(none) || (none)

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas EM DIA COM A PSICANÁLISE

Copérnico, Darwin e Freud têm muito a dizer ao homem contemporâneo

Freud descobriu o inconsciente. Copérnico avisou que a Terra não é o centro do universo. Darwin mostrou que o ser humano faz parte do reino animal


postado em 05/01/2020 04:00


Seria muito bom que conseguíssemos dar adeus ao ano velho com o coração leve de quem fez tudo o que podia e devia para ser feliz. Ser feliz não é uma constante, são momentos fortes e importantes para seguir adiante. É sentir que valeu.

Freud, o descobridor do inconsciente, analisou detidamente o homem. A ele devemos homenagens por inaugurar a atenção para a dimensão subjetiva e a importância do afeto no nosso desamparo fundamental desde o nascimento. A dimensão salvadora da escuta.

Freud mencionou três feridas narcísicas no livro Conferências introdutórias sobre psicanálise. É oportuno lembrar por uma questão de retificação da posição do homem no mundo na hora de acertar os ponteiros com o universo.

O homem precisa do narcisismo para se proteger, amar, cuidar e se manter coeso. Mas o ego muito inflado se torna um problema, pois ele passa a se achar a última cocada do pacote e aí se complica.

A primeira ferida narcísica foi a perda da ilusão de viver no centro do mundo. Copérnico, não sem enfrentar grandes opositores, afirmou que a Terra não é o centro do universo. Ela gira em torno do Sol, sendo um planeta entre outros. Houve comoção, censura, repressão. As reações adversas se deram, pois não foi uma descoberta sem importância e consequências. Ela derrubou saberes estabelecidos e mudou toda a lógica vigente.

A coisa caminhou e veio Darwin. Com ele, o homem decai para o reino animal, descendente de espécie comum aos macacos. Hoje, inclusive, entre os animais, é o mais nocivo ao planeta, justo por seu narcisismo desmedido e inconsequente. Daí o desastre. Também sofrida a aceitação dessa verdade.

O terceiro golpe foi o desvelar de não ser senhor de si. Freud descobre o inconsciente e com ele a certeza de que o homem não sabe da missa a metade. Dotado do inconsciente que funciona full time, isto é, o tempo todo, até quando dorme e faz sonhos, o homem desconhece a não insignificante, muito antes pelo contrário, parte de si próprio que existe fora da consciência. A reação foi contundente. Um insulto para o homem em sua empáfia e arrogância.

O homem é maravilhoso, reconheçamos. Descobriu que a união faz a força, inventou a roda, dominou o fogo, grandes obras e a arte! Suas descobertas fizeram da civilização algo admirável. Mas há momentos em que passa do ponto, vai do maravilhoso ao perigoso, ignora o limite do razoável, mantém interesses próprios acima dos coletivos.

Quando um homem crê possuir mais direitos a ser feliz, rico e poderoso do que os demais, ignorando estar no mundo e não em uma ilha fantástica onde nada pode atingi-lo, ele perde o ponto e desanda. Desanda, perde o rumo.

O outro e o real não podem ser ignorados. Eles se voltam contra essa indiferença com uma força descomunal e mostram a violência e destruição que podem causar.

Sem a devida retificação de sermos um grão de areia no universo e a menos que façamos algo relevante para a humanidade, nem seremos lembrados. Vale a pena incluir no balanço do novo ano o nosso lugar no mundo e tratar de reverter o curso da derrocada. Será que ainda dá tempo?

Façamos como as inocentes e não pouco inteligentes crianças, hoje nos puxando as orelhas sobre sua herança. Escutar este apelo é trabalhar pelo coletivo, pelo futuro e descendência, porque o dinheiro não vai comprar oxigênio, não faz brotar água para matar a sede. E, depois, quem vai cantar com Gil “traga-me um copo de água/ tenho sede/ e esta sede pode me matar”?

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)