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Estado de Minas Diário da quarentena

Paula Lima supera as saudades dos shows presenciais com lives

Cantora conta que novo formato ameniza um pouco a falta das apresentações no formato que conhecemos


27/07/2020 04:00


 
Novos tempos. Difíceis, complexos e incômodos. Um tempo também de descobertas. A quarentena foi inicialmente uma montanha-russa de altíssimo grau pra mim: o que fazer, como estar, como viver, como será o futuro?
 
Dentro da angústia inicial, diante do medo do desconhecido, do isolamento social e do caos político, questões maiores e mais profundas foram ganhando corpo sólido na minha vida, e sem volta! Acredito que a maioria de nós estava vivendo no automático, preocupados em ser e realizar, mas voltados para nós mesmos.
 
A pandemia desacelerou a vida pessoal, a carreira, mas acelerou o processo evolutivo e humano – muito já fazia parte de mim, mas as diferenças, as desigualdades, as vantagens sociais de alguns, os privilégios, a preocupação com algo que vai além de nós e com a sobrevivência se tornaram questões explícitas e urgentes.
 

"Dentro da angústia inicial, diante do medo do desconhecido, do isolamento social e do caos político, questões maiores e mais profundas foram ganhando corpo sólido na minha vida, e sem volta

 
 
As notícias caóticas sobre o governo são mais angustiantes e preocupantes do que a própria COVID-19. Estar atento aos absurdos impostos por quem faz política e está no poder se tornou algo importante e sufocante também.
 
A indignação virou rotina. E também passou a fazer mal para a saúde mental. Não podemos nos desligar, mas sabemos que esperar ou contar com atitudes “pró-povo” acaba sendo apenas “ficar esperando”. Penso e tenho dito que é preciso fazer algo mais como pessoa física. É preciso compartilhar ideias sobre injustiças, ter atitudes reais e tentar amenizar os sofrimentos com sugestões e soluções, mesmo que algumas no campo da troca verbal. Cabeças pensantes buscam algo melhor e maior.
 

"Desejo poder reencontrar o quanto antes o meu público, sentir a energia única do olho no olho e corações a mil, principalmente o meu"

 
 
Esse abismo trágico social é assunto urgente. A educação formal é urgente. O antirracismo é urgente. A Amazônia e os indígenas são questões urgentes. A ajuda a quem precisa é urgente. Participei da campanha da Cufa Mães da Favela, de campanha antirracista em outras redes, participo de forma virtual para contribuição com algumas entidades. Sou diretora vogal da UBC, a União Brasileira dos Compositores, e estamos na força tarefa de arrecadar doações para o fundo Juntos Pela Música, uma parceria da própria UBC com o Spotify. Já foram arrecadados mais de R$ 1,6 milhão, beneficiando mais de mil associados e famílias.
 
Os shows presenciais, de que morro de saudades e são meu grande prazer, não têm data pra voltar. Já fiz minha primeira live aberta ao público. Cantar em um show, mesmo nesse novo esquema, ameniza um pouco a falta do encontro no formato que conhecemos. Foi lindo! Desejo poder reencontrar o quanto antes o meu público, sentir a energia única do olho no olho e corações a mil, principalmente o meu!
 

"O mundo se tornou um grande ponto de interrogação, mas sabemos que, como humanos e inteligentes, nos adaptamos"

 
 
Tem sido uma nova experiência cantar menos e falar mais o que penso. É sobre dar opinião, não é? Esse momento em que o lado intelectual (embora eu não me considere uma, falo de intelecto apenas) está em movimento, tem sido valioso pra mim. Tenho como missão usar a minha voz pra quem não tem. Temos missões, responsabilidades. Acredito muito em transformação e prosperidade.
Tenho falado muito sobre racismo e preconceito, reparação histórica pós-escravidão, sem qualquer indenização. Falo sobre a necessidade das cotas: 354 anos de escravismo, mais 132 anos de uma falsa libertação, geram um atraso sem precedentes. É como ter que dar quase 500 voltas a mais que outro não negro. É não ter herança, é ser despossuído, é viver às margens pela falta de qualquer suporte no pós-abolição.
 
O mundo se tornou um grande ponto de interrogação, mas sabemos que, como humanos e inteligentes, nos adaptamos (muitos hábitos já mudaram, alguns para melhor). E, afinal, chegamos até aqui! Estamos vivendo um novo momento com muitas descobertas e outras ainda estão por vir. Acredito que a valorização do que realmente importa será um ponto alto no pós-pandemia. Que tenhamos saúde, sabedoria e força!

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