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Estado de Minas ATLÉTICO

Do sonho da casa própria ao pesadelo de uma dívida impagável

Clube alvinegro está em situação crítica, 'que está deixando os atleticanos atordoados e sem perspectiva'


27/04/2023 08:57 - atualizado 27/04/2023 09:18

Pedro Souza / Atlético
Arena do Atlético (foto: Pedro Souza / Atlético)

O Atlético Mineiro é o clube que mais deve no país. A conta chegou, e bem acima do esperado. São R$ 2 bilhões, de uma dívida impagável e preocupante. Dizer que tem patrimônio compatível como tamanho da dívida não é uma boa desculpa, mesmo porque ninguém compra um estádio de futebol.

Primeiro é preciso dizer que o estádio do Galo ficou belíssimo, de primeiro mundo e quem falar o contrário é inveja. A obra, sonhada por Daniel Nepomuceno, o grande entusiasta da realização do estádio, que teve o doutor José Salvador, dono do Mater Dei, como grande homenageado pelo então presidente, Alexandre Kalil, em uma reunião que decidiu que o estádio seria aprovado-, em breve contarei essa história-, está de pé e enche de orgulho os atleticanos.

Dito isto, é preciso relatar, também, que o estádio custou mais do que o dobro do previsto e a venda do shopping Diamond Mall, esse sim um belo patrimônio, que seria usada para a conclusão das obras, não teve o impacto esperado. A situação é desesperadora, pois só de juros, no último ano, o Atlético pagou mais de R$ 200 milhões.
Tudo isso acontece em função de alguns fatores. O primeiro deles, o fato de o Atlético Mineiro querer competir com Flamengo e Palmeiras, pagando salários exorbitantes, em nível de Europa, arrecadando um quinto do clube carioca, por exemplo. O Flamengo arrecada por ano cerca de R$ 1.2 bilhão, e pode contratar quem bem entender. Foi saneado em 6 anos da gestão Bandeira de Melo, e hoje é superavitário.

O Palmeiras também segue o mesmo caminho, e ainda que a presidente, Leila Ferreira, seja bilionária, ela não põe um centavo no clube. Gere com mão de ferro e não contrata sem ter dinheiro para pagar salários.

O atual presidente do Galo já declarou várias vezes que se “não fosse o dinheiro dos mecenas, não conseguiria pagar salários, Transfer Ban e outras despesas, e que seu clube estaria na Segunda Divisão”. Vale lembrar que os mecenas ajudam da melhor maneira possível, mas o dinheiro deles não é dado, pois tudo na vida tem um custo. Por mais que queiram ajudar o clube pelo qual torcem, há um limite de gastos, e é sabido que mecenato não é a melhor forma de se administrar uma instituição de futebol.

Em 2021 o Atlético conseguiu dois dos 3 títulos mais importantes que disputou, num ano atípico. Palmeiras e Flamengo estavam mal e o Galo aproveitou para surfar na onda. Chegaram a dizer que seu elenco valia R$ 700 milhões, mas ninguém foi vendido a peso de ouro, ou mesmo algo perto disso. Ao contrário, o Galo não conseguiu vender quase ninguém, e nem chegou a 10% do previsto.

São fatos, e contra fatos não há argumentos. Não adianta querer vender para a torcida um clube que não existe. É preciso responsabilidade na hora de contratar, de gerir, de saber onde o calo aperta. As receitas de Flamengo e Palmeiras são infinitamente superiores as do Galo, só para citar os dois clubes que têm dominado o futebol brasileiro nos últimos anos, exceto em 2021. Querer fazer média com a torcida, achando-se o maioral, dá nisso. Uma dívida impagável, que está deixando os atleticanos atordoados e sem perspectiva.

Fala-se em SAF. Dizem que há uma proposta quase fechada com um grupo e que a coisa vai caminhar. Mas eu pergunto: quem, em sã consciência vai pagar R$ 1 bilhão por 51% das ações de uma possível SAF, deixando o estádio e o CT de fora? E mais: se times como Vasco e Botafogo receberam algo em torno de R$ 700 milhões por 90% das ações, o que leva o Galo a crer que ele alavancará um investidor que pague R$ 1 bilhão, por 51% das ações, ainda que ceda o estádio e o CT? Fala-se também que o Atlético Mineiro pode virar SAF e esperar a chegada de um comprador.
A verdade é uma só: o buraco no qual o Galo entrou é mais profundo do que imaginavam seus dirigentes. Rodrigo Capelo, jornalista especializado em finanças, traçou um caminho árduo, preocupante, e quase sem saída para o clube mineiro. Os dirigentes brasileiros, de norte a sul do país se acham donos dos clubes. Vão fazendo dívidas para satisfazer os torcedores, cometem irresponsabilidades e no fim acontece isso. Não precisamos ir muito longe. Se atravessarmos o Atlântico, com destino a Espanha, vamos ver um clube campeoníssimo, no momento quebrado, que é o Barcelona. Com uma dívida de 8 bilhões de euros (R$ 48 bilhões), luta para vender ativos e tentar uma solução. Nem contratar pode, pois a La Liga tem regras duras para quem deve muito. Tudo isso por gestões equivocadas, ao longo dos anos. A conta sempre chega.

Pés no chão que sempre foi, o ex-presidente, Nélio Brant foi vice-campeão brasileiro, com um timaço, gastando R$ 6 milhões, em 1999. Não fosse um pênalti não assinalado do zagueiro corintiano Índio, que praticamente jogou basquete na área, e o Galo teria sido campeão. Era outra época, dirão alguns. Sim, era, mas a responsabilidade de quem comandava falou mais alto.
A situação do Atlético Mineiro é de caos. Por sorte, ainda existem os mecenas, que seguram as pontas, pagam dívidas, salários e tudo o mais. Há quem garanta que eles comprarão parte da SAF, mas há quem diga também que eles querem é pular fora do barco. A verdade é uma só: os clubes têm que ser geridos por gente responsável, que não dê o passo maior que a perna. Querer fazer charminho para a torcida e tentar se equiparar a Palmeiras e Flamengo, dá nisso. Uma dívida impagável e um sonho da casa própria que se tornou um verdadeiro pesadelo. Internautas perguntam se o atual presidente vai soltar nota oficial, de repúdio, pondo a imprensa nacional como “persona non grata” ao Atlético. Afinal, todos os órgãos de imprensa estão condenando a atual gestão, por uma dívida inimaginável e impagável. 

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