![(foto: Pixabay) Ilustração](https://i.em.com.br/lAUu_Si4TwzIbsp3fqAfK0KZ9GE=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2023/02/19/1458943/ilustracao_1_22668.jpg)
Uma amiga levou o pai a um posto onde se fazem perícias para o INSS. Cardíaco, com 85 anos e bem debilitado, ele tem tido um gasto com medicamentos e cuidados que ultrapassam a renda familiar. Fazer uso da prerrogativa da lei que beneficia cidadãos com esse problema, isentando-os do pagamento do Imposto de Renda, foi um recurso encontrado pela família. Por isso lá estava ele acompanhado de uma das filhas.
A consulta foi marcada com dificuldade, entre idas e vindas em postos de saúde e remarcações, após cancelamentos por parte da próprio posto; enfim, lá estavam todos diante da médica designada.
“Aqui não fazemos esse tipo de serviço”, falou de pronto. Tão grande foi o susto e a decepção da filha que automaticamente ela disse:
“Pelo amor de Deus, moça, não me fale uma coisa dessas!”
“Moça não. DOUTORA.”
“Me desculpe, não quis ofender nem diminuí-la. É porque estamos precisando muito desse laudo que me desesperei e você me parece tão jovem”.
“Posso ser jovem, mas estudei e sou DOUTORA!”
Por fim, para decidir tal pendência, foi necessário chamar a supervisora do serviço, tão ofendida se sentiu a médica e tão desolada a família.
A supervisora, que vem a ser formada em enfermagem, procurou ser gentil e acalmar os ânimos, prometendo solucionar a questão. “Pode ficar tranquila. Aqui fazemos esse serviço, sim. Se seu pai preencher todos os pré-requisitos necessários, ele terá laudo favorável.” Caso encerrado.
Há coisas que esperamos serem ensinadas primeiramente pela família, outras pela escola, pelos cursos de graduação. Quando não o são, não escapamos da vida, a maior de todas as nossas mestras. Ela não nos superprotege, nem nos engana. Multas vezes, chega a ser cruel, nos encurralando e nos fazendo sofrer as consequências de atos mal pensados e valores invertidos. E nessas horas não há título nenhum que nos salve de nós mesmos. Ainda bem!