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Estado de Minas Comportamento

Qual o valor?

"Só vejo algo como belo porque conheço o feio, sei que estou amando porque já experimentei o ódio"


12/06/2022 08:55 - atualizado 12/06/2022 08:57

ilustração para coluna da Patrícia Espírito Santo
(foto: Ilustração)

Me admira a necessidade que o ser humano tem de menosprezar o outro, principalmente o que vê como seu concorrente, com o objetivo de se autovalorizar. Sempre me vem à memória a narrativa de uma esteticista tentando me convencer de que o tratamento que ela estava me indicando era muito melhor do que me recomendava meu dermatologista. Para tanto, ela o desclassificou, quando bastava usar argumentos capazes de provar a eficiência de sua proposta, entre tantas outras que sempre nos são apresentadas.

Para nos perceber, precisamos nos comparar aos demais. Isso é fato. Estabelecemos parâmetros como guias, modelos a serem perseguidos até que encontramos o caminho mais adequado a cada qual individualmente, autêntico ou não.

Só vejo algo como belo porque conheço o feio, sei que estou amando porque já experimentei o ódio. Mas até mesmo o belo, o feio, o amor e o ódio têm vários níveis e espectros que nos limitam a comparação.

Também nos baseamos nas experiências dos outros para nos perceber. Faço isso ao concluir, por exemplo, que é melhor não me enveredar pelas drogas porque já vi muita gente se dando mal nesse universo. Classifico atitudes como abomináveis sem precisar experimentá-las na pele. Fazer do outro um espelho não é tarefa fácil, nos incomoda sobremaneira e com frequência a ponto de nos irritar e nos fazer negar. "Eu não sou assim, eu não faço isso." Será?

Problemáticos são sempre os outros.

Nosso maior problema é que não nos contentamos em nos comparar conosco mesmos. Aquela coisa bem clichê de "sou uma pessoa melhor hoje do que fui no passado" é bem mais honesto do que o hábito vaidoso e passional do "sou melhor que determinada pessoa". Caímos em um nível de comparação perigoso, muito perigoso, que pode nos levar a provar nosso próprio veneno. Não é o que estamos vendo acontecer?

Sempre tenho uma boa alegação para explicar o que faço, o que não quer dizer que o outro também possa utilizá-la e que vou entender perfeitamente. A justificativa só se aplica a mim, até porque nossa visão obtusa privilegia a nós mesmos. Por mais contraditório que possa parecer, a dificuldade de nos assumir fracos é o que mais nos enfraquece. 

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