(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas COMPORTAMENTO

Costurando sem fronteiras

Embarcando para a África


postado em 07/07/2019 04:00 / atualizado em 12/07/2019 16:34

 

Comecei a costurar faz uns três anos e meio. Já havia tentado há muitos anos tendo chegado a me matricular num curso. Mas achei entediante aquele negócio de ter que fazer molde para só depois partir para as vias de fato. Logo que me casei, ganhei uma máquina de costura de meu marido, depois de demonstrar interesse em ajudar umas amigas que faziam enxovais de bebê para entregar a mães carentes. Fiz centenas de mantinhas, tipo edredom, todas de retalhos de tecidos que eu ganhava. Quando os retalhos estavam acabando, sempre aparecia mais, do nada, eu costumava ironizar. Comprava apenas a manta acrílica e as linhas. Até que nasceram meus próprios filhos, a jornada múltipla consumiu meu tempo e minha máquina ficou guardada.


E foram exatamente retalhos que me fizeram costurar novamente. Ronaldo Fraga me doou um mundo deles, lindos, para que eu aproveitasse em minhas ações sociais. Alguns chamam isto de coincidência, mas eu prefiro dizer que foi uma conspiração do universo. Quando me deparei com aqueles tesouros pensei que já estava passando da hora de aprender a costurar. Conheci Lara Rogedo, minha mestra e inspiração, que me fez sair da primeira aula já com uma saia quase pronta, e conseguiu que eu passasse a ver o molde como o maior aliado da costureira. Hoje confecciono a maior parte de minhas roupas, mas faço questão de doar uma logo que outra peça fica pronta. Quando decidi ir na Caravana da Fraternidade Sem Fronteiras, para o Malawi, tinha em mãos uma máquina de costura que havia recebido para encaminhar a quem estivesse precisando.

Perguntei para administradora do centro de acolhimento lá na África se seria útil levar. Não é que estavam planejando realizar uma oficina de costura no segundo semestre, mesmo antes de ter encontrado quem pudesse ensinar e todos os apetrechos necessários para sua montagem? Pois hoje nosso grupo está embarcando pra África levando além de “uma farmácia” e um mundo de roupas, brinquedos e muita alegria, quatro máquinas de costura, tecidos, tesouras, linhas, agulhas, alfinetes, moldes....

E tudo isso ganhamos de pessoas que acreditam no potencial que a costura oculta. Todos já ouvimos lindas histórias de mulheres e homens que criaram suas famílias e muitos ainda o fazem sentadas diante de uma máquina. Lá vou eu ensinar os primeiros passos do que aprendi outro dia. Penso em me espelhar em minha professora que não permite que nenhuma de suas alunas desista por mais difícil que seja o desafio, faz com que todas acreditem que são capazes de fazer com tecidos e vontade tudo o quiserem. E olha que se eu, desajeitada e estabanada que sou, que só agora consegue fazer uma linha reta ser de fato reta, consigo fazer proezas com a costura, não serão aquelas lindas almas africanas que irão fraquejar. Logo elas que entendem e muito o valor do básico e do essencial para sobreviver.

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)