumos.

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