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Estado de Minas EMPODERAMENTO

Luta contra a sexualização da mulher marca ginástica artística na Olimpíada

Uniforme usado pelas atletas alemãs para cobrir o corpo em Tóquio faz parte de movimento mundial contra a objetificação das competidoras


26/07/2021 13:59 - atualizado 27/07/2021 08:09

A ginasta Pauline Schaefer-Betz, da Alemanha, competiu usando uniforme que cobre o corpo na Olimpíada de Tóquio
A ginasta Pauline Schaefer-Betz, da Alemanha, competiu usando uniforme que cobre o corpo na Olimpíada de Tóquio (foto: Lionel BONAVENTURE / AFP)

Em um momento que o mundo dos esportes vem sendo abalado com o surgimento de denúncias de abuso sexual em diversas modalidades, questionar o uniforme das mulheres em competições tem ganhado relevância ainda maior nesta edição dos Jogos Olímpicos, no Japão. E a apresentação da equipe alemã de ginástica artística foi um momento marcante desta edição da Olimpíada.

Não há nada nas regras da Federação Internacional de Ginástica que impeça uma atleta de usar um uniforme que cubra o corpo, o que permitiu ao time feminino de ginástica artística da Alemanha trocar o collant por um macacão ao se apresentar nas classificatórias da modalidade, domingo (25/7).

O movimento pelo direito de decidir o modelo de uniforme surgiu no Campeonato Europeu, em abril deste ano, e foi liderado por Sarah Voss. A atitude teve como objetivo principal marcar o posicionamento da atleta contra a sexualização e objetificação da mulher na ginástica artística e dar exemplo para as gerações mais novas, lutando pelo poder de escolha de se sentirem confortáveis em seus uniformes.
 


Segundo publicação de Sarah nas redes sociais, onde lançou a #itsmychoice (é minha escolha, em português), ela declara: "Foi particularmente importante para nós dar o exemplo com a nossa aparência, para encorajar outras mulheres e especialmente as atletas mais jovens a usar o que elas se sentem mais confortáveis! Este pode ser o amado collant curto ou o traje longo".

O posicionamento ganhou nova repercussão nesta edição dos Jogos Olímpicos, no Japão, competição de alcance ainda mais expressivo internacionalmente. As alemãs fizeram suas apresentações usando um uniforme vermelho e branco cobrindo as pernas e gerou aprovação no mundo dos esportes.

Histórico de luta contra a sexualização

A luta contra a sexualização da mulher no esporte vai além da ginástica. No campeonato mundial de handebol de praia de 2021, a equipe feminina da Noruega foi multada em 1.500 euros pela infração de estarem usando shorts no lugar do tradicional biquíni. A Federação Europeia de Handebol (EHF) considerou o uniforme "impróprio". Mas após ampla repercussão do caso, a Federação estuda a alteração da regra no esporte.

 Outras modalidades, como o vôlei de praia, também colecionam reclamações sobre o biquíni, que seriam tidos como mais adequados para esportes no calor e facilitar a locomoção. Entretanto, a explicação não se justifica, uma vez que os uniformes masculinos nunca foram questionados por interferir na performance dos atletas. Já na perspectiva feminina, ao terem que ajustar o uniforme, as atletas podem se sentir constrangidas e levá-las a se desconcentrar, afetando o desempenho.

Todas estas manifestações levantam reflexões sobre como a sociedade pautada pelo pensamento patriarcal afeta a escolha de uniformes em competições femininas, onde o foco atualmente é mais voltado para a estética do que para o conforto e desempenho das competidoras.

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