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Estado de Minas Comportamento

Em uma nova trilha


30/04/2023 04:00 - atualizado 30/04/2023 07:23



Está fazendo dez anos que comecei a pedalar. Aprendi a andar de bicicleta ainda criança as custas de muitos tombos e dedos estourados. Eu e minha irmã reversávamos na nossa Caloi. Ora ia eu na garupa, ora ia ela.

Já adulta comprei uma com cinco marchas, o que havia de mais moderno. Depois a carreira, os filhos, a casa, me afastaram dos esportes até que, no início de 2013, meus filhos e minha afilhada inventaram de fazer o Caminho de Santiago de Compostela de bike. Nenhum deles tinha o hábito de pedalar, mas todos sabiam se equilibrar sobre duas rodas.

Então vou também, decidi.

Quatro meses depois estávamos lá, os quatro, iniciando a travessia que começou em Saint Jean Pied de Port, na França, até Santiago de Compostela, na Espanha. Em 14 dias rodamos felizes 820 quilômetros. Foi tão boa a experiência que pedalar virou um vício.

Quando decidi pela viagem, comecei a treinar nas trilhas no entorno de BH. Rio Acima, Honório Bicalho, Itabirito, Brumadinho, Moeda… Duas vezes por semana, cerca de 350 quilômetros por mês.

Na minha frente, um grande amigo de décadas. Me emprestou uma de suas bikes cheias de marcha e me ensinou a usá-las. Foi assim que começou minha paixão pelas subidas. Afinal somos mineiros! Para quem consegue transpor nossas serras em duas rodas, não há trilha que assuste. Muitas vezes a esposa dele, meu marido, irmã e cunhado, além de outros amigos se juntavam a nós, principalmente nos finais de semana.

Durante os dias úteis, tínhamos a companhia de outro amigo, bem mais cauteloso, mas sempre vencido pelo nosso desejo de aventura. Marcão sempre direcionava as rotas comigo tagarelando atrás. Por mais que eu passasse nas trilhas repetidas vezes, se mudasse uma pequena parte, eu jurava nunca ter estado ali. Isso lhe arrancava risadas. Ele tinha certeza de que sem ele por perto eu me perderia fácil. Eu também. Minha sorte é que ele nunca desistiu de mim. “Vamos lá Pitty, vamos pedalar”.

No último final de semana aos 65 anos Marcão partiu. Prefiro acreditar que venceu a luta contra um câncer que pode ter lhe consumido o corpo, mas, incapaz de penetrar-lhe a alma, a abrandou e o libertou. E, mais leve, ele se foi. Soltou as mãos do guidão, levantou do selim, tirou os pés do pedal, encontrou um atalho novo que ao final o levará para onde mais buscou ir este tempo todo. Valeu amigo! Prepare o terreno porque qualquer dia a gente vai pedalar! 

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