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Tem fura-fila da vacina no esporte. E muita gente acha que está tudo bem

Seriam os atletas e agregados realmente prioritários para a vacinação contra a COVID-19 neste momento?


13/05/2021 18:34 - atualizado 20/05/2021 21:41

Conmebol e COI receberam doações de vacina para aplicar nas delegações esportivas(foto: Pixabay/Reprodução)
Conmebol e COI receberam doações de vacina para aplicar nas delegações esportivas (foto: Pixabay/Reprodução)

“E aí, já se vacinou?” Não sei se ocorre com você, mas sempre que converso com alguém que se encaixa nos grupos elegíveis para a vacina contra a COVID-19, essa é a primeira pergunta que me vem à mente, logo depois do “como vai?” – porque perguntar “tudo bem?” já caiu em desuso, com mais de um ano de pandemia e toda a incerteza que recai sobre os ombros de nós, brasileiros que não estamos no grupo prioritário.

Imobilizados entre o temor de sermos infectados e o desejo de chegarmos logo ao futuro normal, aquele que está demorando a surgir no horizonte, é o que parece nos restar neste momento.

Pois ela, a vacina, é a mola propulsora do mundo atual. Dita quem vai sorrir e quem vai chorar. Quem vai recuperar o PIB e quem vai ficar ao relento, em busca das migalhas alheias. Aos reles mortais, permite sonhar. Sobreviver.

Para algumas pessoas digamos assim “afortunadas” há um atalho nessa caminhada. São os abonados, que compram uma temporada nos Estados Unidos com direito a voltar para casa imunizados, e os atletas que ganharam o privilégio de serem vacinados na esteira das competições.

É o capitalismo sambando de mãos dadas com o esporte na cara de quem não se enquadra em nenhuma dessas condições.

Desde que o mundo é mundo há essa divisão, entre os favorecidos e os desfavorecidos. Entre quem detém o poder e que é refém do sistema. Mas a pandemia fez o desfavor de aumentar mais esse abismo e jogar para o fundo do poço questões éticas e humanitárias.

Mais do que nunca, o planeta tem girado em torno do umbigo de muita gente. E se isso incluir uma picada de imunizante no braço, eles aceitam de bom grado.

Para quem está no comando, basta definir as regras. Abaladas financeiramente por causa da pandemia (bem menos do que aquela categoria dos reles mortais), as entidades responsáveis pelos principais eventos esportivos do mundo decidiram que não vai ser o tal do novo coronavírus que vai pará-las.

Se não tem vacina para todos, vamos então vacinar quem precisa fazer a roda girar, ora bolas!

E foi assim que a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) fechou um contrato de “doação” de 50 mil doses de vacina com o laboratório chinês Sinovac para levar a imunização a quem vai garantir a disputa da Copa Libertadores, da Sul-Americana e da Copa América.

O show não pode parar, dizem.

Ainda não chegou a sua vez de se vacinar? Aguarda sentado, porque antes de você – do motorista de ônibus que circula pela cidade, do caixa do supermercado onde você faz suas compras e até do professor do seu filho – é preciso garantir a saúde dos jogadores que estão entrando ou entrarão em campo por esses torneios.

Pão e circo, uma prática milenar.

Mas não existe almoço grátis, é sabido. Nesta quinta-feira (13/5), a Conmebol anunciou que a final da Libertadores'2021, marcada para 20 de novembro, será no Estádio Centenário, em Montevidéu, com a promessa de torcida nas arquibancadas, já que a vacinação no país está adiantada.

O Uruguai não estava entre os candidatos a receber a partida (a grande aposta era a Argentina). Coincidentemente, a situação mudou depois que o governo uruguaio entrou em campo e intermediou a aquisição da vacina junto à Sinovac – que segundo o jornal argentino La Nación será um dos patrocinadores oficiais da Copa América, que começa em 11 de junho.

Nos Jogos Olímpicos é semelhante. Vacinas da Pfizer e da CoronaVac, doadas pelos respectivos laboratórios ao Comitê Olímpico Internacional (COI), vão garantir os anticorpos necessários às delegações que estarão no Japão em julho.

Nesta semana, os organizadores da Olimpíada de Tóquio excluíram a obrigatoriedade da vacinação contra a COVID-19 aos atletas, até porque cada país vivencia uma realidade diferente em relação a isso. Mesmo assim, aceitaram o gesto “caridoso” dos laboratórios.

No Japão, a imunização de 2.500 atletas olímpicos e paralímpicos e equipes de apoio está causando uma revolta pública, já que o ritmo da vacinação está bem lento – alcançou só 3% da população.

Pesquisa da Kyodo News revelou que cerca de 70% dos japoneses são a favor do adiamento e até do cancelamento dos Jogos, possibilidade totalmente descartada pelas autoridades.

No Brasil, a vacinação dos privilegiados olímpicos começou nessa quarta-feira (12/5). No grupo estão atletas, integrantes de comissão técnica, árbitros e outros credenciados, como jornalistas. Serão 1.814 pessoas no total.

Bem naquela toada de dos males o menor, como chegaram ao país, doadas pelo COI, 4.050 doses da Pfizer e mais 8 mil da CoronaVac, segundo o Ministério da Saúde as mais de 8 mil doses restantes serão incluídas no Programa Nacional de Imunização.

Mas aí fica a pergunta: desde que os laboratórios já se mostraram abertos a atitudes de tamanha grandeza, seria pedir demais que tais doações chegassem a países que estão sendo dizimados pela doença? Seriam atletas e agregados realmente prioritários neste momento?

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