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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Falta um Pratto 2015, um Roger Guedes 2018 ou um Jô 2013. Aí sim

Em seus anos de Atlético, Cazares justificou fartamente o codinome Pelezares. Embora tenha tido um técnico a cada seis meses, foi fundamental na equipe


postado em 06/06/2020 04:00 / atualizado em 06/06/2020 09:02

(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A. Press)
(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A. Press)


Em toda a década de 2010, Cazares é o segundo jogador em participação nos 
gols do Atlético, atrás apenas de Luan 
(segundo informa o DataFael)


Faltam um Pratto 2015, um Roger Guedes 2018 ou um Jô 2013. Aí sim

“Um morto por minuto hoje. E querem voltar o futebol”, escreveu o jornalista de O Globo Thales Machado. “Seriam noventa mortos por partida. 45 em cada tempo. E mais quinze no intervalo.” O Brasil é um país estranho. Comove-se com o assassinato de George Floyd mas não se abate com a morte do menino João Pedro, dentro de casa, no Rio de Janeiro, pela Polícia. Houve homenagens diversas e até o Cristo Redentor vestiu-se de Itália quando o Coronavírus fazia cerca de 500 vítimas diárias naquele país. Morrem agora 1.500 no Brasil. Nem parece.

Voltemos, pois, ao futebol. Do Goiás, o Galo trouxe Léo Sena, uma boa promessa. Do Independiente del Valle, veio o equatoriano Alan Franco, jovem destaque do campeão da Sul-Americana. A dupla vem juntar-se a Allan, Nathan e Borrero. O meio-campo, antes desguarnecido, dependia exclusivamente do talento de Cazares. Agora parece ganhar corpo, assim como o setor defensivo – com a chegada de Mailton e Arana para as laterais, além do excelente Rafael. O retorno de Blanco à volância é uma incógnita. Talvez falte ao único Jair que respeitamos um colega na função. De qualquer maneira, habemus uma respeitável meiúca, que assim seja.

Em seus anos de Atlético, Cazares justificou fartamente o codinome Pelezares. Embora tenha tido um técnico a cada seis meses, foi fundamental na equipe de qualquer “professor”, do Oswaldo de Oliveira, ruim “pra trabalho”, até Vagner Mancini, o especialista em rebaixar clubes contratado para salvar o Galo do rebaixamento. Em toda a década de 2010, Cazares é o segundo jogador em participação nos gols do Atlético, atrás apenas de Luan (segundo informa o DataFael), que teve mais tempo de casa que ele.

É uma pena que sua passagem pelo Galo tenha coincidido com o período em que presidentes do clube entendem de futebol assim como um militar especializado em logística entende de medicina e pandemia. No rechaço ao craque que nunca foi mais instável que o próprio time e sua direção, também está embutido o racismo à brasileira – você sabe, “o primo do cunhado do meu genro é mestiço, racismo não existe, comigo não tem disso”.

Ainda assim, Cazares não se ajuda. Descompromissado com a própria carreira, foi flagrado batendo uma pelada (com Otero) durante o período em que deveria estar em quarentena. Agora, sabe-se que promoveu três festas nas últimas semanas, motivo pelo qual terá de pagar multa pesada à Prefeitura de Lagoa Santa por descumprimento de um decreto para impedir a disseminação da pandemia. É a nossa Pugliese: único do elenco a testar positivo para Covid-19, colocou em risco a vida de terceiros, se é que não morreu ou venha a morrer alguém que possa eventualmente ter sido contaminado por sua ignorância e desprezo pelo outro. Cazares não é menino, tem 28 anos. Podia ter chegado a um Barcelona ou Real Madrid. Mas, como Neymar, terá “saudades do que a gente não viveu ainda”. Em suma, jogue suas mãos para o céu se acaso vier um Scarpa em seu lugar.

Pois bem, apenas o ataque de Sampaoli segue carecendo de um incremento básico. Tem Savarino, Marquinhos e Tardelli, potenciais titulares, além de Otero, Hyoran e Bruno Silva. Pode dar jogo, mas imagine se nessa panela houvesse um Pratto versão 2015, um Roger Guedes safra 2018, um Jô 2013. Aí sim, já poderia voltar o futebol.

Para tanto, tenho uma sugestão: que se faça um minuto de silêncio a cada minuto de jogo jogado. Já que ninguém liga, ficaria assim registrada a homenagem a todo brasileiro vitimado pelo coronavírus durante a partida e o intervalo. Os times entrariam em campo carregando uma faixa com os dizeres do Grande Líder: “A gente lamenta todos os mortos, mas é o destino de todo mundo”.

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