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Estado de Minas NOVO NORMAL

'Diário da quarentena' é tema de debate de alunos em Bom Despacho

Com base em textos publicados pela Coluna Hit, Sara Duarte e Maria Eduarda Pereira, estudantes do Colégio Darwin, revelam, em nome dos colegas, como os jovens lidam com a pandemia


03/10/2020 04:00


 “Galera, as aulas estão suspensas por tempo indeterminado. O vírus está se espalhando pelo mundo.” Não era brincadeira ou sensacionalismo da TV. Aquele abafado mês de março avançava e o comentário mais ouvido em toda parte dava conta de que o coronavírus era uma ameaça muito séria e a previsão inicial era de ficarmos pelo menos
15 dias em casa em quarentena.

“Nossa, duas semanas sem ir à escola!” era o que mais se ouvia pelos corredores, mas mal sabíamos que aquelas duas semanas virariam seis meses e que esses seis meses seriam os mais longos e cansativos das nossas vidas

Mas o que um adolescente fazia da vida antes da pandemia? Escola pela manhã, estudos à tarde, educação física em um dia da semana. Alguns optavam também por fazer aulas de música, inglês ou violão.

"É disso que sentimos mais falta: a chegada ao colégio, as risadas pelos corredores, aquele assunto do momento para colocar em dia"


Nos fins de semana, visitar parentes ou sair para se divertir com os amigos era algo que tirava da rotina, dando um gás para começar tudo de novo na segunda-feira. Só que, de repente, uma rotina tão comum virou do avesso.

A parte escolar foi a mais afetada, não nos dando chance nem escolha: o estudo on-line é uma realidade e tivemos de nos adaptar para não perder o ano que mal estava começando.

Durante as duas primeiras semanas, até que foi “tranquilo”, mas não imaginávamos que as coisas fossem tomando proporção tão gigantesca. Do nada, fomos ficando experts nos recursos da plataforma de ensino em que os professores iam mandando as atividades. E todo mundo – escola, colegas, pais – tentando se adaptar àquele mundo virtual.

Em casa, a televisão não falava de outra coisa a não ser a avalanche de notícias deixando bem claro que o momento era bastante crítico. O aumento dos casos e mortes dava a certeza de que aquele vírus não sumiria tão fácil assim.

Com o passar do tempo, as aulas virtuais começaram pra valer através das videoconferências entre os professores e os alunos. Aquela adrenalina do começo, com certeza, vai ficar para a história.

Nas aulas presenciais, a interação do professor com o aluno e a turma sempre foi intensa. A mudança para o virtual, de maneira tão abrupta, foi um choque. A interação do aluno com o professor até que acontece, mas com os nossos colegas tem sido algo bem raro, e é disto que sentimos mais falta: a chegada ao colégio, as risadas pelos corredores, aquele assunto do momento para colocar em dia, as trocas de experiências durante as aulas e até mesmo uma troca de lanche.

Mas a parte virtual até que tem rendido momentos divertidos. Sempre tem alguns professores ou colegas pagando mico. Às vezes, alguém esquece o microfone ligado por descuido e surgem algumas confissões inesperadas, como “ah, não estava a fim de fazer esta atividade”. E, claro, tem os famosos dorminhocos de plantão, que perdem a chamada e vêm com suas desculpinhas, minutos depois de seu nome ter sido insistentemente proferido: “Foi mal, professor, a minha internet caiu”, “Opa, eu tô aqui, viu? É que tive que ir ali no banheiro”. Mas pelo menos desta vez não deve rolar aquela máxima desculpa das aulas presenciais: “Poxa, meu cachorro comeu o meu trabalho”.

Agora, inesquecível mesmo foi o dia em que a professora de matemática, meio feliz, entrou cantarolando para os alunos a fim de acender os ânimos. Ih, gente, que isso? Ela não estava surtando, ela só estava tentando melhorar o seu ânimo também, não é mesmo?

Mas a vida de um adolescente na quarentena não se resume somente a estudar, estudar e estudar. Com as tarefas feitas e a leitura em dia, a diversão rola solta nos jogos on-line, com o Ludo e o Among disputando a preferência de meninos e meninas em momentos de distração nas chamadas de vídeos com os amigos.

Confinado, era preciso estar bem-informado, estudar direitinho, mas distrair a cabeça ajuda muito a saúde mental, não esquecendo também das músicas. E vamos convir: nenhum jovem consegue fazer algo sem estar ouvindo algum tipo de música.

Passados seis meses, já lemos algumas notícias sobre a possibilidade de volta às aulas. Será? A nossa cabeça, tão cheia de dúvidas e indagações, nem consegue mais pensar no que vem pela frente. Só tem espaço para as recordações da vida que tínhamos, repletas de risadas, festinhas, brincadeiras, abraços e beijinhos. Durante todo esse tempo, atos tão singelos passaram a ter valor muito grande.

Se daqui a alguns anos alguém ler esta crônica e tiver sido adolescente em 2020, vai sentir aquele aperto no peito e entender direitinho o que estamos sentindo. Saber que estamos perdendo um ano inteiro de uma das melhores fases da nossa vida para um inimigo invisível não é fácil. Mas quando tudo isso passar, pode ter certeza: vamos aproveitar cada segundo do tempo que vier pela frente com muita responsabilidade e amor ao próximo.

* Após debate on-line com o colunista Helvécio Carlos, alunos do 9º ano dos professores Junior de Sousa (português e literatura) e Camila Marques (redação), do Colégio Darwin, em Bom Despacho, escolheram este texto para representá-los no Diário da quarentena. Crônicas publicadas no especial da Coluna Hit foram apresentadas em slides na plataforma de estudos durante as aulas virtuais da turma.

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