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Estado de Minas BRA$IL EM FOCO

Turbulências na rota do acordo

O aceno feito pelo presidente dos Estados Unidos para um possível acordo comercial com o Brasil pode azedar ainda mais as conversas com os europeus.


postado em 01/08/2019 04:00


 




Promessas de acordos comerciais podem se desmanchar no ar. O acordo entre Mercosul e União Europeia, anunciado com pompa e circunstância depois de 20 anos de negociações como um marco histórico, pode ficar muito aquém das previsões iniciais do Ministério da Economia de impacto de até US$ 125 bilhões no PIB em 15 anos e de investimentos da ordem de US$ 113 bilhões em igual período. Depois da euforia vem a realidade. Além do fato de o acordo só ter previsão para entrar em vigor depois de aprovado por todos os países dos dois blocos, turbulências já ameaçam abortar a decolagem pomposa do livre-comércio entre os blocos que somam 750 milhões de habitantes e US$ 17 trilhões em geração de riqueza, correspondendo a um quarto do PIB mundial.

Depois de 20 anos de negociações, as chances de um acordo efetivo vingar existem. Mas há os senões. E eles estão nas diferenças que existem entre os blocos e no quanto o livre-comércio entre os 32 países incomoda o resto do mundo. E o presidente Jair Bolsonaro, que comemorou o acordo, parece agora não contribuir de forma assertiva para que não haja atritos. Na segunda-feira, ao cancelar um encontro com o chanceler da França, Jena-Yves Le Drian, e pouco depois aparecer em um vídeo em uma rede social cortando os cabelos, Bolsonaro parece ter feito uma provocação desnecessária. No mesmo dia, o ministro das Relações Exteriores francês avisou que seu país fará uma “avaliação completa e independente” do acordo. E aí, a questão ambiental vai ganhar peso.

O presidente francês, Emmanuel Macron, já avisou que se não houver compromisso efetivo do Brasil com o Acordo de Paris não haverá acordo comercial. E aqui, não adianta Bolsonaro condenar a divulgação dos dados sobre o desmatamento. Se eles forem reais, não importa se serão divulgados ou não, podem ser vistos por satélites e esse é um aspecto que será levado em conta nas negociações. O governo francês já nomeou uma comissão de especialistas independentes para estudar os termos do acordo da União Europeia com o Mercosul. Há pressão de agricultores franceses, que são contra o acordo.

Em outra frente, a UE alertou na terça-feira que o acordo com o Mercosul tem condicionantes. “A proteção dos direitos dos povos indígenas é subordinada aos princípios gerais do acordo”, avisou a União Europeia. O pano de fundo são os conflitos nas terras dos wajãpi, no Amapá (onde um índio apareceu morto) e mais uma vez as declarações de Bolsonaro de que pretende legalizar o garimpo em terras indígenas. Nesse ponto, o peso maior é da Alemanha. Basta lembrar que França e Alemanha foram os dois países que fizeram cobranças em relação à política ambiental do Brasil no início da reunião do G20, que foi atropelada pelo anúncio do acordo em Bruxelas. E é lá, na Bélgica, que deputados europeus querem a criação de um mecanismo para suspender a liberalização comercial em caso de desmatamento flagrante.

França e Alemanha ameaçam brecar o acordo entre os dois blocos. E o aceno feito pelo presidente dos Estados Unidos para um possível acordo comercial com o Brasil pode azedar ainda mais as conversas com os europeus. É que ao mesmo tempo em que Trump defendia o acordo, o secretário de Comércio norte-americano, Wilbur Ross, avisou que caso o Brasil aceite o acordo com a União Europeia, isso dificultará a negociação de livre-comércio com os EUA. “Nós temos diferenças com a comissão da União Europeia”, disse Ross ao avisar: “Tenham cuidado e não caiam em armadilhas com algo que seja inconsistente com o acordo de livre-comércio conosco”. Depois de 20 anos de negociações, o acordo de livre-comércio entre os quatro países do Mercosul e os 28 da União Europeia nunca esteve tão ameaçado quanto agora.


Energia

R$ 1,4

BilhÃO


é quanto Furnas prevê em geração e transmissão de energia em 2020. O objetivo é ampliar o portfólio de ativos, com investimentos próprios e na geração de energia eólica e solar


Apoio da indústria
Levantamento da CNI com 589 empresas exportadoras mostra que os acordos comerciais com União Europeia e Estados Unidos são prioridade. Os EUA são o principal mercado para os produtos industriais brasileiros, e nas contas da confederação, a cada R$ 1 bilhão exportados para os EUA geram 32.810 empregos no Brasil, uma massa salarial de R$ 668,3 milhões e outros  R$ 4,2 bilhões na produção de bens e serviços em outros setores na economia brasileira.



Massa para o mundo
As exportações brasileiras de biscoitos, massas alimentícias e pães e bolos industrializados somaram quase 33 mil toneladas no primeiro semestre deste ano e US$ 60,3 milhões em faturamento, segundo balanço da Abimap. Em volume, as exportações tiveram retração de 6% em relação a igual período do ano passado, mas em  receita tiveram um crescimento de 6%. O destaque ficou com o setor de biscoitos, cujas vendas externas cresceram 11% em valor e 20% em volume.  

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