
“Por onde quer que eu passe, acabo sempre na Savassi.” O verso de Pacífico Mascarenhas é o que há de melhor para definir a importância geográfica e social de um dos bairros mais conhecidos da capital mineira. A coluna pega a frase emprestada e faz sua adaptação: “Por onde quer que a história siga, alguma coisa ficará para sempre guardada na Savassi”. Pacífico integrou a Turma da Savassi, que se encontrava na padaria que batizou a região. A coluna registrou várias vezes o vaivém das festas que transformaram aquela área em caldeirão de ritmos, gêneros e animação.
Enquanto a Padaria da Savassi, aberta nos anos 1940, era o point de Pacífico e seus amigos, onde hoje funciona uma operadora de telefonia, para a geração que hoje tem 55 anos ou mais a badalação ficava a alguns metros dali, na Praça Diogo de Vasconcelos. Do final dos anos 1980 pra cá, a Antônio de Albuquerque, 729, entre as ruas Sergipe e Alagoas, foi o endereço preferido de uma sociedade que, assim como as transformações daquele espaço, também se modificou, adequando-se aos “tempos modernos”.

27 de setembro de 1990. A L'Apogée abre as portas, revolucionando o conceito de noite em BH. O espaço era dividido em scotch bar, restaurante e boate. “Foi um negócio de arromba”, lembra Rônei Rezende. Ele abriu o empreendimento em sociedade com Roberto Jacome, o Jajá, que se transformou na cara da noite da cidade ao longo de duas décadas. Do Hippopotamus, no Rio de Janeiro, Rônei trouxe o maitre Claude Lepair.
As lembranças são muitas. As mais inesquecíveis para Rônei foram as vezes em que Tim Maia, depois de shows no Palácio das Artes, ia para a L'Apogée e cantava no scotch bar. “Era uma época de muito glamour”, pontua. “As pessoas disputavam quem gastava mais em uma noite”, conta, lembrando que, com a chegada do tênis, o fim do glamour foi decretado.
As lembranças são muitas. As mais inesquecíveis para Rônei foram as vezes em que Tim Maia, depois de shows no Palácio das Artes, ia para a L'Apogée e cantava no scotch bar. “Era uma época de muito glamour”, pontua. “As pessoas disputavam quem gastava mais em uma noite”, conta, lembrando que, com a chegada do tênis, o fim do glamour foi decretado.
No final dos anos 1990, o movimento da casa já não era o mesmo do início. Rônei saiu da empresa. Jajá, antenado, percebeu que o espaço poderia continuar transformando a noite de BH. Em 2000, a L'Apogée não existia mais. Em seu lugar surgiu a Excess, também capitaneada por Jajá. A casa abria de quinta a domingo; às quartas, uma vez por mês, tinha o Clube de Mulheres.
Na sequência vieram a Joy, a Roxy e a Josefine, a boate que foi referência da comunidade LGBTQI+. Nessa fase, Jajá teve como sócio Marcelo Marent, sempre lembrado pelas ideias criativas que fizeram sucesso por anos na noite da cidade.
Na sequência vieram a Joy, a Roxy e a Josefine, a boate que foi referência da comunidade LGBTQI+. Nessa fase, Jajá teve como sócio Marcelo Marent, sempre lembrado pelas ideias criativas que fizeram sucesso por anos na noite da cidade.

Fevereiro de 2022. Quase nada lembra o endereço que foi de ponto de encontro da sociedade glamourosa a endereço das tribos as mais diversas. O número 729, hoje, está dividido em três portas. Uma delas, uma loja de produtos nacionais e importados. As outras duas, até o mês passado, estavam para alugar.
O mezanino que marcou todas as boates faz parte do imóvel, que, muito antes da L'Apogée, foi endereço da loja do estilista Gregório Faganello, trazida a Belo Horizonte por Rônei Rezende.
O mezanino que marcou todas as boates faz parte do imóvel, que, muito antes da L'Apogée, foi endereço da loja do estilista Gregório Faganello, trazida a Belo Horizonte por Rônei Rezende.
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