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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Por indenização justa a famílias de meninos mortos no Flamengo

"Sou a favor de uma indenização justa. Se eu fosse presidente do Flamengo, daria R$ 5 milhões a cada família e mais R$ 10 mil mensais até que cada garoto completasse 35 anos"


postado em 03/02/2020 04:00

Pablo Henrique da Silva Matos, de Oliveira, e Jorge Eduardo, de Alem Paraíba, estavam entre os 10 mortos em incêndio no Ninho do Urubu(foto: REDES SOCIAIS/REPRODUÇÃO)
Pablo Henrique da Silva Matos, de Oliveira, e Jorge Eduardo, de Alem Paraíba, estavam entre os 10 mortos em incêndio no Ninho do Urubu (foto: REDES SOCIAIS/REPRODUÇÃO)
 
 
Sábado fará um ano da tragédia no Ninho do Urubu, que matou queimadas 10 crianças, que sonhavam um dia defender os profissionais do Flamengo. Garotos que foram confiados aos clubes por seus pais, que esperavam vê-los na vitrine, mas que receberam de volta caixões, que não abertos puderam ser, pois os garotos foram dizimados pelo fogo. Ontem, o Esporte Espetacular, da TV Globo, fez uma matéria assinada por Fábio Jupa relembrando a tragédia, ouvindo famílias das vítimas, advogados e o Flamengo. Matéria muito boa e esclarecedora. Tenho cobrado quase que diariamente em meus comentários na Rádio Tupi do Rio de Janeiro, a maior audiência do rádio brasileiro, já que é uma rádio nacional, uma definição para essa situação. A vida não tem preço, ainda mais de crianças. Digo sempre isso. Porém, é preciso uma indenização justa para minimizar o sofrimento das famílias. Um valor fixo e um salário mensal para cada família. Gente, o Flamengo gasta R$ 90 milhões para contratar um Gabigol, por exemplo, e não pode gastar isso para dividir entre os familiares? É sabido que o que o clube oferece é um valor bem maior do que a Justiça determina em casos semelhantes, mas é o Flamengo, um clube organizado e superavitário. Não custa abrir um precedente e pagar o que as famílias desejam. Nas redes sociais, torcedores cobram da Globo, dizendo que “a matéria só saiu porque o Flamengo não quis assinar com a TV para a transmissão dos seus jogos no Campeonato Carioca.” Será que a Globo seria mesquinha a esse ponto? Prefiro acreditar que foi uma reportagem apenas jornalística. Uma das emissoras mais importantes do mundo não se prestaria a esse papel, imagino eu!

Outro ponto me chama a atenção. Se o Flamengo já havia recebido dezenas de multas e sabia que aquele container não estava autorizado pela prefeitura e pelos bombeiros a abrigar vidas, ainda mais de garotos, por que até hoje os culpados não foram identificados, indiciados e condenados pela Justiça? Porque é Brasil, país da impunidade, onde nem mesmo a morte de crianças é punida com os rigores que a lei determina. Fosse nos Estados Unidos, certamente alguém seria condenado a 30 anos de cadeia, ou até à pena de morte em estados onde a lei vigora. Aliás, aqui esse incêndio não ocorreria porque um container que não tem habite-se não seria liberado, ainda mais para abrigar crianças. Claro que não havia intenção de matar quando a diretoria anterior abrigou meninos ali. Mas se estava irregular, houve no mínimo negligência – e esse crime precisa ser punido. Não pode 10 crianças morrerem e ninguém ser culpado por isso. Alguém tem que ir para a cadeia.

Dentro dessa tragédia só há um ponto com o qual não concordo: os jogadores e o técnico, Jorge Jesus não têm culpa e não merecem ser chamados de “assassinos” toda vez que entram em campo para enfrentar um adversário e sua torcida. Eles não têm culpa de nada. A culpa é da diretoria anterior, comandada pelo ex-presidente Bandeira de Mello e da atual, comandada pelo presidente Rodolfo Landim, que assumiu em janeiro passado e não desalojou as crianças antes que a tragédia ocorresse. Um ar-condicionado explodir e causar um incêndio pode acontecer em qualquer lugar do mundo, mas pôr crianças em locais inapropriados, sem autorização da prefeitura e Corpo de Bombeiros, é crime. E quando há crime, os culpados têm de ser identificados e punidos. Uma tragédia dessa proporção não pode e não deve ficar impune. O Flamengo, clube pelo qual torço, é odiado por muitos Brasil afora. Amado também por 42 milhões de torcedores. Mas essa tragédia fez com que ainda mais pessoas odiassem o rubro-negro. Ainda mais que o clube está organizado e tem condições para ganhar tudo nesta temporada também. Sem argumentos no campo, os inimigos usam a tragédia como ponto de apoio para ver um defeito no clube.

Sou a favor de uma indenização justa. Se eu fosse presidente do Flamengo, esclareceria: a vida não tem preço, ainda mais de crianças. Porém, eu daria R$ 5 milhões a cada família e mais R$ 10 mil mensais até que cada garoto completasse 35 anos, média em que a maioria encerra a carreira. Isso para o Flamengo não é nada. Para as famílias, um dinheiro que jamais vai trazer os garotos de volta, mas que pode minimizar o sofrimento e melhorar a vida dos familiares. Um dos pais disse: “Não durmo desde que a tragédia aconteceu e levou seu filho”. Ele vive à base de remédios e, com certeza, nem dinheiro tem para comprar o medicamento, que deve ser tarja preta. Acho que os dirigentes rubro-negros deveriam se colocar no lugar dos pais e entender a dor de cada um. Pelo amor de Deus! Indenizem as famílias e deem um ponto final nisso. O dinheiro, seja a quantia que for, não trará os garotos de volta, mas, com certeza, diminuirá um pouco a dor dos que ficaram, desamparados, que tinham nos filhos uma única chance de ter uma vida melhor. Os exemplos estão aí para quem quiser ver. Dos garotos que jogam futebol, 99,9% são de origem pobre e sonham vencer na vida e dar um conforto melhor aos familiares. Os 10 garotos que morreram queimados não poderão realizar esse sonho. Olhem para as famílias e tenham o mínimo de respeito e piedade. E os indenizem! O Clube de Regatas Flamengo é gigante, imortal. Os homens passam, mas a instituição fica. Não deixem essa mácula no clube mais popular do Brasil, com 42 milhões de torcedores! O fato de terem acertado valores iguais com três famílias e meia não impede de o clube aumentar os valores para as outras seis famílias e meia, recompondo o valor para as que já aceitaram a proposta. Para quem faturou milhões de euros com a venda de garotos oriundos das divisões de base e que paga uma folha salarial de R$ 20 milhões, pagar R$ 5 milhões por família não é nada. Presidente Landim, o senhor tem filhos. Pense neles e use o seu coração para resolver essa questão. Não se importe com valores determinados pela Justiça ou se o Flamengo está pagando mais ou menos. Use o bom senso, o coração, e indenize cada família. É o mínimo que eu, torcedor confesso do Flamengo, e os 42 milhões de rubro-negros, esperamos!

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