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Com fracasso administrativo, Bolsonaro só pensa na reeleição

''Nunca se viu tantos ministros sem a mínima qualificação para o exercício dos cargos''


postado em 17/10/2019 06:00 / atualizado em 17/10/2019 08:13

Bolsonaro nada tem de relevante para apresentar ao eleitorado, a não ser o antagonismo com o PT(foto: GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO)
Bolsonaro nada tem de relevante para apresentar ao eleitorado, a não ser o antagonismo com o PT (foto: GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO)


Se Jair Bolsonaro fosse católico – católico de verdade – certamente faria uma promessa para Santa Dulce dos pobres pedindo uma graça: a libertação de Lula. Para ele vai ser a salvação do seu governo. Poderá, então, dedicar-se todos os dias a transformar o petista no seu adversário eleitoral.

Isto já pensando em 2022. Assim evitaria ter de se dedicar às tarefas que considera enfadonhas, aquelas que são da responsabilidade do presidente da República. Este desejo está próximo de ser obtido.

O Supremo Tribunal Federal deve abrir caminho para que os condenados em segunda instância possam recorrer em liberdade. Deverá também, ainda este mês, julgar a suspeição do então juiz Sérgio Moro. O pacote completo poderá transformar outubro em um verdadeiro Natal para Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente da República só pensa em uma coisa: na reeleição. Para isso necessita, dentro da sua particular visão de mundo – manter o clima permanente de tensão. Acredita que desta forma viabiliza sua candidatura ao segundo turno em 2022. Se enxerga eleitoralmente a longo prazo, o faz para escamotear o fracasso administrativo, político e econômico do seu governo.

Não tem nada de relevante para apresentar ao eleitorado a não ser – e daí a importância de Lula livre – o antagonismo com o PT. Antagonismo, vale destacar, absolutamente despolitizado. Inexiste uma contraposição ideológica em termos administrativos pois o governo, até agora, nada tem para apresentar. Nestes quase 10 meses de bolsonarismo, o discurso ocupou o lugar da prática governamental. Falou muito – e de forma inconsequente – e pouco realizou.

Bolsonaro acredita que tem de manter o clima eleitoral de 2018. Não entendeu que o processo sucessório do ano passado teve particularidades que dificilmente se repetirão.

A proximidade do impeachment de Dilma Rousseff, o envolvimento de Michel Temer em supostas irregularidades – que também atingiram alguns dos seus ministros –, a profunda insatisfação com o funcionamento dos poderes constituídos, tudo isso acabou conduzindo a que os eleitores buscassem algo novo, que rompesse com o que consideravam tradicionalismo, a velha política, como foi então chamada.

Apesar de o eleitor desconhecer as ideias de Bolsonaro, ele acabou vencendo o pleito pelo firme posicionamento contra o PT. E foi ajudado por Fernando Haddad que, a cada segunda feira, ia a Curitiba ouvir os conselhos do sentenciado Lula. Isto sinalizava que caso fosse eleito iria buscar algum meio para libertar o principal condenado pela Operação Lava-Jato. Era tudo o que seu opositor queria. Jogando no aprofundamento da desmoralização do PT – e o petrolão, o maior desvio de recursos públicos da História, facilitou esta tarefa – acabou eleito sem que o eleitorado tivesse uma pálida ideia de como seria o seu governo.

É evidente que a permanência da tensão política é uma estratégia meramente eleitoral, contudo, a irresponsável antecipação do processo sucessório imobilizou a ação política governamental. De um lado porque Bolsonaro só pensa em se manter no poder; de outro porque todos os pretensos candidatos à sua sucessão vão – e faz parte da política – inviabilizar os projetos do governo.

Este quadro é agravado pela inépcia administrativa da maioria dos seus ministros. Sem exagero, esta é a pior composição ministerial desde 1889. Nunca se viu tantos ministros sem a mínima qualificação para o exercício dos cargos. Além da incompetência, há uma ação deliberada de minar a estrutura governamental, destruir o que foi construído com muito trabalho nas últimas décadas. E não faltam exemplos. Basta observar o Itamaraty, o MEC, as áreas de direitos humanos, cultura, ciência e tecnologia, entre outras.

O país está paralisado.  A desindustrialização – que foi se agravando neste século – é evidente. Nos últimos cinco anos, enquanto no mundo a produção industrial cresceu 10%, no Brasil caiu 15%. O desemprego continua muito alto. Temos aqueles – e são milhões – que trabalham parte da jornada, além dos que desistiram de procurar trabalho.

A queda dos investimentos governamentais é patente. A situação das contas públicas é extremamente preocupante. A promessa de zerar o déficit primário este ano foi postergada para 2023! O PIB deve crescer apenas 0,8%. O acordo do Mercosul com a União Europeia dificilmente será aprovado pelos parlamentos nacionais de 27 países. O sonho de entrar na OCDE a qualquer preço – como o de abandonar o status de país em desenvolvimento na OMC – também fracassou.

Politicamente o governo está sem sustentação inclusive do seu próprio partido, o PSL. No Congresso, o pouco que foi aprovado deve-se à ação de lideranças que agiram de forma independente, distantes das determinações do Palácio do Planalto. As pesquisas de opinião apresentam que a maioria dos consultados não confiam em Bolsonaro. Frente a este quadro, por que Bolsonaro quer se reeleger?


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